Uma mulher norte-americana tornou-se a primeira pessoa a cruzar a nado o Canal da Mancha, entre o Reino Unido e França, quatro vezes sem parar. E dedicou a vitória a todos que, como ela, são sobreviventes do cancro.
Sarah Thomas, 37 anos, começou este desafio nas primeiras horas do último domingo e terminou-o 54 horas e 10 minutos depois. Nadadora de ultramaratonas em águas abertas – que completou um tratamento de cancro de mama há um ano – dedicou a travessia épica a “todos os sobreviventes (da doença) que há por aí”.
Até à data, houve quatro nadadores que cruzaram o Canal três vezes sem parar. Assim, Sarah foi a primeira a conseguir fazer quatro voltas.
Em 2018, Sarah foi submetida a um tratamento para combater um cancro da mama agressivo, que lhe foi diagnosticado em 2017. Foi também nessa altura que a equipa médica lhe disse para não abandonar de todo a natação, uma vez que seria a sua forma de lidar com a doença.
Em declarações à BBC, pouco depois de chegar à praia, Sarah não estava em si: “Não consigo acreditar que fiz isto. A verdade é que estou um pouco tonta”, acrescentou, antes do desabafo: “estou muito cansada, acho que vou passar o dia a dormir.”
Segundo a previsão inicial, o percurso seria de cerca de 128 quilómetros, mas, por causa das correntes, Sarah acabou por nadar quase 209 quilómetros. “É uma vitória, ela testou os limites da resistência”, sublinhou Kevin Murphy, observador oficial da travessia, antes de acrescentar, “foi incrível, absolutamente inspirador. No final, ficamos muito emocionados”, conta Kevin Murphy, observador oficial da travessia.
Ao sair da água em Dover, cidade portuária no sudeste da Inglaterra, Sarah teve ainda oportunidade de comemorar a sua entrada para o livro dos recordes com champanhe e chocolate.
Foi em 2007 que Sarah completou a sua primeira travessia em águas abertas. Cinco anos depois, em 2012, cruzou o Canal da Mancha pela primeira vez, e repetiu o feito em 2016.
No sábado à noite, na véspera do início da travessia, a mulher admitiu, num post no Facebook, que estava “assustada” com o desafio. “Estou à espera desta travessia há mais de dois anos e lutei muito para chegar aqui”, antes de rematar: “Se estou a 100%? Não. Mas sou o melhor que posso ser agora, depois de tudo o que passei, com mais explosão e garra do que nunca.”