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Tenho sintomas e não encontro um teste. Vou trabalhar?

Ina Fassbender / AFP

Pessoas que trabalharam em serviços essenciais passam por situações complicadas e não encontram um desfecho consensual.

Há uma segunda pandemia relacionada com o coronavírus, nos Estados Unidos da América. Relacionada com a própria COVID-19, apareceu a pandemia chamada “testes esgotados”. Desde Dezembro que milhões de norte-americanos procuram testes rápidos, procuram marcar teste em farmácias… Mas não há lugar para todos.

A escassez de testes à doença até já originou mudanças de rumo em alguns estabelecimentos: empresas que vendem consolas de jogo agora também vendem esses testes rápidos e uma empresa de tele-medicina, dedicada à disfunção eréctil e à queda de cabelo, começou igualmente a vender testes.

Sobretudo desde que a variante Ómicron chegou aos EUA, muitas das pessoas que procuram testes estão à procura de testagem porque sentem sintomas.

E o dilema aumenta quando estão em causa profissionais de serviços essenciais, que não deixam de trabalhar (e não conseguem trabalhar em casa).

Não há testes disponíveis, o empregador não disponibiliza testes…e há sintomas. Deverá sair de casa para trabalhar?

Se não for trabalhar, pode ser prejudicado no emprego e no salário – caso não apresente teste positivo; se for trabalhar, arrisca-se a contagiar outras pessoas involuntariamente.

E há uma disparidade preocupante, avisam os responsáveis nacionais: as pessoas que mais precisam de ter testes rápidos em casa são aquelas que não os têm.

A National Public Radio falou com Alejandra Felix, que tossia e tinha dores na garganta. Suspeitou que poderia ter sido infectada pelo coronavírus e, logicamente, não quis ir trabalhar sem realizar um teste antes.

Entrou no carro, procurou testes durante a manhã toda em várias cidades. Zero. Pela internet? Nada. Pelo telefone? Ninguém atendeu. Marcar teste em farmácia ou laboratório, para o próprio dia, também não era possível.

E agora? Ficar sem trabalhar durante uma semana significa perder até 700 euros. “Preciso do dinheiro para pagar contas. Fiquei desesperada porque tive de cancelar o meu trabalho para a semana toda”, relatou Alejandra, que optou por não ir trabalhar, mesmo antes de confirmar o que tinha.

clínicas pequenas, locais, que estão a tentar amenizar a escassez de testes, fornecendo testes a comunidades locais, especialmente imigrantes e profissionais de serviços essenciais, que estão mais sujeitos ao risco de contágio.

No entanto, estes serviços a nível local só conseguem testar no máximo 60 pessoas por dia – há laboratórios que conseguem chegar aos 1.000 testes por dia.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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