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Sissoco Embaló demite primeiro-ministro e ambos falam em “golpe de Estado”

Andre Kosters / EPA

Umaro Sissoco Embalo, o novo Presidente da Guiné-Bissau

Umaro Sissoco Embaló, candidato às presidenciais dado como vencedor pela Comissão Nacional de Eleições da Guiné- Bissau, e que quinta-feira tomou posse simbolicamente como Presidente do país, demitiu hoje o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes.

Num decreto presidencial, divulgado à comunicação social, é referido que “é exonerado o primeiro-ministro, Sr. Aristides Gomes”.

O decreto, assinado por Umaro Sissoco Embaló, refere que a demissão de Aristides Gomes se justifica, tendo em conta a sua “atuação grave e inapropriada” por convocar o corpo diplomático presente no país, induzindo-o a não comparecer na tomada de posse e a “apelar à guerra e sublevação em caso da investidura do chefe de Estado, que considera um golpe de Estado”.

O decreto refere também que a demissão do primeiro-ministro teve em conta a “crise artificial pós-eleitoral criada pelo partido PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) e o seu candidato às eleições presidenciais, que põe em causa o normal funcionamento das instituições da República, consubstanciada nas declarações públicas de desacato e não reconhecimento da legitimidade e autoridade” do chefe de Estado “eleito democraticamente, por sufrágio livre, universal, secreto, considerado pelo conjunto de observadores internacionais livre, justo e transparente e confirmado quatro vezes pela Comissão Nacional de Eleições”.

A posse simbólica de Umaro Sissoco Embaló decorreu sem a presença da comunidade internacional, à exceção dos embaixadores da Gâmbia e do Senegal.

Aristides Gomes tinha, por seu lado, publicado, nas redes sociais, que as instituições do Estado estão a ser invadidas por militares, num claro “ato de consumação do golpe de Estado”.

“Há cerca de meia hora, as instituições de Estado estão a ser invadidas por militares, num claro ato de consumação do golpe de Estado iniciado ontem (quinta-feira) com a investidura, de um candidato às eleições presidenciais”, refere Aristides Gomes na sua página oficial no Facebook.

Umaro Sissoco Embaló tomou simbolicamente posse ontem numa cerimónia marcada pela ausência do Governo, partidos da maioria parlamentar e principais parceiros internacionais do país. A cerimónia terminou com a assinatura do termo de passagem de poderes entre o Presidente cessante, José Mário Vaz, e Umaro Sissoco Embaló.

O Governo da Guiné-Bissau considerou o ato como um “golpe de Estado” e “uma atitude de guerra” e acusou o Presidente cessante de se auto-destituir e as Forças Armadas de “cumplicidade”.

Nuno Nabian nomeado primeiro-ministro

Sissoco Embalo nomeou ainda hoje Nuno Nabian para o cargo de primeiro-ministro, segundo um decreto presidencial divulgado à imprensa.

Nuno Nabian é o líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que fazia parte da coligação do Governo, mas que apoiou Sissoco Embaló na segunda volta das presidenciais.

Nabian é também primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional Popular e foi nessa qualidade que indigitou simbolicamente Sissoco Embaló como Presidente na quinta-feira, numa cerimónia realizada num hotel da capital guineense, qualificada como “golpe de Estado” pelo Governo guineense.

// Lusa

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