Centristas querem que comissão de inquérito a Tancos “apure tudo” – do funcionamento do ministério à articulação das forças policiais e militares. Texto que propõe a criação da comissão de inquérito a Tancos já foi entregue.
A já anunciada proposta para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito avançou mesmo mas os democratas-cristãos não pretendem ficar apenas pelo esclarecimento do que se passou dentro dos paióis de Tancos na noite de 27 para 28 de junho de 2017.
O CDS afirma pretender “apurar tudo sobre o caso de Tancos” e o texto entregue na Assembleia da República quer tornar a ação da comissão mais abrangente propondo-se a identificar e avaliar “os factos”, “os atos” e as “omissões do Governo” que se relacionem “direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos”.
O partido liderado por Assunção Cristas quer “apurar as responsabilidades políticas daí recorrentes” para, segundo o Observador, pressionar o Governo.
O documento acrescenta ainda que devem ser feitas avaliações das “formas de articulação entre as Forças e Serviços de Segurança e órgãos de polícia criminal, com tutelas dispersas em vários ministérios”.
Segundo o Expresso, o CDS tem insistido na necessidade de retirar consequências políticas não só do roubo mas também das contradições e explicações que foram surgindo ao longo do último ano. O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, chamado repetidamente pelo CDS para explicar o caso, chegou a afirmar que, “no limite, pode não ter havido roubo”.
Ao mesmo tempo que decorre uma investigação do Ministério Público ao caso de Tancos, os centristas justificam a criação de uma comissão de inquérito através da necessidade de se apurar as responsabilidades políticas.
Porém, o facto de já existir uma investigação a cargo do Ministério Público poderá limitar a ação da comissão de inquérito, encontrando-se algumas matérias do caso Tancos sob segredo de Justiça.
Os democratas-cristãos querem “uma reflexão e avaliação sobre o funcionamento do Ministério da Defesa Nacional” e das “formas de articulação entre as Forças Armadas e as diversas Forças e Serviços de Segurança e órgãos de polícia criminal, com tutelas dispersas em vários Ministérios”.
“Apurar quem falhou nas medidas de segurança, por que é que estes falharam, e as razões da gestão de todo este processo cabe primeiramente ao Exército e ao ministro da tutela desvendar e definitivamente ao Parlamento apurar”, lê-se no documento.
O CDS acrescenta ainda que “o país continua sem perceber o que o Governo não sabe – e devia saber – porque não quis saber; bem como o que o Governo não sabe porque lhe foi ocultado”.
No documento entregue esta amanhã na Assembleia da República, o CDS recordou ainda que o assalto de Tancos foi “o maior assalto a armamento militar deste século no continente europeu” e relembrou ainda o recente roubo de pistolas Glock da direção nacional da PSP.
Posições no Parlamento
Segundo o Expresso, o Partido Socialista apressou-se a garantir a viabilização do inquérito por ter o hábito de não se opor a investigações parlamentares e também, segundo Carlos César, presidente do e líder parlamentar do PS, se sentir “tranquilo com a atuação do Governo neste caso”.
O PCP também já garantiu a viabilização do inquérito e o PSD prometeu ponderar sobre o assunto e a utilidade de uma comissão nesta altura.
Contra a criação deste inquérito parlamentar está o Bloco de Esquerda que considerou uma “brincadeira política” inoportuna, pois o Ministério Público encontra-se a investigar o caso.