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Sudão. Junta militar e civis assinam acordo de partilha de poder

Marwan Ali / EPA

A junta militar do Sudão assinou um acordo com os líderes da contestação para a partilha de poder. Depois de demoradas conversações, está a ser estudada uma declaração constitucional.

Desde a queda do presidente Omar al-Bashir, em abril, o Sudão está num impasse político. No entanto, após semanas de negociações, a junta militar e os civis parecem ter chegado a um entendimento para controlar o poder no país. O documento foi assinado esta quarta-feira.

Hoje, concordámos com a declaração política“, disse à AFP Ibrahim al-Amin, um dos líderes da contestação. “Para o documento constitucional, vamos retomar as negociações na sexta-feira”, acrescentou, citado pelo Diário de Notícias.

O acordo de 22 cláusulas definiu um conselho soberano militar-civil com 11 membros que irá governar durante três anos, sendo realizadas eleições após esse período. A estação de televisão Al Jazeera teve acesso ao documento e explica que o conselho será composto por seis líderes civis e cinco soldados. Durante os primeiros 21 meses será um general a liderar o conselho. Nos restantes 18 meses será um civil que ocupará o cargo.

O grupo da contestação civil está encarregue de nomear 20 ministros, excluindo o ministro do Interior e o ministro da Defesa, que serão nomeados pelos soldados.

“O documento político não menciona os papéis que o conselho soberano e o governo não ter — isso será definido na declaração constitucional, que será o núcleo do acordo de transição”, explicou a especialista Hiba Morgan.

Há ainda um impasse nas negociações, já que a junta militar pede imunidade para os membros do conselho soberano e executivo. Em contrapartida, os líderes da contestação não parecem muito favoráveis a aceitar essa proposta, já que grande partes dos civis exige justiça. A junta militar pede imunidade já que muitos soldados correm o risco de ser julgados por violência contra manifestantes.

Recusamos a imunidade absoluta que os governantes militares pediram“, disse Ismail al-Taj, porta-voz da Associação de Profissionais do Sudão.

Em relação ao acordo, o chefe-adjunto da junta militar, Mohamed Hamdan Dagalo, disse que era “um momento histórico” para o Sudão. O líder da oposição al-Amin partilha da opinião e diz que “este documento é fruto dos esforços do povo sudanês”.

ZAP //

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