O “sexoma” das bactérias genitais poderá ajudar a identificar violadores

Uma investigação pioneira permitiu aos investigadores descobrir que as bactérias deixadas para trás após o ato sexual podem ser suficientes para identificar um criminoso.

Os vestígios de ADN humano não são os únicos. Recentemente, uma equipa de cientistas descobriu que os órgãos sexuais têm as suas próprias colónias de bactérias – a que denominaram de “sexoma“.

Isto significa que, após a prática de uma agressão sexual, os vestígios do sexoma do agressor podem ser utilizados para o identificar ou, pelo menos, para excluir potenciais suspeitos.

O novo estudo permitiu revelar que o ADN bacteriano também é transferido entre homens e mulheres durante o ato sexual, assinaturas microbianas que podem ser valiosas para os cientistas forenses.

Para chegar a esta conclusão, uma equipa de cientistas da Universidade de Murdoch, na Austrália, recolheu amostras de bactérias de seis casais heterossexuais antes e depois de terem tido relações sexuais.

Depois de analisarem a transferência bacteriana, os investigadores descobriram “uma perturbação significativa da diversidade microbiana pós-coito em todas as amostras”. No fundo, as bactérias tinham migrado.

“Algumas ‘bactérias masculinas’ ficam na mulher e algumas ‘bactérias femininas’ ficam no homem”, explicou o cientista Ruby Dixon, citado pela Cosmos Magazine.

O único casal que não usou um contracetivo de barreira, como um preservativo, apresentou a maior transferência bacteriana, o que significa que o teste do microbioma pode ser usado em alguns casos de agressão sexual.

“O objetivo é podermos recolher uma zaragatoa, analisar as bactérias e associá-las a um indivíduo ou, pelo menos, eliminar suspeitos”, acrescentou Dixon.

Apesar de considerar que as atuais técnicas de investigação de agressões sexuais “funcionam bem”, o investigador salientou que, “se não existirem células masculinas suficientes, pode não ser possível associá-las a uma pessoa através da análise convencional de ADN”.

O artigo científico, publicado recentemente na Forensic Science International, mostra que as maiores alterações foram registadas entre os Lactobacillus, que dominaram as amostras femininas antes da relação sexual (98%), enquanto constituíam apenas cerca de um quarto da composição bacteriana masculina.

Embora as bactérias masculinas possam parecer relativamente semelhantes à primeira vista, a composição bacteriana de cada pessoa pode ser suficientemente diferente para ser utilizada na identificação de um suspeito.

As bactérias podem ser tão poderosas como o ADN forense convencional, mas com a vantagem adicional de estarem disponíveis mesmo quando o ADN humano masculino é indetetável”, resumiu Brendan Chapman, cientista forense da Universidade de Murdoch.

Apesar dos resultados deste recente estudo, será necessária mais investigação para verificar se esta pode ser uma ferramenta útil para a aplicação da lei.

Liliana Malainho, ZAP //

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