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Sporting 2-2 FC Porto | “Clássico” dá empate, mas com emoção

EMPATE. Foi assim que terminou o “clássico” número 173 no campeonato entre “leões” e “dragões”. Na noite deste sábado, num duelo relativo à quarta jornada da Liga NOS, Sporting e FC Porto empataram a dois golos.

Os anfitriões abriram a contagem, por intermédio de Nuno Santos, os campeões nacionais deram a volta ao texto graças aos tentos de Uribe e Corona, e já à beira do apito final, Vietto decretou o resultado final.

Com este desfecho, os comandados de Rúben Amorim passaram a ter sete pontos – e menos um jogo, diante do Gil Vicente, que vai decorrer no final deste mês –, por sua vez, os “azuis-e-brancos” somam os mesmos sete pontos, mas com mais um jogo realizado e poderão ver o Benfica contabilizar mais cinco caso a equipa da Luz vença neste domingo na deslocação ao reduto do Rio Ave.

O FC porto voltou a perder pontos num “clássico” após ter vencido os quatro que fez na época passada na Liga. O Sporting voltou a pontuar, depois de seis derrotas consecutivas na Liga ante os outros “grandes”.

O jogo explicado em números

  • Ao contrário daquilo que chegou a ser aventado pela Imprensa desportiva, Matheus Nunes continuou a merecer a confiança de Rúben Amorim. O jovem médio teve a companhia do “estreante” João Palhinha na zona central do meio-campo, fazendo com que Pedro Gonçalves fosse fazer companhia ao trio de ataque. Relativamente ao “onze” que saiu com um triunfo na última jornada de Portimão, Vietto e Tiago Tomás não foram opção de início, entrando além de Palhinha, Jovane Cabral, que recuperou de lesão.
  • No onze “azul-e-branco”, Sérgio Conceição promoveu três alterações se tivermos como ponto de comparação o desaire na recepção ao Marítimo. Diogo Costa (opção), Alex Telles e Danilo, ambos transferidos para o Manchester City e PSG, respectivamente, foram substituídos por Marchesín, Zaidu e Uribe.
  • Aos 52 segundos, Adán brilhou e negou o 1-0 para os “dragões”. Na sequência de um livre lateral, o guardião voou e defendeu o toque de Pepe após livre “venenoso” marcado por Sérgio Oliveira. O Sporting respondeu com um cruzamento de Nuno Santos que foi cortado por Pepe, mas nesta fase inicial o ascendente era dos visitantes, com 62% da posse de bola.
  • O golo surgiria pouco depois, ao minuto nove, por intermédio de Nuno Santos, que aproveitou um alívio mal feito por Zaidu para encher o pé esquerdo e desferir um “míssil” que o guarda-redes desta feita não conseguiu defender. Estava inaugurado o marcador.
  • Num arranque de jogo a todo o gás, os campeões retorquiram: aos 13 minutos, Corona assistiu, mas Uribe, já nas imediações da área leonina, cabeceou por cima da baliza contrária. Oito minutos volvidos, Luis Díaz, sobre o lado esquerdo, tirou Palhinha, Neto e Coates do seu raio de acção e valeu ao Sporting a rapidez de Adán, impedindo que a bola chegasse a Marega. Neste período inicial, muitas dificuldades do “novato” Zaidu para conter a dupla de “Pedros”: Porro e Gonçalves.
  • À quarta tentativa, o FC Porto enquadrou um remate e empatou. Marcava o relógio 25 minutos quando Zaidu subiu no terreno, centrou com precisão e Uribe, qual factor surpresa entre Feddal e Coates, atirou de primeira e carimbou o 1-1. Ao cabo de três jogos, foi o primeiro golo sofrido pelos “leões” na Liga.
  • Após o empate, o ritmo do “clássico” baixou consideravelmente. O Sporting tentava acalmar os ímpetos, circulando a bola com mais critério e paciência, por sua vez Luis Díaz (33′) tentava acabar com a monotonia assumindo o “risco” em iniciativas de um-contra-um. A realçar, ainda, uma má recepção de Pedro Gonçalves (38′), que após diagonal da direita para a zona central, não conseguiu dominar a preceito e permitiu a defesa de Marchesín.

António Cotrim / Lusa

  • Se Pedro Gonçalves não conseguiu rematar de forma certeira, na sequência de um canto, um contra-ataque gizado por Luis Díaz terminou no golo do 1-2, finalizado de forma superlativa por Corona, que não tremeu e assinou a “remontada” do conjunto da Invicta.
  • Porém, a primeira parte não terminava aqui. Já em período de descontos, Pedro Gonçalves desmarcou-se, fugiu à marcação de Zaidu e, já dentro da área, foi derrubado pelo lateral-esquerdo. Numa primeira instância, o árbitro Luís Godinho assinalou grande penalidade e expulsou Zaidu por acumulação de amarelos. Porém, após ter consultado o VAR, o juiz mudou de decisão, não considerou que houve acção faltos do nigeriano, retirou o cartão e expulsou, por protestos, Rúben Amorim. Num final de loucos, os “dragões” conseguiam chegar ao descanso em vantagem.
  • Muita emoção na primeira parte do “clássico”, com três golos, algumas desatenções e momentos de excelente recorte técnico. O Sporting abriu a contagem com um golaço de Nuno Santos, mas os campeões nacionais puxaram dos galões e conseguiram dar a volta ao texto, primeiro através de Uribe e, já a fechar, por intermédio de Corona, que puxou da “varinha mágica”. Verdadeiro “espalha brasas”, Luis Díaz foi figura de destaque na primeira metade da partida, amealhando dois remates, uma assistência, um passe para finalização, apenas um drible falhado em seis tentados e oito acções com a bola dentro da área adversária. O colombiano foi ainda importante sempre que a equipa defendia, alcançando cinco recuperações de posse, o máximo neste período. Por tudo isto, teve um GoalPoint Rating de 7.6.
  • Mais dinâmico e criterioso a circular a bola, o emblema anfitrião ameaçou em duas ocasiões – 48’ e 53’ –, mas os remates de Pedro Gonçalves foram neutralizados pela defensiva contrária. Do outro lado, Neto falhou o passe e, por muito pouco, Corona (54’) não aproveitou o brinde para dilatar a vantagem e bisar. Os dois treinadores não demoraram muito mais tempo e começaram a mexer nos respectivos xadrezes, primeiro o desinspirado Jovane foi trocado por Vietto (56′), assim como Neto e Nuno Santos, substituídos por Gonzalo Plato e Tiago Tomás, e seguiram-se as entradas de Toni Martínez e de Felipe Anderson para as vagas de Marega e de Luis Díaz.
  • Aos 68 minutos, os números diziam que o Sporting tinha oito remates – três feitos na etapa final –, 11 cruzamentos, 43 duelos ganhos, 292 passes trocados (eficácia de 76%) e 59% da posse de bola. Já o FC Porto, além da vantagem no marcador, acumulava também oito tentativas ao alvo – duas nesta segunda metade – oito cruzamentos de bola corrida, 37 duelos ganhos, 187 passes feitos (eficácia de 76%) e 41% da posse de bola.
  • A 15 minutos dos 90, Pedro Gonçalves descobriu Pedro Porro no flanco direito, que rematou e viu a bola passar a escassos centímetros da baliza dos visitantes. Foi o lance mais perigoso gizado pela linha atacante leonina nesta fase final do “clássico”. O que ajuda a explicar um duelo intenso, mas onde a nota artística apenas esteve presente nalguns lances.
  • Quando Sérgio Conceição preparava-se para fechar ainda mais o cofre com a entrada de Loum, chegou o empate aos 87 minutos. Numa jogada de insistência, que nasceu num corte de João Palhinha, a bola chegou a Tiago Tomás que, sobre o flanco direito, cruzou, Sporar, de calcanhar, desviou, Marchesín defendeu e, no ressalto, Vietto não desperdiçou e rematou a contar para o 2-2.
  • Já em período de descontos e na primeira vez que tocou na bola, Taremi por muito pouco não vestiu a pele de herói da noite, mas o remate desferido pelo iraniano saiu ao lado do poste direito da baliza defendida por Adán. Num último assomo, Corona centrou e Romário Baró, com tudo para fazer melhor, falhou o tempo do remate. Foi a última jogada do “clássico”, que segundos depois terminou empatado a dois golos.
  • Nos últimos 14 duelos oficiais entre os dois conjuntos, houve registo para dois triunfos leoninos, seis dos “dragões” e outros seis empates. Olhando apenas para o campeonato, com o “score” deste sábado, o Sporting passou a somar oito encontros sem conseguir derrotar o FC Porto, o último triunfo remonta a 25 de Agosto de 2016, quando então recebeu o conjunto da Invicta e venceu por 2-1.

O melhor em campo GoalPoint

Embora tenha actuado apenas 58 minutos, Luis Díaz acabou por ser o MVP deste “clássico”, com um GoalPoint Rating de 7.7. Dos números do extremo colombiano, convém realçar as 11 acções que contabilizou com a bola dentro da área do Sporting, os sete dribles concluídos com êxito em sete feitos (novo máximo da Liga), seis recuperações de posse, três faltas sofridas, dois remates e a assistência para o golo de Corona. Na segunda época em Portugal, o colombiano volta a começar com tudo e tem características únicas neste plantel portista, é veloz, intenso, imprevisível no um-contra-um e está mais acutilante nas acções defensivas.

Jogadores em foco

  • Zaidu 6.7 – Escolhido para assumir a difícil tarefa de substituir Alex Telles, o nigeriano esteve envolvente em muitos dos lances que marcaram este “clássico”. Começou nervoso, mas paulatinamente foi ganhando confiança. Numa das primeiras vezes que subiu no flanco, aos 25 minutos, cruzou com acerto e ofereceu o 1-1 a Uribe. A par de Pepe e de Pedro Porro, foi o jogador com mais acções com a bola (70), acertou metade dos quatro cruzamentos feitos, o mesmo em relação aos dribles (3/6), fez oito recuperações do esférico, contabilizou dois desarmes, duas intercepções e seis alívios.
  • Uribe 6.5 – À habitual fiabilidade, parece ter acrescentando algo que Sérgio Conceição pediu na pré-época: o golo. Carimbou o empate (1-1), na única tentativa, e teve um longo raio de acção no duplo “pivot” que formou com Sérgio Oliveira. Levou a melhor nos três duelos aéreos defensivos em que interveio e acumulou oito acções defensivas. Como nota negativa, os seis passes de risco falhados.
  • Corona 6.4 – Três remates, um golo, aliás “golão”, com uma finalização digna dos grandes jogadores – expected goals (xG) de 0,8 -, dois passes para finalização, sete acções com a bola no interior da área do Sporting e três dribles realizados com êxito. Eis os dados de mais uma exibição positiva do internacional mexicano.
  • Adán 6.2 – É certo que sofreu dois golos, mas foi sempre um porto seguro para a equipa, com três defesas e duas saídas ao solo eficazes. Percebe-se o porquê de ter “roubado” a titularidade a Luís Maximiano.
  • João Palhinha 5.4 – Demonstrou que poderá ser um elemento imprescindível na zona central do meio-campo na primeira partida oficial que fez esta época. Sempre com a rotação alta, conseguiu estancar muitos ataques do FC Porto – cinco desarmes, duas intercepções e três alívios -, com a bola teve 59 acções e gizou dois passes progressivos certos. De destacar a forma como levou a melhor no duelo com Felipe Anderson e iniciou o lance que culminou com o tento do empate final.
  • João Mário 5.1 – Foram apenas 18 minutos em cena, neste regresso ao Sporting. Falhou o primeiro passe que realizou, acertando os restantes oito, conseguiu três recuperações, um desarme, uma intercepção e demonstrou que será um elemento que irá transmitir serenidade, critério e talento aos “leões”.
  • Felipe Anderson 5.1 – À semelhança de Toni Martínez, estreou-se com as cores “azuis-e-brancas” e actuou ao longo de 35 minutos. Foi ainda a tempo de fazer um passe para finalização, falhou dois dos oito passes que realizou e teve 17 acções com o esférico. No entanto, fica na retina a forma como não conseguiu superar Palhinha numa jogada que terminou com o golo de Vietto.

Resumo

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