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“Contra tudo e contra todos” e até contra as sondagens. Falharam em Lisboa, mas há explicações

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André Kosters / Lusa

“Contra tudo e contra todos” e até contra as sondagens. Carlos Moedas venceu a corrida à Câmara Municipal de Lisboa e nenhuma sondagem fazia prever o triunfo do candidato da Coligação Novos Tempos.

Nas sondagens pré-eleitorais, o melhor resultado que Carlos Moedas conseguiu foi uma derrota por sete pontos. As sondagens falharam na capital, mas o Expresso falou com dois politólogos para perceber o fenómeno.

Pedro Magalhães referiu, em declarações ao semanário, que “a primeira hipótese é a de que as amostras das sondagens, nomeadamente as que foram conduzidas mais perto do dia das eleições (apenas duas de um total de oito, com o trabalho de campo a terminar a 21 [de setembro], e que são aquelas que faz mais sentido comparar com resultados eleitorais), tenham sido deficientes”.

A imagem que as sondagens espelharam das intenções de voto pode não ter sido representativa, “seja porque adotaram procedimentos de seleção amostral menos adequados, seja porque as pessoas que foram selecionadas para responder recusaram participar”.

André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, concorda. No caso de Lisboa, podem ter “escapado” mais eleitores de Moedas e menos do Medina.

A segunda hipótese apontada pelo investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa prende-se com as intenções de voto que não se concretizaram, ou seja, pessoas que responderam às sondagens mas que ocultaram as intenções reais ou que acabaram por votar numa candidatura diferente. Neste leque, incluem-se ainda os indecisos ou pessoas que disseram que iam votar mas acabaram por não o fazer.

André Azevedo Alves aponta ainda mais três fatores: dois políticos e um que é uma consequência direta das próprias sondagens.

Ora, a terceira hipótese é então a margem que separava Fernando Medina e Carlos Moedas, que se foi estreitando com o tempo. Em julho, Medina tinha uma vantagem de mais de 20 pontos percentuais, mas passou para menos de dez.

O quarto motivo, que está relacionado com este terceiro, é o desgaste político do antigo presidente da Câmara de Lisboa. Segundo o Expresso, o envio de dados de ativistas para a embaixada da Rússia acabou por manchar Fernando Medina.

André Azevedo Alves aponta ainda a polémica em torno de Margarida Martins (PS), presidente da Junta de Freguesia de Arroios. Segundo a notícia avançada pela Sábado, a Segurança Social reclama 47 mil euros à autarca que se recandidatava, tendo-lhe penhorado o salário e a casa. A revista filmou também Margarida Martins a fazer compras sem pagar no Mercado 31 de Janeiro, utilizando um carro da junta.

A autarca socialista perdeu Arroios para a coligação Novos Tempos (PSD, CDS, Aliança, MPT e PPM), o que sugere, segundo o professor, que a polémica teve peso e que poderá ter tido “efeito noutras partes de Lisboa”.

Por último, o facto de as primeiras sondagens pré-eleitorais apontarem para a vitória de Medina pode ter levado a uma desmobilização do eleitorado. “Se tivéssemos uma sondagem em Lisboa que mostrasse Moedas e Medina empatados, se calhar o eleitorado do PS tinha se mobilizado mais”, remata André Azevedo Alves.

ZAP //

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