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Textor suspende compra de acções da Benfica SAD após dúvidas do clube (e Vieira diz que não recebeu a carta)

Estela Silva / Lusa

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira

O empresário norte-americano John Textor anunciou que suspendeu o acordo com José António dos Santos, o “Rei dos Frangos”, para a compra de 25% das acções da SAD do Benfica, até à realização das eleições do clube. Isto depois das dúvidas manifestadas pelo clube numa carta que Luís Filipe Vieira diz que nunca recebeu.

“Eu e o sr. Santos acordámos, previamente, suspender a nossa relação contratual até os sócios do Benfica confirmarem a sua escolha para a liderança [do clube]”, aponta Textor numa publicação no Twitter, onde começa por negar uma notícia que apareceu no jornal A Bola.

O desportivo deu conta de uma informação divulgada pelo Correio da Manhã que indicava que Textor “pagou uma segunda tranche de um milhão de euros a José António dos Santos”, para garantir 25% das acções e dos direitos de voto da Benfica SAD.

Esta posição de Textor surge depois de o Benfica ter considerado insuficientes os elementos que Luís Filipe Vieira apresentou para decidir se quer exercer o direito de preferência sobre as acções do antigo presidente.

“Constatamos que não foram comunicadas informações essenciais e necessárias sobre os termos e condições contratuais relevantes, designadamente, a identidade do potencial comprador, o(s) prazo(s) e condições de pagamento do preço, e eventuais condições adicionais que se mostrem relevantes no contexto do negócio”, aponta o comunicado enviado pela Benfica SAD à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O Benfica revelou, a 7 de Setembro, que o antigo presidente do clube da Luz lhe dirigiu uma comunicação para exercer o direito de preferência sobre 3,28% das acções da SAD de que Luís Filipe Vieira é proprietário, na sequência de uma proposta de venda no valor de 7,80 euros por cada um dos 753.615 títulos, correspondendo a um valor global de quase 5,9 milhões de euros (5.878.197 euros).

A direcção das águias, que é agora encabeçada por Rui Costa, salienta ainda que “estando em preparação um acto eleitoral, agendado para o dia 9 de Outubro, na sequência da demissão dos membros da direcção em funções”, uma comunicação para o exercício do direito de preferência sobre as acções deveria ser comunicada só depois do sufrágio, para ser “analisada pela nova direcção, em tempo adequado após início das suas funções”.

Uma ideia que visa proteger “os superiores interesses do Sport Lisboa e Benfica”, aponta ainda a direcção da Luz que fez saber que enviou uma carta a Luís Filipe Vieira, pedindo mais dados sobre o comprador das suas acções e apelando a que adiasse essa venda.

Onde está a carta? Pergunta Vieira

Entretanto, uma fonte próxima de Luís Filipe Vieira assegura, em declarações à TSF, que o ex-presidente da Luz nunca recebeu essa carta.

Além disso, esta fonte critica os actuais dirigentes do clube, considerando que é “significativo que Luís Filipe Vieira tenha identificado a identidade e condições do negócio à CMVM há mais de uma semana e, ainda assim, não existiram fugas de informação“, ao passo que do lado do clube, “a comunicação social recebe primeiro as comunicações do Benfica, antes dos advogados e do próprio Luís Filipe Vieira”.

Esta figura próxima do ex-presidente encarnado também nota que, “sob pena de complicar a sua situação, a comunicação tem de lhe ser dirigida“, no caso de a SAD do Benfica pretender, “efectivamente, a sua cooperação”.

A fonte citada pela TSF assegura ainda que “a preocupação de Luís Filipe Vieira com os interesses do Benfica é total”, mas alerta que o ex-dirigente não pode interferir “nos direitos de terceiros“.

Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos no início de Julho numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, a SAD do Benfica e o Novo Banco.

O ex-presidente do Benfica está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.

Vieira acabou por apresentar a sua demissão da presidência do Benfica no seguimento do processo judicial, sendo substituído por Rui Costa, até então vice-presidente do clube e ex-administrador da SAD.

Em Julho, a SAD encarnada informou que José António dos Santos e as suas empresas detêm um total de 23,1061% das acções, salvaguardando o direito de preferência sobre as acções de Vieira que são representativas de 3,28% do capital social.

A maioria do capital da SAD do Benfica (63,65%) está na posse do clube (40%) e da Benfica SGPS (23,65%).

ZAP // Lusa

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