“Tem medo”. Albuquerque não quer falar sobre os incêndios no Parlamento

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Manuel de Almeida / Lusa

O Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque

O Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque

Presidente do Governo da Madeira não vai à comissão de inquérito e promete “esclarecer cabalmente como é que os incêndios foram tecnicamente combatidos” por escrito. “Tem medo do Parlamento e da verdade” acusa o JPP.

O presidente do Governo da Madeira (PSD), Miguel Albuquerque, disse esta terça-feira que vai responder por escrito na audição parlamentar requerida pelo JPP sobre o incêndio que lavrou no mês de agosto na ilha, sublinhando que “tudo será esclarecido”.

“Eu vou fazer a resposta nos termos do regimento [do parlamento regional], como sempre respondi, que é por escrito. Como é habitual nas comissões, a prerrogativa do presidente do governo é responder por escrito, portanto vou responder por escrito, como fiz nas outras comissões”, explicou aos jornalistas no Funchal.

O chefe do executivo afirmou que ao responder por escrito não está a “fugir ao confronto”, mas apenas a cumprir o “disposto na lei e nos regulamentos”, e sublinhou que o seu executivo vai “esclarecer cabalmente como é que os incêndios foram tecnicamente combatidos”.

O requerimento para a audição de Miguel Albuquerque e também do secretário da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, bem como do presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, António Nunes, é da autoria do JPP e foi aprovado em comissão parlamentar com os votos favoráveis do proponente (dois votos), outros dois do PS, um do CDS-PP e a abstenção dos quatro deputados do PSD.

O JPP argumenta que “Miguel Albuquerque e Pedro Ramos têm de ser responsabilizados” do ponto de vista político e também “pelo elevado grau de negligência, pelo desnorte patenteado e pela ausência de decisões atempadas, que colocaram em sério risco a vida de populações e animais”.

“Miguel Albuquerque tem medo do Parlamento e da verdade” acusou esta terça-feira o secretário-geral do Juntos Pelo Povo (JPP).

“Já nada o surpreende em Miguel Albuquerque. Está com medo de ir à Assembleia, por que razão? Será por saber que cometeu erros graves, apesar de continuar a vender a ‘estratégia de sucesso’ enquanto dezenas de famílias, apavoradas e em sofrimento, passaram noites e dias sem dormir e ele refestelava-se no bem-bom, no areal do Porto Santo?”, questionou Élvio Sousa.

A audição parlamentar ainda não foi agendada, mas Miguel Albuquerque manifesta-se disponível para prestar todos os esclarecimentos e critica os partidos da oposição, nomeadamente o PS, por utilizarem os incêndios para “fazer chicana política”.

“Eu acho que esta é uma questão séria, que deve ser tratada com seriedade, ninguém quer fugir a nada. Agora, isto não é o circo. Nós estamos a falar de profissionais, de brio profissional, de competência e, sobretudo, de organização técnica”, disse, para logo reforçar: “Os incêndios não se combatem com demagogias, combatem-se com pessoas habilitadas, formadas para fazê-lo.”

O chefe do executivo minoritário social-democrata disse ainda que não vai “pôr em causa profissionais competentes”, com um importante currículo ao serviço do arquipélago, por razões de “chicana política”.

“As pessoas não passam de bestiais a bestas em dois minutos por razões políticas”, declarou.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava “totalmente extinto”.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.

Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.

O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. «…Percebe-se politicamente a hostilização das Festas de Cultura Popular Madeirense, fim do ano, arraiais das Paróquias, etc. Pretexto: os “foguetes” – sempre houve – mesmo os legalmente controlados. Assim, disfarça-se estruturas de socorrismo erradas, pesadas, burocráticas, pessoal a rever.
    Lembram-se de, no Funchal, olharem para as serras e de vê-las castanhas nalguns pontos mais altos? Lembram-se do que era a sucessão de perigosas “quebradas”, por vezes mortíferas, porque o gado devastara e comera a vegetação e raízes que sustinham os terrenos? Sabem que com o gado nas serras, não foram poucos os incêndios ao longo de muitos anos. Lembram-se que tudo isto, o gado nas serras, lá ia servindo para uns convívios agradáveis, também grandes e frequentes patuscadas e algum insignificante contributo para pequenas economias familiares.
    O Povo recorda-se da grande movimentação cívica e científica para que o gado fosse retirado das serras, ao que os meus Governos corresponderam. Porquê, agora, toda esta “propaganda”montada, de regresso à “Madeira Velha”?!… Mas já que estamos em tempo de apuramento do que se passou, cá fica também algo que tem de ser considerado…» – Alberto João Jardim

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