Se for preciso, Sérgio Conceição deixa o futebol para explicar a confusão em Espanha

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Fernando Veludo / Lusa

Treinador do FC Porto falou pela primeira vez sobre a polémica com um árbitro e com um presidente de Câmara, em Cartaya.

Sérgio Conceição não se escondeu e falou sobre as acusações de agressão a um árbitro e ameaça de morte ao presidente da Câmara Municipal de Cartaya.

O desentendimento aconteceu na final de um torneio de futebol de formação em Cartaya, Huelva; entre FC Porto e Sevilha. O seu filho mais novo, José, estava a jogar pelo FC Porto – que perdeu o jogo.

Um portal espanhol indicou que Sérgio Conceição tentou entrar em campo durante o jogo, onde o filho participava, mas foi impedido pelos seguranças. Já no final do encontro, ter-se-á dirigido ao túnel onde atacou o árbitro e depois o autarca.

O presidente da Câmara, Manuel Barroso, revelou: “Depois do apito final, uma funcionária telefonou-me. Disse-me que algumas pessoas tinham acabado de entrar no relvado para atacar o árbitro. Eu corri para o apoiar, o homem estava prestes a entrar no túnel. Antes de entrar, um deles deu-lhe uma bofetada na cara. Coloquei-me no meio, servindo de escudo, a dizer quem eram eles para saltarem para o relvado, que não se podia saltar para o relvado daquela maneira”.

“Depois começaram a insultar-me, a desrespeitar-me. Empurram-me, arranham-me o pescoço e eu tento aguentá-los empurrando-os até chegarem as autoridades, a Guarda Civil. Mais tarde soube que ele era o treinador da equipa principal do FC Porto. Quando soube. Disse-lhe: ‘Não tens vergonha de, sendo dirigente deste clube, me desrespeitares e até me agredires’, mas depois ele continuou a desrespeitar-me e até me ameaçou de morte“, descreveu o autarca.

Horas depois, surgiu um vídeo que mostra que, no relvado, o que se passou não foi exactamente assim. Mas vê-se que Sérgio Conceição foi mesmo ao relvado abordar o árbitro do jogo, sendo acompanhado pelo filho Moisés. O treinador troca algumas palavras com o árbitro e acaba por lhe tocar no pescoço com a mão aberta.

Reacção do próprio

O técnico do FC Porto falou sobre o assunto, nesta terça-feira. Começou por agradecer o apoio do FC Porto, admitiu estar “desgastado e incrédulo” com esta situação.

E apresentou a sua versão: “A pessoa que perdeu o controlo era um eleito local. Primeiro, agrediu não uma vez, mas várias vezes um jovem de 22 anos, que por acaso era o meu filho. Segundo, entrou num chorrilho de mentiras e acusações, que já foram praticamente todas desmentidas pelos presentes, tanto pessoas portuguesas como espanhóis, todos os presentes desmentiram o que ele diz que se passou. E terceiro, perdeu a narrativa das suas declarações”.

Em declarações ao jornal O Jogo, Sérgio Conceição comentou que ficou “extremamente admirado como é que alguém que é um eleito local, e parece que tem mais poder ou está acima da polícia…”.

Sérgio espera que as imagens, se estiverem no sistema de videovigilância, “venham para cá para fora”, para comprovar “todas as mentiras que este senhor veio proferir e também para perceberem que a única pessoa agressiva e com actos de indisciplina incríveis perante toda a gente que estava presente foi esse senhor”.

O técnico assegura que até foi a sorrir ter com o árbitro, comentando que ele poderia ter assinalado uma grande penalidade a favor do FC Porto, porque “seria mais emocionante a final ir a penáltis”.

O vídeo não mostra o que aconteceu no túnel. Segundo Sérgio Conceição, o autarca espanhol tornou-se “ainda mais agressivo, porque aí houve uma palmada no peito do Moisés” – e assegura que há várias testemunhas.

Sérgio Conceição reforça que ficou “muito triste” com este episódio inédito. Até porque foi ver jogos dos filhos quando estes representavam Benfica e Sporting e nunca houve problemas. “Sempre fui muito respeitado. Ia visitá-los e observar alguns jogos tanto no Seixal como em Alcochete e nunca tive nenhum problema.

E deixa um aviso: “Se for preciso eu fazer uma pausa no futebol, deixar o futebol, para provar aquilo que eu estou a dizer, eu deixo. A minha honra, aquilo que eu sou como homem, como pai é muito mais importante”.

ZAP //

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