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A soja tornou-se a arma mais poderosa da China na guerra comercial com os EUA

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A soja pode não parecer útil numa guerra. No entanto, este produto tornou-se na arma mais importante da China no crescente conflito comercial com os Estados Unidos (EUA).

A China, a maior consumidora mundial de soja, terá parado de comprar este produto aos EUA, em retaliação à administração do Presidente Donald Trump, elevando as tarifas em 250 mil milhões de dólares (cerca de 225 mil milhões de euros) nos produtos chineses. Segundo noticiou o Raw Story na sexta-feira, essa é uma notícia muito má para os agricultores norte-americanos.

Embora a questão da soja possa ter sido uma surpresa para a maioria dos norte-americanos, para os analistas de economia agrícola que estudam os mercados internacionais de ‘commodities’ não foi inesperada.

Mesmo antes da conclusão da corrida presidencial de 2016, os especialistas analistas já estavam a avaliar a possibilidade de a China impor um embargo às importações de soja dos EUA, com base na retórica protecionista de ambos os candidatos.

Como resultado, e com a guerra comercial em pleno andamento, os produtores de soja norte-americanos estão agora entre os maiores perdedores.

Segundo o artigo do Raw Story, a soja é uma parte crucial da cadeia alimentar global, particularmente como fonte de proteína na produção de suínos e aves. A importância da China como mercado para a soja tem sido impulsionada por uma explosão na demanda por carne, à medida que os consumidores mudam de uma dieta dominada pelo arroz para uma onde a carne suína, de aves e bovina desempenham um papel importante.

A produção chinesa de carne desses três animais cresceu 250% entre 1986 e 2012 e está projetada para aumentar outros 30% até o final da atual década. No entanto, a China não é capaz de produzir ração animal suficiente, daí a necessidade de importar soja dos EUA e do Brasil.

Em 2017, os EUA exportaram 21,4 mil milhões de dólares (cerca de 19 mil milhões de euros) de soja, a segunda maior depois do seu principal concorrente, o Brasil, que exportou 25,7 mil milhões de dólares (aproximadamente 23 mil milhões de euros).

No mesmo, a China importou de 39,6 mil milhões de dólares (35,6 mil milhões de euros) em soja, ou seja, dois terços do total.

Essa era uma boa notícia para os agricultores norte-americanos, quando as exportações do país representavam cerca de um terço das compras chinesas, ou 13,9 mil milhões de dólares (à volta de 12,5 mil milhões de euros). Isso fez da soja a segunda mais valiosa exportação dos EUA para a China, depois dos aviões.

Mas essas exportações caíram drasticamente desde que a China impôs uma tarifa de 25% sobre a soja norte-americana em abril, como parte da sua resposta inicial à guerra comercial com Donald Trump.

Na atual campanha agrícola, que começou a 01 de setembro, os agricultores norte-americanos exportaram apenas 5,9 milhões de toneladas de soja para a China, em comparação com uma média de 29 milhões no mesmo período nos três anos anteriores, o que equivale a menos 80%.

Os estados norte-americanos de Illinois, Iowa, Minnesota, Nebraska, Indiana, Missouri e Ohio, são os sete maiores exportadores de soja do país.

Mas não são somente os agricultores norte-americanos que podem perder nesta guerra comercial. Os preços da soja no porto de Nova Orleães também caíram e estão atualmente em 9,35 dólares (aproximadamente 8,4 euros) por bushel, em comparação com os 10,82 dólares (cerca de 9,72 euros) por bushel há um ano.

Foi devido a questões que os chineses optaram por colocar uma tarifa sobre a soja dos EUA em primeiro lugar. Para os agricultores, referiu o Raw Story, vai doer muito. Ainda por cima por a soja ser produzida em estados onde muitas pessoas votaram em Donald Trump. A esperança da China, presumivelmente, é que os agricultores pressionem a administração a recuar da nova escalada da guerra comercial.

Mas isso parece improvável, dada a ajuda de 28 mil milhões de dólares (à volta de 25 mil milhões de euros) que o Administração Trump está a oferecer aos agricultores para amenizar o golpe. Parece que ambos os lados estão a preparar-se para uma prolongada guerra comercial, concluiu o artigo.

TP, ZAP //

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14 Comments

  1. Pois é, com a humanidade enfrentando problemas com a glândula tiroide, a soja é um alimento proibido, o por quê é só pesquisar mais sobre isso, ou direto com um endocrinologista. E com epidemia de cancer atingindo já a população global, deveria o homem se conscientizar e passar alimentar-se com apenas com o que a Santa mãe Natureza produz na Terra um presente do Criador concedida ao homem para gerar vidas e não matar.

  2. Primeiro não há evidência da existência de nenhum criador.
    Segundo a melhor maneira de matar um grande número de pessoas é passar a “alimentar-se com apenas com o que a Santa mãe Natureza produz na Terra”: simplesmente não há que chegue.
    Terceiro não há evidência que a soja seja problemática para a tiróide ou promotora de cancro (qual?)

  3. Por outro lado a soja também é uma leguminosa muito importante na China, a sua não importação irá provocar problemas no abastecimento.
    Vão dirigir-se a mercados alternativos?

    • A China não deixou de comprar soja, passou a comprar mais ao Brasil e outros países que também vendem soja, e menos aos EUA. Há dezenas de países que produzem soja com bons preços, eles não precisam comprar nos EUA.

  4. Faz-me lembrar o comentário de um político há uns tempos, “quem se mete connosco, leva”.
    Os chineses fizeram o mesmo, lá vai a amazónia ser desmatada novamente para terem terra no Brasil para produzir soja.
    Também me faz pensar que Portugal é um país muito evoluído, assim como nos states é o povo que paga as burradas feitas pelos políticos, ajudas aos agricultores que não precisavam de ajuda se os políticos não se metessem a fazer “avarias”, igualzinho como cá.
    Isto é tudo culpa da globalização, até a burrice é global…

    • e o trampa tá fornicado. os cowboys da soja quando se acabarem os biliões em ajudas bezuntam-no com uma vaca ressaída e largam-no no rodeio com o touro de cobrição.

      • A soja é um problema de 22 bilioes para os Estados Unidos, o fecho do mercado dos Estados Unidos é um problema de mais de 600 bilioes para a China. Nem tem comparação a escala do problema, o Trump tem os trunfos todos

        • Os EUA exportam quase 130 biliões para China e compram mais do que 500 biliões à China (a soja são um dos produtos importantes pois representa quase 15% das exportações – um valor mais alto do que o problema da Huawei). O problema é bem maior para os EUA pois comprar os componentes e produtos electronicos em outro país que não a China vai custar-lhes mais caro pelo menos 20% a 30% (a única razão pelo que compram na china é o preço) tornando-os menos competitivos pois a maioria do que compram são componentes para outros produtos de consumo interno e exportações que representam quase 2000 biliões para outros países. Enquanto que os produtos que a China compra aos EUA, a grande maioria existem outros países a vender ao mesmo preço ou até mais barato. Deixando de vender aos EUA a China tem estado em investir em vendas para outros mercados na Europa e África (já antevendo os possíveis bloqueios Americanos pois esta “guerra comercial” já dura há alguns anos). Por isso mesmo as empresas chinesas andam a comprar participações na Europa e África. Tal como a Huawei está em #02 de telemóveis mundial sem fazer uma única venda nos EUA (porque nunca teve autorização para vender no país), também outras empresas chinesas têm-se voltado para outros mercados. A China pode sofrer comercialmente um pouco com este bloqueio nos primeiros 2 anos mas a longo prazo quem vai ficar com um grande problema são os EUA. Afinal a economia Chinesa tem crescido sempre acima dos 6,5% por ano todos os anos e os EUA não estão sequer perto desse número (têm estado abaixo dos 3% por ano). As importações Chinesas são umas das principais razões pela qual a grande maioria das marcas Americanas são competitivas. Mesmo deslocando produções para outros países (que em alguns casos é uma tarefa dificil, morosa e com custos acrescidos após decadas de investimentos na China) vão ter problemas com falta de produto para entrega e aumento dos preços na ordem dos 20% a 30% que no prazo de 2 a 5 anos os fará cair nas vendas globais. Alguém está a imaginar um iPhone da Apple ou um Surface da Microsoft continuarem a ser competitivos no mercado global se custarem mais 20% a 30% do que custa hoje em dia? E quem diz isso diz muitos outros produtos e serviços que dependem de componentes (na maioria dos casos mais de 80% dos componentes) produzidos na China a preços muito baixos aos quais aplicam margens brutas que chegam aos 5000% quando no mercado.

          Neste momento, por causa deste problema da Soja o Governo Americano já está a desenvolsar 25 biliões para apoiar os agricultores… mas se o problema se extender a tudo o resto como é que os EUA vão ter fazer? Vai o Governo gastar 130 biliões para compensar as outras indústrias? Mas isso “atrasa” o problema das exportações directas. Então e as importações e exportações indirectas? O Governo chinês não deverá certamente investir a compensar. Faz o que sempre tem feito. Compra dívida externa a outro país (todos os países lhes devem dinheiro e eles têm superavit, ao contrário dos EUA que têm uma das maiores dividas externa do mundo) e fazem acordos comerciais para favorecer as vendas para esses países. No processo ainda ganham juros da compra dessas dívidas.

          Passados 3 anos a China já recuperou está ainda mais forte e independente dos EUA, enquanto que a America vai estar ainda a braços com vários problemas no mercado global visto que durante esse tempo o resto do mundo não pára. Empresas Europeias, Japonesas e Coreanas irão aproveitar estes 3 anos para crescer e tomar o lugar das empresas americanas que se tornaram menos competitivas. As empresas chinesas vão manter-se competitivas na grande maioria dos seus mercados e já estarão por essa altura a ganhar de novo quota de mercado. Os preços sobem ligeiramente com a redução da competição e quem vai perder mais durante 2 a 3 anos somos todos nós, os consumidores de todos os mercados. Não nos vamos esquecer que a China, tendo em conta a paridade do poder de compra já é maior economia do mundo, em segundo vem a UE e só em terceiro os EUA (que durante décadas esteve sempre em primeiro). Os EUA são os maiores em valor mas em quantidade de vendas a China é muito maior porque os mesmos produtos na china custam muito menos (até o iPhone na loja Apple custa menos 20% na China do que nos EUA e é um produto americano!).

          • O que escreveu são lérias. Desde quando a China é o país asiático mais barato a produzir? Já viu onde são fabricados os ténis? Os discos rigidos? O vietname, tailandia e outros países produzem mais barato que a China

          • O Pedro e o Joaquim têm ambos razão, em proporção.
            A China aflita? Sim, se os países com responsabilidade e ética começassem a taxar baseados em concorrência desleal (por exemplo, nas condições de trabalho, sociais e ambientais…).
            Assim os produtos passariam a ter preço semelhante, produzidos lá ou nos países com condições. E de facto há, neste momento, à volta da China, produtores concorrenciais, com (ainda) piores condições. Mas impera, no consumo, a perspectiva de ter “muito” em detrimento de ter “com qualidade e duração”, empurrado pela “obsolescência programada”. Venha o mais recente que o anterior, mesmo que funcional, vai para o monte.
            A China (e outros) começam também a ter um problema de custo de mão de obra em crescimento. Natural, pois a globalização não é só comércio também é informação e o ser humano almeja a ter melhores condições de vida, mesmo que isso só se reflita em ter mais coisas.

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