O risco de um tsunami como o que dizimou Lisboa em 1755 é real. A secretária de Estado da Proteção Civil avisa que “nenhum país está 100% preparado”.
O terramoto de 1755 resultou na destruição quase completa da cidade de Lisboa, afetando ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido por um tsunami — que se acredita ter atingido 20 metros de altura — e por múltiplos incêndios, tendo feito mais de 10 mil mortos. Foi um dos sismos mais mortíferos da História.
Em paralelo com a Conferência dos Oceanos, decorreu a sessão “Alerta costeiro”, na qual especialistas discutiram a prevenção deste tipo de eventos catastróficos.
“Os tsunamis são eventos raros, mas podem ser extremamente mortíferos. Nos últimos cem anos, 58 tsunamis causaram mais de 260 mil mortes, uma média de 4600 por desastre, superando qualquer outro perigo natural”, alerta Mami Mizutori, especialista do Escritório das Nações Unidas para a Redução dos Riscos de Desastres, citada pelo Expresso.
A secretária de Estado da Proteção Civil diz que “não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando'”. Portugal é um país com risco de tsunami e sismo, sendo que a costa algarvia e oeste até Peniche são consideradas “zonas mais críticas”.
O tsunami de 2004 no Sudeste Asiático foi “efetivamente uma chamada de atenção para todo o mundo”, realça a governante. Desde então, vários países, incluindo Portugal, têm feito esforços para fazer a possível prevenção.
O objetivo da ONU é alargar o programa “Tsunami Ready” a 100% das comunidades costeiras até 2030. Atualmente apenas 48% dos países em desenvolvimento estão cobertos por este sistema internacional de alerta de tsunamis.
Em entrevista ao Expresso, Patrícia Gaspar desenvolveu mais a questão do risco de tsunami em Portugal.
“Um evento sísmico da magnitude do que aconteceu em 1755 é um evento para o qual nenhum país está 100% preparado. Não há forma de garantir que perante um evento destes não há danos. É impossível”, atirou.
O impacto seria gigante, com várias “vítimas” e “danos”. Apesar de tudo, estamos hoje “garantidamente mais preparados e mais capazes de reagir a uma situação destas do que estávamos há 10, 20 ou 30 anos atrás”, argumenta a secretária de Estado.
“Não vai existir um dia em que alguém possa dizer que estamos 100% preparados. Isso é um conceito que não existe em Proteção Civil”, acrescentou.
O aviso não chegará com horas ou dias de antecedência, mas sim uma antecipação de minutos “que pode permitir salvar vidas”.
Uma vez identificado o risco, a Proteção Civil alerta a população através do sistema de SMS e, dependendo do município, vão-se ouvir sirenes.
Interessante ter sistema de aviso… mas como escoam um provavel milhão de pessoas das áreas mais problemáticas em minutos?