As seguradoras portuguesas alertaram para a falta de proteção contra o risco de catástrofes em Portugal. Felizmente, no sismo desta segunda-feira, não se registaram danos humanos nem materiais – mas risco de um sismo maior é iminente.
Esta segunda-feira, depois do terramoto que abalou Portugal, a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) alertou para a necessidade de um sistema de proteção para o risco catastrófico em Portugal.
A APS salientou que apenas 19% das habitações têm atualmente seguro com cobertura de risco sísmico.
Num comunicado divulgado na sequência do sismo desta madrugada, a APS recorda que “ao longo de largas dezenas de anos” tem vindo a alertar para a necessidade deste sistema de proteção em Portugal, enfatizando que em causa não está “uma mera incerteza, mas sim um verdadeiro risco, de ocorrência certa, em momento incerto”.
De acordo com a associação, atualmente apenas 19% das habitações do país tem seguro com cobertura de risco sísmico, sendo que 47% não tem qualquer seguro e 34% tem seguro de incêndio ou multirriscos, mas sem cobertura de risco sísmico.
Assim, salienta, há “um enorme caminho a percorrer para que o parque habitacional seguro tenha o mínimo de proteção contra este tipo de eventos”.
E, se o sismo sentido esta segunda-feira parece não ter originado danos, a APS nota que Portugal se encontra numa zona sísmica e “já foi seriamente afetado por um dos maiores sismos de que há registo, ocorrido em 1755 e que então arrasou parte da cidade de Lisboa e outras zonas do país”.
A APS espera que o sismo hoje sentido “seja determinante para acelerar a decisão de criação de um mecanismo que ajude os cidadãos a enfrentar e mitigar as perdas que um sismo de grande intensidade pode causar” em Portugal.
Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado às 05h11 e teve epicentro a 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal. O abalo não causou danos pessoais ou materiais, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e proteção Civil (ANEPC).
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), “até ao momento foram registadas quatro réplicas de pequena magnitude, não tendo nenhuma delas sido sentida pela população”.
O risco de um sismo maior é iminente
Já se sabe que a capital portuguesa vai sofrer um grande terramoto como o de 1755 no futuro e Lisboa é até a segunda cidade europeia com maior risco sísmico. Os especialista sabem que não estamos preparados.
No ano passado, o engenheiro civil e especialista em sismos Mário Lopes avisou que o próximo grande sismo em Lisboa poderá matar entre 17 mil e 27 mil pessoas e deixar centenas de milhares desalojadas.
Especialistas e peritos em sismologia são unânimes em considerar que o risco de haver um tsunami como o que dizimou Lisboa em 1755 voltar a acontecer é real. Vai acontecer um dia, apenas não é possível prever quando. Pode ser amanhã.
A 1 de Novembro de 1755, no Dia de Todos os Santos, com milhares de velas acesas nas casas, capelas e igrejas, um choque de placas tectónicas ao largo de Lisboa provocou um terramoto que resultou na destruição quase completa da cidade de Lisboa, afetando ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal.
O sismo foi seguido por um tsunami — que se acredita ter atingido 20 metros de altura — e por múltiplos incêndios, tendo feito mais de 10 mil mortos. Foi um dos sismos mais mortíferos da História.
Em 2015, peritos do IERD – Instituto Espanhol para a Redução de Desastres, garantiram que um evento de magnitude semelhante pode acontecer de novo, embora ainda não seja claro quando, e “não estamos preparados“.
ZAP // Lusa