“Só o povo” pode dizer chega ao Chega

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Hugo Soares.

Críticas e vitimização dominaram debate sobre a colocação de polémicas faixas pelo Chega nas janelas do Parlamento. “Só o povo” pode combater o Chega: “a Assembleia da República não tem capacidade para isso”, disse Hugo Soares.

A recente discussão na conferência de líderes sobre a colocação de faixas pelo Chega nas janelas do Parlamento, durante a análise final do Orçamento, trouxe à tona velhas tensões com o partido liderado por André Ventura, especialmente com o PSD.

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, foi um dos maiores críticos da atitude do Chega, classificando os seus argumentos como “infantis” e as intervenções como marcadas por “falsidade e mentira”.

Os portugueses estão fartos de circo”, disse Hugo Soares há pouco mais de duas semanas: “na casa da democracia não vale tudo”, atirou, rematando: Ventura “consegue fazer corar o Pinóquio”.

Apesar do debate, não houve decisões concretas sobre como lidar com situações semelhantes no futuro e o partido de André Ventura aproveitou a situação para adotar uma postura de vitimização, alegando que as forças políticas adversárias procuram limitar o seu discurso político e que o Parlamento não pode atuar como um tribunal.

O líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, deixou claro: “protestámos da forma que achámos, não danificámos património, não incendiámos carros nem agredimos polícias”, e denunciou a “tentativa de condicionamento” da bancada do Chega.

E se para Pedro Pinto, “as avaliações políticas serão feitas” pelos eleitores, que dirão nas urnas “se concordam com a maneira do Chega fazer política”, pelo menos nesse aspeto, Hugo Soares está de acordo.

“Só o povo pode combatê-los”

O social-democrata terá dito, segundo a súmula citada pelo Público, que “só o povo” pode combater o Chega: “a Assembleia da República não tem capacidade para isso”.

As críticas à atitude do Chega não se limitaram ao PSD. A líder parlamentar do PS considerou a colocação das faixas uma violação frontal da lei da propaganda e um atentado aos critérios de lealdade institucional. Partidos como o Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal também repudiaram o episódio,

Enquanto o PS defendeu uma avaliação sobre possíveis medidas perante futuras infrações, partidos como o Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal também repudiaram o episódio.

“Os trabalhos não podem ficar dependentes de meia dúzia de deputados, por mais asquerosos que sejam”, disse o socialista Sérgio Sousa Pinto, depois de a líder parlamentar Alexandra Leitão ter pedido o adiamento da sessão de votação do Orçamento.

O presidente da Assembleia, Aguiar-Branco, encerrou o debate sem avançar soluções concretas. Alegou ter agido conforme as circunstâncias no caso das faixas, mas admitiu que as divergências entre os partidos tornam improvável um consenso sobre como lidar com futuras situações semelhantes.

Tomás Guimarães, ZAP //

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