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Temido, a nova militante do PS, foi a protagonista do primeiro dia do Congresso

António Pedro Santos / Lusa

O secretário-geral do PS, António Costa, entrega à ministra da Saúde, Marta Temido, o cartão de militante do partido

A ministra da Saúde foi, este sábado, a protagonista improvável do primeiro dia do Congresso do PS, que está a decorrer no Portimão Arena, no Algarve.

Governante na linha da frente do combate à pandemia da covid-19, Marta Temido centrou o discurso nas lições aprendidas neste últimos tempos e nos desafios do Serviço Nacional da Saúde (SNS) para o futuro.

A ministra da Saúde revelou que António Arnaut, um dos fundadores do SNS, lhe disse que “estaria atento e vigilante quanto aquilo que se fosse fazendo”, tendo admitido que foi ele uma das razões para agora aderir ao PS.

Para a governante, o SNS continua hoje a ser “um dos principais instrumentos de combate às desigualdades e que superou tantas provas difíceis“.

Mas das lições extraídas da pandemia sai um repto: “Essa responsabilidade [perante o SNS] só será verdadeiramente honrada se formos capazes de aprender com o que esta crise nos tem ensinado. Se formos capazes de fazer mais e, sobretudo, de fazer melhor”.

Investir na saúde é também investir “na educação, na habitação, nos transportes públicos, no trabalho justo, no ambiente e na sociedade digital”, prosseguiu Temido.

“A força de trabalho em que o SNS se sustenta é mesmo a chave do seu desempenho”, sublinhou a ministra, destacando os 1,3 mil milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinados ao investimento na saúde.

“É por isso que acredito na moção política do secretário-geral do PS. Não propõe apenas regressar ao ponto em que estávamos em 2020 ou em que estávamos antes da pandemia. Desafia-nos a ir mais longe“, declarou, citada pelo jornal Público.

No início do seu discurso, Marta Temido também deixou um agradecimento aos “aliados naturais” do SNS, as autarquias, pela proximidade com as populações na criação de “iniciativas de promoção da saúde e de prevenção da doença”.

Através de uma crítica à direita, a ministra questionou ainda onde estaria a resposta à crise pandémica, onde estaria a campanha de vacinação, “onde estariam, apesar de todas as dificuldades, os cuidados de saúde primários para todos, como médicos de família”, se a saúde estivesse entregue a um modelo de gestão privada e assente em seguros.

Por isso, sustentou, é “importante agarrar com as duas mãos, aproveitar inteiramente, cada uma das oportunidades de melhoria”.

No final do seu discurso, a ministra foi aplaudida de pé, tendo sido protagonista de uma das maiores ovações do primeiro dia desta 23.ª reunião magna do Partido Socialista.

Depois, o presidente socialista, Carlos César, anunciou que o seria o próprio secretário-geral e chefe do Governo do qual Marta Temido faz parte a entregar-lhe o cartão que ‘carimba’ a militância no partido.

Visivelmente satisfeita, a mais recente adição à família socialista mostrou à plateia de congressistas o cartão de militante, título que considerou ser “uma honra” e também “uma responsabilidade”.

Este sábado, numa entrevista ao jornal online Observador, António Costa admitiu que foi ele quem convidou Temido para aderir ao PS e considerou que a ministra também pode ser sua sucessora.

“Sim, pode ser sucessora, pode. Daqui a dois anos já tem tempo de militância suficiente para concorrer a líder do PS”, declarou, destacando que a governante “tem sido, como ministra da Saúde, o comandante supremo deste combate à pandemia”.

“É normal que o partido, como o conjunto da sociedade, reconheça o trabalho extraordinário que tem feito. Quando a convidei, e quando aceitou ser ministra da Saúde, não lhe passava pela cabeça o destino que a esperava. E a verdade é que o enfrentou, e com grande sucesso. A admiração do PS – que acho que é partilhada pela generalidade da sociedade portuguesa – é muito clara. E foi uma forma de homenagear o trabalho de uma ministra que teve condições excecionais nestes dois anos de mandato”, acrescentou.

Este domingo, à chegada ao Congresso, a ministra foi questionada sobre uma eventual candidatura à liderança do PS, tendo respondido que o “futuro é uma coisa que é sempre muito ampla” e “nunca se sabe” o que pode acontecer.

Contudo, rejeitou que tal cenário se coloque daqui a dois anos, porque, sustentou, é “uma militante recente” e, neste momento, está concentrada “em trabalhar”.

Além disso, o PS tem “um líder do partido” em António Costa e o primeiro dia de congresso mostrou que o PS “tem um futuro cheio de possíveis soluções, com muitos jovens, com muitas ideias”.

O XXIII Congresso do PS está a decorrer este fim-de-semana, nos dias 28 e 29 de agosto, na Portimão Arena, no Algarve.

ZAP // Lusa

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