Manuel de Almeida / LUSA

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos
Ao que tudo indicado, o Partido Socialista (PS) vai votar contra a moção de confiança apresentada pelo Governo. No entanto, nem todos os socialistas concordam com esta posição.
Na quarta-feira, na abertura da moção de censura apresentada pelo PCP, o primeiro-ministro anunciou que o Governo vai avançar com a proposta de uma moção de confiança ao executivo pelo parlamento.
Luís Montenegro considerou que a moção de censura do PCP “não deixou claro” que os partidos dão ao executivo condições para continuar.
O líder do executivo admitiu que “a antecipação de eleições não é desejável”, mas será “um mal necessário para evitar a degradação das instituições e a perda da estabilidade política”.
No mesmo debate, o líder socialista, Pedro Nuno Santos confirmou que o PS votará contra a moção de confiança que o primeiro-ministro anunciou e acusou Luís Montenegro de preferir eleições a enfrentar uma comissão de inquérito.
No entanto, esta posição não agrada a todos os socialistas.
Eleições para quê?
No noite desta quinta-feira, no Canal Now, Fernando Medina reconheceu que as eleições são o cenário mais provável.
Contudo, apesar de ter culpado exclusivamente o primeiro-ministro pelo cenário atual, o ex-ministro das Finanças defende que se deva fazer os possíveis para evitar que haja eleições antecipadas.
Seriam as terceiras eleições legislativas nos últimos quatro anos.
Também o ex-líder socialista a e possível candidato a Presidente da República António José Seguro usou o mesmo argumento, mas na CNN, acrescentando que “o país não aguenta tantas eleições em tão pouco tempo”.
Por seu turno, na SIC Notícias, Pedro Adão e Silva acusa Montenegro de seguir um caminho à la Trump. Erradamente, “as eleições estão a servir para substituir avaliações de outra natureza”; considerou antigo ministro da Cultura”.
“Imaginemos que há uma ilegalidade [referindo-se à empresa familiar do primeiro-ministro]. Os portugueses vão votar e deixa de haver um problema com a lei?“, questionou.
“São duas ideias muito perigosas. A ideia de que devemos judicializar e depois a ideia de que o voto limpa tudo”, afirmou, sustentando a expressão caminho à la Trump.
Adão e Silva criticou também a iniciativa do PS de avançar com uma comissão parlamentar de inquérito: “A parajudicialização parlamentar não é um bom caminho”, defendeu.
Em declarações à Antena 1, a socialista e autarca de Matosinhos Luísa Salgueiro admite que o cenário de eleições antecipadas é inevitável, mas vai prejudicar muito as autarquias.
“As eleições antecipadas vêm prejudicar, naturalmente, a evolução de processos muito significativo de investimentos que estão a cargo dos municípios (…) uma vez que é no poder local que assenta a execução do PRR“, exemplificou a presidente da Associação Nacional de Municípios.
Entretanto, Pedro Nuno Santos anunciou que se vai reunir com os presidentes das federações socialistas, no domingo, na sede do PS, em Lisboa.
Já durante o período do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), Pedro Nuno Santos promoveu um encontro similar com os presidentes destas estruturas.
Por seu turno, moção de confiança que o Governo entregou ao parlamento vai ser discutida e votada na terça-feira à tarde, confirmou à Lusa fonte do gabinete do presidente da Assembleia da República.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa