O “Senhor bonito” pode complicar o sonho do amigo Costa

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António Cotrim / EPA

O anúncio de que está a ponderar demitir-se do cargo de primeiro-ministro de Espanha abriu as portas às especulações quanto ao futuro político de Pedro Sánchez que se cruza com o do seu amigo António Costa.

Espanha sofre com a “Síndrome de António Costa“, dadas as semelhanças com o que aconteceu em Portugal, numa altura em que paira no ar a possível demissão de Pedro Sánchez da presidência do Governo do país.

Os futuros de Sánchez e de Costa cruzam-se e são ambos associados à presidência do Conselho Europeu (CE). Um dado curioso para dois políticos que assumem ter uma amizade, alimentada pelas relações institucionais entre Portugal e Espanha e pelo facto de pertencerem ambos à família política socialista.

Com a demissão de Sánchez em cima da mesa, o seu nome surge como “uma dica quente” para a presidência do CE, destaca o jornal online Politico.

Para Sánchez, a presidência do CE seria “uma saída hábil do cenário político fracturado – e tóxico” que vive em Espanha, onde a sua imagem pública já viveu melhores dias, como repara o jornal.

“Sánchez pode não ser popular em Espanha, mas é querido em Bruxelas, e apreciado pelos seus pares europeus”, sendo conhecido pela alcunha “Mr. Handsome”, ou seja, Senhor bonito, relata ainda o Politico.

Mas será uma boa escolha para a presidência do Conselho Europeu? Há algumas dúvidas quanto a isso entre funcionários e diplomatas da União Europeia (UE).

Sánchez será demasiado novo para o cargo?

Os seus 52 anos são um primeiro problema. “Precisamos de um homem ou mulher mais velho que não trave batalhas territoriais com Ursula [von der Leyen] e que não tenha em mente o seu próximo emprego”, revela ao Politico um responsável da UE que prefere não ser identificado.

Além disso há quem entenda que o CE precisa de alguém mais hábil para “intermediar compromissos” e para lidar com os temas mais sensíveis.

Quando esteve à frente da UE, na presidência rotativa, não convenceu, sendo acusado de ter usado a “agenda em Bruxelas para promover os seus próprios objectivos internos“, nota o Politico.

Nessa altura, causou algumas irritações, por exemplo, quando fez pressão para que o Basco, o Catalão e o Galego fossem reconhecidos como Línguas oficiais da UE, numa estratégia para garantir o apoio destas regiões.

Outro problema é o apoio declarado de Sánchez à criação de um Estado palestiniano, algo que é encarado como “um risco”, sobretudo pelos membros da UE que têm ligações estreitas com Israel.

No meio disto tudo, enquanto já se planeia a distribuição dos cargos mais importantes depois das eleições para o Parlamento Europeu (PE) em Junho deste ano, os socialistas só parecem ter escolhas “problemáticas” para a presidência do CE, órgão a que apontam, esperando continuar como o segundo maior grupo no PE.

Além de Sánchez, o português António Costa, de 62 anos, continua envolvido numa investigação sobre corrupção.

Mais de dez mil pessoas pedem a Sánchez para não se demitir

Milhares de pessoas concentraram-se durante a manhã deste sábado nas imediações da sede nacional do PSOE, em Madrid, para pedir a Pedro Sánchez para não se demitir.

Segundo os números do Partido Socialista de Espanha (PSOE) e das autoridades locais, manifestaram-se mais de dez mil pessoas, com bandeiras do partido e cartazes com frases como “Sim, continua” ou “Pedro, não te rendas”.

A concentração foi formalmente organizada pelo PSOE, mas também teve foi alimentada nas redes sociais e plataformas de mensagens como o Whatsapp.

Estruturas regionais do PSOE disseram que, a pedido de grupos de militantes, foram alugados mais de cem autocarros em todo o país para levar pessoas até Madrid.

A manifestação decorreu enquanto dentro do edifício decorria uma reunião da Comissão Federal do PSOE, máximo órgão do partido entre congressos, mas sem a presença de Pedro Sánchez.

O primeiro-ministro não é visto em público, nem fez qualquer declaração pública desde que, na quarta-feira, revelou estar a pensar demitir-se, prometendo uma comunicação ao país na próxima segunda-feira.

Ministros e dirigentes do PSOE asseguraram que esta foi uma decisão pessoal de Sánchez, que não consultou previamente outros membros do Governo ou do PSOE e que desde então também não houve reuniões privadas.

A reunião da Comissão Federal do PSOE foi uma manifestação de apoio ao líder do partido, para o tentar convencer a permanecer à frente do Governo espanhol, em linha com mensagens, apelos e outras iniciativas de ministros, autarcas e presidentes regionais nos últimos dias.

Susana Valente, ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Só pensam neles mesmos :/

    Culpados somos todos nós por acreditar neles e andarmos a fazer guerra uns com os outros, quando são eles os culpados…

    O mundo e as pessoas, deveriam verdadeiramente acordar e pô-los a todos no seu lugar …

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