O Senado norte-americano irá ouvir na semana de 8 de fevereiro os argumentos iniciais do processo de destituição de Donald Trump por incitamento dos recentes motins do Capitólio, anunciou o senador democrata Chuck Schumer.
“Todos queremos deixar para trás que este horrível capítulo da história da nossa Nação. Mas a concórdia e unidade só virão com verdade e responsabilização, e é isso que este julgamento irá permitir”, disse Chuck Schumer, líder da maioria democrata no Senado.
Segundo o JN, o acordo entre democratas e republicanos prevê que os artigos de destituição de Trump sejam enviados para o Senado na segunda-feira ao final do dia, e que na terça-feira tenham início os procedimentos iniciais.
No entanto, a apresentação dos argumentos iniciais ficou agendada apenas para a semana de 8 de fevereiro, permitindo que até lá o Senado se mantenha focado nas audiências, já em curso, de confirmação dos nomeados pelo novo presidente, o democrata Joe Biden, e na discussão sobre as medidas de emergência relacionadas com a pandemia de covid-19.
O período de duas semanas até início dos procedimentos sobre a destituição era também pretendido pelos republicanos, para que a equipa jurídica do ex-presidente tivesse mais tempo para preparar a sua defesa.
Único presidente a ser duas vezes alvo de um “impeachment”, Donald Trump será também o primeiro presidente visado por um processo de destituição depois do final do seu mandato.
Nancy Pelosi, líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, já havia anunciado a intenção de enviar os artigos de destituição para o Senado na próxima segunda-feira.
Caso seja condenado, o Senado poderá impedi-lo de voltar a assumir a Presidência no futuro, ditando o fim da sua carreira política.
Para condenar Trump, os democratas precisam do apoio de 17 senadores republicanos, sendo que poucos destes se mostraram publicamente favoráveis à destituição, apesar de se terem pronunciado criticamente em relação ao comportamento do ex-presidente antes e durante a invasão do Capitólio por apoiantes do ex-presidente, que consideravam fraudulenta a eleição de Biden.
Lindsey Graham, um dos principais senadores republicanos e apoiante de Trump, afirmou sexta-feira que os argumentos constitucionais contra a possibilidade de um ex-presidente ser destituído são “muito convincentes”, algo que os democratas rejeitam.
Graham também deixou a entender que a defesa de Trump passará por defender que as suas declarações no comício que antecedeu a invasão do Capitólio não podem ser consideradas “incitamento” à violência.
Mitch McConnell, número um republicano no Senado, não esclareceu qual o sentido do seu voto, mas descreveu as palavras de Trump antes da invasão apenas como “provocação”.
Bancos da Flórida cortam ligações a Trump
Dois bancos do Estado da Florida vão seguir o exemplo do Deutsche Bank e cortar relações comerciais com o empresário e ex-presidente, que se encontra sob investigação por suspeitas de fraude fiscal.
Na Florida, para onde Trump se retirou esta semana depois de abandonar a Casa Branca, o BankUnited Inc. anunciou que encerrou duas contas onde o empresário tinha depositados 5,1 milhões de dólares, e frisou que não tem quaisquer créditos em aberto.
O Professional Bank, baseado no mesmo Estado, já havia anunciado nos últimos dias que deixou de ter relações comerciais com Trump, que tinha obtido deste banco em 2018 um crédito de 11,2 milhões de dólares para comprar um terreno contíguo à estância turística de Mar-a-Lago, em Palm Beach.
O afastamento dos bancos da Florida segue-se à decisão do Deutsche Bank, noticiada pelo “New York Times”, de cortar laços com o empresário, na sequência do afastamento da gestora do banco responsável pelas relações de crédito com Trump, Rosemary Vrablic, cuja equipa é alvo de uma auditoria interna.