Uma equipa de engenheiros norte-americanos desenvolveu um kit de ventilação automatizado a partir de um dispositivo bolsa-máscara-válvula e de peças impressas em 3D. O projeto foi divulgado online e está disponível para consulta.
O ventilador, batizado de ApolloBVM, pesa oito quilos e pode ser usado em hospitais que sofram com a falta de ventiladores convencionais, numa altura em que a pandemia de covid-19 ameaça estes estabelecimentos de saúde com a rutura dos serviços.
Devido à enorme pressão que esta infeção respiratória causa nos pulmões, os pacientes mais graves e internados nos cuidados intensivos necessitam deste tipo de equipamento para os ajudar a respirar.
Os ventiladores comuns, que bombeiam ar oxigenado diretamente para os pulmões de um paciente a uma taxa e volume controlados, podem pesar centenas de quilos e custar dezenas de milhares de dólares. Normalmente, demoram entre cinco a 10 dias para serem fabricados e exigem centenas de peças diferentes na sua construção.
O novo ventilador desenvolvido pela equipa da Universidade de Rice possui 80% das funcionalidades de um ventilador de tamanho normal e pode ser usado nos casos menos graves. Este ventilador pode substituir a prática de bombear manualmente o ar para os pulmões, através de um dispositivo bolsa-máscara-válvula.
Segundo Thomas Herring, líder deste projeto, o dispositivo bolsa-máscara-válvula é o eixo do protótipo da ApolloBVM. À volta da válvula, dois “braços” automatizam o bombeamento, apertando automaticamente a bomba que, caso contrário, teria de ser apertada continua e manualmente. Os investigadores afirmam que construir este ventilador custa menos de 300 dólares.
Segundo o The Wall Street Journal, os engenheiros admitem que estes kits permitirão aos profissionais de saúde usarem este equipamento para reduzir a necessidade de recorrer a ventiladores médicos, necessários para os casos mais graves de infeção.
Ainda assim, alertam que treinar profissionais médicos para saberem montar e usar este tipo de equipamento pode, ao invés de solucionar um problema, criar outro ainda maior. Por esse motivo, os engenheiros pretendem adicionar alarmes e sensores de pressão capazes de alertar os médicos em caso de alguma anormalidade – por exemplo, se a pressão de ar de um paciente cair.
O dispositivo foi planeado para ser utilizado num contexto médico, mas também suficientemente barato para ser considerado descartável pelos hospitais. “É o mais simples possível, com todas as peças prontamente disponíveis”, explicou Danny Blacker, supervisor de design deste projeto.
Em testes laboratoriais com pulmão artificial, o protótipo mais recente bombeou ar sem parar durante 24 horas. Os próximos passos são os testes com pacientes humanos e a fabricação.
Pensado para ser um “conceito de design aberto”, o projeto foi divulgado online para que as pessoas consigam recriar este ventilador com peças de fácil acesso.
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