A pergunta não é se, mas quando é que um tsunami de grandes proporções vai abalar as costas de Portugal e Espanha. É assim que começa o documentário “La Gran Ola” (“A Grande Onda”) que pretende alertar para o facto de não haver planos de emergência para lidar com o que é uma certeza científica.
Realizado pelo espanhol Fernando Arroyo, o documentário, que estreou na semana passada nas salas de cinema, em Espanha, conta com a colaboração de vários testemunhos de cientistas portugueses e tem como objectivo alertar as pessoas e os políticos para a necessidade de se tomarem medidas para uma terrível certeza.
A Península Ibérica vai ser assolada por um tsunami de grandes dimensões. Apenas não se sabe quando.
As possibilidades de um mega-tsunami se abater sobre as costas ibéricas amanhã ou daqui a 100 anos “são exactamente as mesmas“, avisa Fernando Arroyo, em declarações ao site espanhol 20minutos.es. E quando isso acontecer, as consequências vão depender muito “do que avancemos na prevenção”.
Mas para já, “está quase tudo por fazer”, avisa o realizador.
Filmado entre Portugal e em Espanha, com a colaboração de cientistas dos dois países, e com efeitos visuais criados pelos mesmos profissionais que fizeram os filmes “Gravidade”, “Harry Potter” e “A vida de Pi”, o documentário faz referência ao terramoto de 1755 que teve epicentro próximo de Lisboa.
Esse terramoto de 9 graus na escala de Richter originou um tsunami de grandes proporções que assolou a capital portuguesa e também, as costas espanholas de Huelva e Cádiz. As ondas gigantes que terão atingido os 16 metros chegaram a Huelva, a cerca de 250 quilómetros de Lisboa, em apenas 30 minutos.
Esse é o cenário que os cientistas estão certos que vai acontecer, tarde ou cedo, e é a verdade que “dá medo de escutar”, conforme frisa Arroyo.
“Uma das maiores catástrofes da história”
“Se o que prevê a comunidade científica ocorrer, estaremos perante uma das maiores catástrofes da história: um tsunami com ondas de entre cinco e 15 metros que, em apenas um quarto de hora, chegará às costas ibéricas”, alerta o realizador através do 20minutos.es.
Perante essa possibilidade, “o tsunami penetraria quilómetros, nas costas desde Lisboa até ao Cabo de Trafalgar, onde não houvesse obstáculos, em apenas 20 minutos“, destaca Arroyo, sublinhando que “afectaria centenas de milhares de pessoas e geraria perdas económicas elevadíssimas.
“Durante dias, amplas zonas não poderiam ser evacuadas, não haveria luz eléctrica, nem comunicações, nem água potável, nem rede de esgotos, e seria preciso evacuar cidades completas”, explica o realizador.
O documentário lembra que o Golfo de Cádis assenta na falha Açores-Gibraltar, uma fronteira tectónica que transforma a zona numa área sensível a sismos no mar que, por seu turno, podem provocar um tsunami.
Mas “não se faz nada ainda que se conheça o risco”, lamenta Arroyo, passando a mensagem que o documentário pretende vincar.
Críticas à inércia dos governos
“Nenhum governo faz nada”, embora os políticos saibam “que há risco sísmico e que pode ser reduzido”, lamenta em “La Gran Ola” o professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Mário Lopes.
O investigador já tinha alertado que Lisboa está “em cima de um barril de pólvora” sísmico, considerando que um terramoto como o de 1755, deixaria um terço da capital portuguesa completamente destruído.
“Espanha é o único país que não aplicou dinheiro para financiar um sistema de alerta”, queixa-se, por seu turno, o director do Grupo de Engenharia de Costa de Cantabria, Mauricio González.
O documentário pretende assim, abordar “uma realidade de que, até agora, ninguém quis falar, com excepção de alguns cientistas ou instituições”, conforme repara Arroyo.
O realizador sublinha a importância de criar planos de emergência e de alerta, bem como “consciencializar as pessoas” de que o facto de um tsunami “não ter ocorrido num passado recente, é uma mera casualidade”.
Notícia deveras importante, convém alertar consciências.
Contém no entanto algumas imprecisões. Huelva não dista 260 kms de Lisboa, e o epicentro não foi perto de Lisboa.
Provavelmente Huelva distará sim 260 kms do epicentro do tal sismo de 1775…
Caro jdiogo,
Obrigado pelo seu reparo.
A distância por estrada de Huelva a Lisboa é de cerca de 375km, mas a distância em linha recta (a que importa quando falamos de terramotos ou tsunamis) é de facto de cerca de 260 km.
Mais concretamente, 250.38km, valor que corrigimos no texto.
Efectivamente, o epicentro do tremor de 1755, que não é conhecido com precisão, não foi à entrada do Tejo – terá sido a sudoeste do Algarve, e até pode ter sido a 260km de Huelva. Mas para todos os efeitos, foi “o terramoto de Lisboa”, e os seus habitantes de então não terão tido dúvidas de que foi ali perto.
Já que estamos a falar em precisão de distâncias, em linha reta pode interessar nos casos dos terremotos, mas não estou a imaginar um tsunami a atravessar todo o interior alentejano (espero bem que a acontecer, não tenha essa dimensão)… parece-me que o mais correto seria medir a distância junto a costa, o que deverá ser próximo de 350km (200 km Lisboa-cabo Sagres + 150km ate Huelva, isto medido a olho no Google maps)
Caro Mr,
Sim, é uma perspectiva aceitável.
Obrigado pelo contributo.
Claro que a mensagem é preocupante. Quanto ao título, terá sido concebido por um dos muitos “jornalistas de pacotilha”?
Acho que o respeito desejado pela profissão é incompatível com a leviandade deste título. Têm direito a não combater os “SV’s” mas depois não se queixem.
Caro José Dantas,
Obrigado pelo seu reparo, que nos cumpre respeitar. Mas permita-nos que discordemos.
Atente por favor no alerta do realizador, tal como consta no nosso texto, e no vídeo que o acompanha:
“As possibilidades de um mega-tsunami se abater sobre as costas ibéricas amanhã ou daqui a 100 anos são exactamente as mesmas, avisa Fernando Arroyo”
Todo o nosso texto é baseado no alerta de que “a questão não é saber se, mas quando”, e que “tanto pode ser amanhã mesmo como daqui a 100 anos”. Em que é que o aviso é “preocupante”, mas o título é “leviano”?
Agradeço (muito) a resposta. Denota preocupação com os leitores, o que infelizmente já não é muito comum.
Esclarecendo, o aviso é “preocupante” porque “depois de casa roubada” as trancas valem de pouco e parece que se continua a ignorar, em boa parte, vivermos numa zona com significativo potencial sísmico. Nessa perspetiva louvo a divulgação.
O título é “leviano”, porque alarmista. Sabendo-se que face à enorme expansão/difusão da comunicação uma parte das pessoas lê, quando muito, os títulos das notícias, não há qualquer razão que me pareça válida para um título daquele “calibre”.
É tão triste estarmos sempre a ver ondas a virem de frente de Almada/Barreiro em relação à Praça do Comércio, quando a mesma onda viria certamente do mar! Ou seja, da direita, da foz do rio Tejo, certo?
Todas as reconstituições que vi caem nesse erro de básico de quem não estudou o assunto…
Uma boa solução para o problema da fonte da telha, das ilhas do ria formosa e de outros lugares.
Não visito Lisboa a quase 6 anos, alguem pode confirmar se ainda existem pessoas a morar por lá?
Há. E escrevem há com “H” e acento no “a”. 🙂
Boa tarde
E aposto que em Lisboa também acentuam o “alguém”.
Boa noite
Devo dizer que fiquei curioso de ver o documentário, porque se fora como a notícia, acho que de preocupantes não tem nada.
Amanhã ou 100 anos. Bom então afinal têm uma previsão, que pelo menos não passa dos 100 anos, ou poderia ser amanhã ou daqui a 1000 anos, ou 5000. Se realmente não sabem, não coloquem uma fasquia limite.
O Sr. Fernando Arroyo diz que a possibilidade de haver o mega tsunami amanhã ou daqui a sem anos é a mesma! Então, isso não faz sentido. Não percebo nada de “culinária”, como costumo dizer, mas parto de um principio que se tenha detectado alguma coisa nessa ditas placas ou whatever, e que segundo estudos credíveis e com a experiência ao longo dos anos da nossa existência, que se possa “calcular” ou mesmo estimar que a coisa vá piorar daqui a x tempo. Não acredito que um tsunami acontece do nada num dia qualquer entre a amanhã e 100 anos.
Como disse ainda nnão vi o filme, tenciono fazê-lo, mas estou expectante para saber que medidas e alertas são esses que querem que se implemente. Para já fico por aqui, quando vir o filme dou o meu comentário final.
Alguma verdade existe pois a Assembleia da República mandou escorar o edifício (anti-sismo). por mera precaução.
Como não chega a Trás os Montes… Já estou por tudo.
Mas .. para que é tanta preocupação . Não têm mais anda que fazer senão andar a chatear os outros com porcarias. Todos o dias morre gente … desastres, morte natural, cirrose, cancro, fome, fartura…. etc.. etc…
Não fica cá ninguém …..
Bom resta saber o que o que é os futurólogos/cientistas/realizadores de cinema e outros iluminados propõem para evitar a destruição nas cidades costeiras! Construir um trumpmuro? Mudar as cidades costeiras para a montanha? Esvaziar o mar? Haverá algo exequível para evitar os efeitos de um mega-tsunami? Vimos recentemente (2011) o que aconteceu no Japão e não me parece que haja.
Que porcaria de filmes/noticias deste tipo, que não resolvem nada e apenas põem as “cabeças das pessoas mais tontas, do que já estão”. Isto não é ciência nem saúde, é especulação e stress!
Ó homem, durma bem. Nesta vida não vale a pena fazer grandes filmes. Desde o nascimento que já estamos todos a ir com o c******
Eu durmo bem, e nem ligo muito a idiotas ou idiotices mas como não vivo só neste mundo custa “ver e sentir” a nervoseira geral que por aqui anda.
sabonete nas reconstrucoes de prédios de Lisboa, obrigar a que tenham protecção anti-sismica. Veja la se no parlamento não o fizeram.
Espero que quando o Tsunami vier, o António Costa seja julgado por homicidio voluntário por ter promovido a reconstrução dos prédios sem acautelar o terramoto que aí virá
Proteção anti-sismica? Sou eu que estou confuso, ou o titulo e o filme falam de um mega tsunami, e que vamos ser “arrastados” por uma onda. Não percebo de engenharia mas levar comuna força lateral não deve ser o mesmo que vibrar. Cheira me a medidas para se gastar dinheiro e dar muito dele a muita gente. Esta noticia como apresentada é como o tabaco. Diz se que faz mal, mas continua-se a fumar. Não venham com informações sem qualquer tipo de dados concretos e soluções concretas, senão as pessoas simplesmente vão ignorar o risco. Vão dizer para as pessoas sairem de Lisboa? Deve ser. Vão construir um mega muro? Deve ser. Gosto quando os entendidos, como os políticos, dizem que existem meios para combater isto é aquilo me nunca dizem como. Se não sabem, não falem, nem inventam nem façam futurologia barata, porque isso qq um faz.
Atenção o ano foi de 1755 e não o relatado no texto.
Caro Carlos,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.
Só 16 metros? Vai ser uma desilusão…
Lá tenho que ir para a Nazaré, pelo menos têm mais de 30 metros.
Eu não percebo nada nesta área, mas é garantido que um tsunami com uma onda de 16m fará muito mais estragos que as da Nazaré com 30. A diferença é que nas ondas normais do mar é uma pequena massa de água elevada, e que logo pouco atrás já está baixa, o que faz com que ao chegar a areia deixa de ter força que a impulsione. No tsunami é 1 onda com uma grande massa de água, pelo que mesmo tendo pouca altura, ao chegar a praia continua a ser empurrada pela água que vem atrás, o que faz com que entre em alguns casos vários kms dentro da costa.
Bem, se isso acontecer pelo menos que apanhe aquela zona do centro denominada Lisboa e Setubal…pode ser que metade da escumalha que habita este pais desapareça!
Aliás, não falo apenas de centralismo politico e de politicos em si mas de porcaria de bairros inundados de corrupção, droga e sabe-se lá mais o que! – Mesmo sendo capital parece que nem quem a governa consegue escurraçar essa porcaria de gente.
Sou a favor de um pais unido, não de deixar entrar no nosso pais raça negra, ciganos e afins…pois são esses que fazem o maior buraco financeiro do pais ao receberem RSI e etc e quem trabalhou para lhes pagar foi o povo Portugês eles só estão cá a viver à custa disso!
Volta Salazar, estás perdoado…
Não fora a raça negra, ciganos etc e tal e nem terramotos havia ….
No tempo do Salazar a terra não termia
Calar o mensageiro – o problema resolvia
Viva a ignorância e haja alegria
Aviso aos crédulos e aos incautos:
Para quem quiser responder agradeço que se informe do significado da palavra – ironia!
Pedro L L
Que tristeza… saber que existe gente como você?
Portugal explorou terras que não os pertenciam ( tomou) escravisou… Por isso hoje querem dar um empurrãozinho em poryugal e tira da união européia.
Culpa negros e ciganos?
Boa tarde, gostaria de saber se eventualmente esse Tsunami chegará à zona de Faro
Obrigado!
Estou interessado em ver o documentário.
Alguém sabe dar a informação necessária para o poder ver?