O Movimento dos Talibãs do Paquistão, ou Tehreek-e-Taliban Pakistan, que reivindicou o ataque desta terça-feira a uma escola em Peshawar, é o maior grupo extremista do país e o mesmo que tentou assassinar a jovem Malala Yousafzai.
Formado em 2007, o movimento reúne uma série de grupos extremistas das zonas tribais do noroeste do Paquistão, junto à fronteira com o Afeganistão, e trava uma “guerra santa” contra o governo de Islamabad pela aliança que forjou com os Estados Unidos para combater o terrorismo na região.
O ataque contra a Escola Militar Pública de Peshawar, em que morreram pelo menos 130 pessoas, na maioria crianças, foi justificado como uma retaliação por uma vasta operação militar em curso desde junho naquelas regiões, refúgio principal dos grupos extremistas desde o fim do regime talibã do Afeganistão, em 2001.
A 09 de outubro de 2012, militantes do TTP intercetaram um autocarro escolar onde seguia Malala Yousafzai, então com 15 anos, e balearam-na na cabeça por defender o direito das raparigas à educação e contestar a imposição da lei islâmica.
A jovem sobreviveu e, em 2014, foi distinguida com o prémio Nobel da Paz.
O TTP foi sempre liderado por membros da tribo Mehsud até à morte de Hakimullah Mehsud, em novembro de 2013, morto por um avião não-tripulado (‘drone’) norte-americano e substituído na liderança pelo ‘mullah’ Fazlullah.
O Governo paquistanês criticou o ataque, ocorrido numa altura em que tentava iniciar um processo de paz com os talibãs.
Mas, em meados de junho, perante o fracasso das conversações e a pressão dos Estados Unidos face à proximidade da retirada das tropas de combate da NATO do Afeganistão, o exército lançou uma ofensiva contra as zonas tribais do Waziristão do Norte que, segundo fontes oficiais, já fez mais de mil mortos.
Sob a liderança de Fazullah, o TTP parece ter enfraquecido e vários dos seus membros desertaram. Em maio, um dos seus principais comandantes, Khan Said Sajna, abandonou o movimento e, em setembro, um grupo de combatentes da zona tribal de Mohmand anunciou a formação de uma fação dissidente, Jamaat el-Ahrar.
Por outro lado, a projeção do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, que controla partes do Iraque e da Síria, criou divergências no TTP, que em outubro anunciou o afastamento do seu porta-voz de longa data, Shadidullah Shahid, por ter manifestado o seu apoio ao Estado Islâmico, contrariando a lealdade histórica do movimento ao líder dos talibãs afegãos, o ‘mullah’ Omar.
/Lusa