Tender, a suspeita “omnipresente” que o Chega tentou colocar na presidência da AR

Deputada do Chega, quando estava no PSD, conseguiu estar na Câmara de Chaves e na Assembleia da República no mesmo dia. Seis vezes.

José Pedro Aguiar-Branco não foi eleito à primeira (nem à segunda, nem à terceira) tentativa, para presidente da Assembleia da República; e, horas depois, o Chega apresentou uma alternativa: Manuela Tender.

A deputada estreante pelo Chega não é estreante no Parlamento, onde já representou o PSD. É uma das ex-sociais democratas que passaram a ser do Chega.

Em Novembro de 2018 surgiu uma polémica relacionada directamente com Manuela Tender.

Classificada como “turbodeputada” pelo jornal Correio da Manhã, a deputada marcou presença numa sessão no Parlamento.

As dúvidas surgiram porque, no mesmo dia, Tender também esteve numa reunião da Câmara Municipal de Chaves, onde era vereadora sem pelouro.

E não aconteceu apenas uma vez. Essa dupla presença verificou-se em seis dias, entre Novembro de 2017 e Setembro de 2018.

De manhã em Chaves, de tarde em Lisboa. Ou seja, supostamente Manuela Tender conseguia sair de Chaves às 13h (hora do fim da reunião camarária) e chegar a Lisboa às 15h, quando começavam as sessões no Parlamento.

Mas uma viagem entre Chaves e Lisboa demora cerca de 4 horas.

Na altura, Manuela Tender garantiu que nunca pediu para marcarem presença por ela. Até porque ninguém tinha acesso à sua palavra-passe. E sugeriu que às vezes ia num voo particular.

A deputada está fora do PSD desde Janeiro de 2020 – tinha sido afastada das listas para as eleições legislativas de 2019. No ano seguinte passou a ser militante do Chega; à segunda tentativa em Vila Real, foi eleita.

Quando se soube que Manuela Tender seria candidata à presidência da Assembleia da República, nesta terça-feira, na rádio Observador reagiu-se com ironia: “Ah, a omnipresente”.