Há um velho conhecido a liderar a lista dos políticos mais ricos do país: Basílio Horta. Mas o segundo lugar deste ranking de património é surpreendente. Trata-se de Cristina Pedra Costa, a presidente da Câmara do Funchal.
Cristina Pedra Costa é a segunda política mais rica do país, de acordo com os dados a que a revista Sábado teve acesso, com uma declaração de rendimentos de quase 4 milhões de euros.
A autarca sucedeu a Pedro Calado, o ex-presidente da autarquia, em Janeiro deste ano, após a demissão do primeiro no âmbito das suspeitas de corrupção de que é alvo.
Cristina Pedra Costa tinha entrado para a Câmara do Funchal em Outubro de 2021 como vereadora, altura em que teve que entregar a declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional TC), um procedimento obrigatório para quem exerce cargos públicos.
Os dados divulgados pela Sábado respeitam a essa declaração, uma vez que a nova ainda não foi divulgada pela Entidade para a Transparência. Entre investimentos, acções, títulos do tesouro e depósitos a prazo e à ordem, o documento tem sete páginas, como destaca a revista.
A autarca declara cerca de 1,2 milhões de euros em Certificados de Aforro e do Tesouro, outros 1,6 milhões em carteiras de títulos, contas bancárias a prazo e aplicações financeiras, mais de 288 mil euros em contas à ordem e um
património imobiliário de 478 mil euros (um valor que se reporta apenas ao valor patrimonial tributável, enquanto o valor de mercado dos imóveis em causa é significativamente superior), segundo revela a revista.
Tudo somado estamos a falar de um património superior a 3,6 milhões de euros. Um valor que só Basílio Horta, o presidente da Câmara de Sintra, ultrapassa no ranking dos políticos mais ricos.
Em 2023, o autarca de Sintra tinha um “império imobiliário” avaliado em cerca de 10 milhões de euros, além de depósitos no banco da ordem dos 6,2 milhões de euros.
Rendimentos da “actividade profissional e empresarial”
Cristina Pedra Costa sublinha na sua declaração entregue no TC que “todos os rendimentos do casal são provenientes da actividade profissional e empresarial, devidamente declarados em sede própria e nunca foram provenientes de cargos públicos ou políticos“, conforme transcreve a Sábado.
A autarca só entrou na política em 2021, tendo todo o seu “trajecto profissional anterior” sido desenvolvido no sector privado, como reforça.
Foi directora financeira na Blandys e na Air Columbus, assessora numa secretaria regional (1994-1997), e advogada entre 2010 e 2012. Passou também pela Empresa de Trabalho Portuário da Região Autónoma da Madeira e pela empresa Gestlíder que fundou em 1990, sendo ainda proprietária de 19%.
Desempenhou igualmente funções na associação de direito privado e sem fins lucrativos ETP que foi fundada por dois sindicatos portuários, pelo Governo Regional da Madeira e pela OPM (Operações Portuárias da Madeira do grupo Sousa). O pai de Cristina Pedra Costa, David Pedra, foi administrador da ETP e acabou por tornar-se também sócio do grupo Sousa.
No âmbito destas funções na ETP, a autarca foi arguida, em conjunto com o pai, numa investigação que decorreu entre 1998 e 2001 por suspeitas da utilização de trabalhadores da associação em obras privadas de ambos, nomeadamente na “construção de duas moradias, bem como no arranjo de dois apartamentos”, como cita a Sábado.
O Ministério Público também suspeitava que celebraram “diversos negócios jurídicos, nomeadamente a prestação de assessorias quanto às quais não existe prova cabal da sua realização, não tendo eventualmente sido todas prestadas, mas tendo sido determinado o seu pagamento aos administradores da ETP ora arguidos e seus familiares e ainda a outras sociedades”.
Mas o caso acabou por ser arquivado a 31 de Julho de 2007 “com base numa questão jurídica“, uma vez que para confirmar os crimes de peculato de que eram acusados os arguidos, a ETP tinha que ser uma instituição com utilidade pública, mas não renovou esse pedido.
Cristina Pedra Costa foi também acusada do crime de desvio de subsídio noutro caso em que foi absolvida em 2011.
Os Portugueses são muito poupadinhos, empreendedores e geram muita riqueza.
Ai Portugal onde vais parar!!!!??????
E os políticos que criaram Fundações? Seria interessante pesquisar…
Penso que estão a fazer uma confusão entre Rendimentos e Património. Pela descrição que fazem, penso que estão a falar do património. Rendimento é uma obtenção regular (mensal, anual, etc.) de valores. É muito diferente dizer que alguém tem um património avaliado em 4M de euros e dizer que tem um rendimento de 4M de euros…
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo.
Alterámos a expressão “rendimento” para “património” quando se trata do valor dos bens patrimoniais, e mantivémos a expressão “rendimentos” quando no contexto da chamada Declaração de Rendimentos aqui tratada, que inclui o valor dos bens patrimoniais e dos rendimentos auferidos.