50 mil milhões de euros: o preço a pagar caso se repetisse a catástrofe de 1755. Portugal não está preparado: não tem um sistema nacional de proteção contra riscos catastróficos e a maioria das habitações não tem seguros.
Um terramoto em Lisboa semelhante ao de 1755 poderia gerar perdas materiais estimadas em cerca de 50 mil milhões de euros — 20% da riqueza nacional, segundo a Associação Portuguesa de Seguradores (APS).
Portugal não está preparado para eventos sísmicos de grande magnitude, avisa a associação ao Diário de Notícias esta quarta-feira. Apenas 19% das habitações em Portugal têm cobertura para risco sísmico, um número que aumenta para 26% em Lisboa. Contudo, quase metade (47%) das habitações no país não têm qualquer seguro, e, entre as restantes, apenas uma pequena parcela inclui cobertura contra sismos.
Perante uma catástrofe desta dimensão, a reparação dos danos dependeria dos seguros existentes, de apoios estatais, e, inevitavelmente, dos próprios proprietários afetados.
Além disso, Portugal não possui um sistema nacional de proteção contra riscos catastróficos, o que deixaria a gestão das perdas num contexto altamente imprevisível.
A APS tem sugerido — até agora sem sucesso — a criação de um sistema de proteção para apoiar situações de catástrofe natural, que mitigaria o impacto financeiro sobre as vítimas e sobre o Estado.
Depois do terramoto que abalou o país em agosto, a APS salientou que há “um enorme caminho a percorrer para que o parque habitacional seguro tenha o mínimo de proteção contra este tipo de eventos”.
Por sua vez, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou há cerca de duas semanas um plano com medidas para reduzir o impacto de uma possível catástrofe sísmica.
Joana Almeida, vereadora responsável pelo Urbanismo, destacou que a prioridade é “fomentar uma cultura de prevenção”, e que a preparação é fundamental para minimizar os danos.
O próximo grande sismo em Lisboa pode matar quase 30 mil pessoas, segundo as estimativas do especialista Mário Lopes, que critica a falta de resposta do poder político e a má preparação dos edifícios.
O terramoto de Lisboa de 1755, ocorrido em 1 de Novembro, foi um dos mais devastadores da história da Europa. Atingiu a capital com uma magnitude de 8,5 a 9 na escala de Richter, durou entre seis a nove minutos e foi seguido por um tsunami e vários incêndios que devastaram Lisboa e arredores.
Os efeitos foram catastróficos: cerca de 30 a 40 mil pessoas morreram, e mais de 85% dos edifícios da cidade foram destruídos.