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Secreta militar russa tem unidade especial para ações de desestabilização na Europa

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Alexei Druzhinin / Sputnik / Kremlin / EPA

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin

As operações secretas em território estrangeiro têm sido muitas, mas os países ocidentais demoraram quase dez anos a descobrir que existe uma unidade dos Serviços Secretos das Forças Armadas Russas (conhecida pela abreviatura GRU), especializada em operações de desestabilização, em território europeu.

A divisão chama-se Unidade 29155, tem agentes peritos em ações de “subversão, sabotagem e homicídios” e foi responsável pelo envenenamento e tentativa de homicídio do antigo espião russo Sergei Skripal no Reino Unido, em 2018, segundo revelou uma investigação do New York Times, citada na terça-feira pelo Observador.

Além disso, a divisão é responsável pela tentativa de homicídio, dois anos depois, do primeiro-ministro de Montenegro e pelo envenenamento de um traficante de armas na Bulgária, em 2015. Nenhuma destas operações foi concluída com sucesso.

O jornal norte-americano teve acesso a documentos russos e a relatórios de unidades de Serviços Secretos de países ocidentais, tendo recolhido igualmente depoimentos de agentes destas equipas e de um operacional “reformado” dos Serviços Secretos das Forças Armadas Russas.

Esta unidade russa, agora revelada, contrasta com outras do mesmo país em termos de métodos. Ao invés de optar por ações de desestabilização informática – com recurso a ‘hackers’, por exemplo -, a Unidade 29155 realiza operações no terreno.

Os seus agentes, alguns dos quais “veteranos de guerra condecorados” por serviços prestados “em alguns dos conflitos mais sangrentos” do exército russo (no Afeganistão, na Chechénia e na Ucrânia), “deslocam-se de e para países europeus” para operações secretas. O secretismo é tanto que a existência da unidade era desconhecida até de outras divisões do mesmo comando, a GRU.

Existem, no entanto, outras unidades russas com métodos similares, como o Serviço de Segurança Federal, que já foi liderado por Vladimir Putin e que chegou a ser acusado pelas autoridades britânicas de ter sido responsável pelo homicídio do antigo espião russo Aleksander V. Litvinenko, em 2006.

Yuri Kochetkov / EPA

Pedindo o anonimato, um agente europeu em atividade afirmou ao New York Times tratar-se de “uma unidade ativa ao longo dos últimos anos em território europeu”.

Admitiu ainda a surpresa perante a perceção de que “os russos, [através de] esta unidade dos serviços secretos, tenham-se sentido livres para sair do país e levar a cabo este tipo de atividades extremamente malignas em países amigáveis [com os quais têm relações diplomáticas]. Foi um choque”.

Os alertas sobre as ações secretas de agentes russos em território europeu têm sido sérios e múltiplos nos últimos anos. O chefe dos Serviços Secretos do Reino Unido (MI6), Alex Younger, já adimtiu que “quase não há limites” nas operações secretas russas.

Em 2012, uma diretiva do Ministério da Defesa presidido por Vladimir Putin já reconhecia a existência desta unidade, autorizando que se dessem prémios especiais a três unidades secretas por “feitos especiais no serviço militar”. Uma delas era esta equipa agora descoberta pelos países ocidentais.

As outras unidades eram a 74455 – que viria a estar envolvida, quatro anos depois, na alegada interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas, que opuseram Donald Trump a Hillary Clinton – e a 99450, cujos membros “terão estados envolvidos na anexação da Península da Crimeia em 2014”.

Um dos aspetos que ainda intriga os países ocidentais é o fracasso de todas as operações conhecidas levadas a cabo por esta unidade de Serviços Secretos das Forças Armadas Russas. Não se descarta, para já, a hipótese de que tenham sido levadas a cabo outras operações com sucesso, de que os Serviços Secretos ocidentais não estejam ainda a par.

O jornal norte-americano tentou contactar um porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitri S. Peskov, que “remeteu questões sobre esta unidade [dos serviços secretos] para o Ministério da Defesa da Rússia”. Contudo, o Ministério “não deu resposta aos pedidos de comentário” feitos a propósito desta revelação.

ZAP // //

8 Comments

  1. Acredito que se isto fosse verdade os EUA não divulgavam, aproveitavam para explorar o que os Russos pensavam ser um segredo. mais do mesmo nos últimos tempos.

    • Para os leigos que eventualmente venham a ler estes comentarios entenderem a gravidade da situacao, nesta noticia opinaram pelo menos 3 elementos subvencionados pela dita unidade a efectuar o que se entende por desinformacao. A fachada da unidade que terminou com o espiao russo e com a filha de este, usa como fachada europeia o famoso grupo de desestabilizacao conhecido como coletes amarelos, grupo que alias foi montado para justamente dar resposta ao interesse crescente da comunidade europeia relativamente aos negocios da Russia na Crimeia e na Siria. Incautos, ah ah sim esta bem esta…

  2. Nos eua há a psicose do russo, vêm russos em todo o lado. Depois esta noticia volta a carregar na tecla dos skriphal, e a acusar a russia, já é sabido que foram os SS ingleses a fazer esse trabalhinho, e que o produto quimico veio de PortDown, cidade a 15 km de londres. Arre que já chateia, estarem sempre a lançar areia para os olhos da opiniao publica mundial.

    • Exacto.

      Qualquer notícia sobre os Russos e temos uma série de comentadores do costume a defender acerrimamente os Russos e a atacar os EUA. Esta gente devia ir à Europa de Leste perguntar a quem viveu durante o jugo Soviético qual a opinião que têm dos Russos. Conheço muita gente que viveu sob o domínio Soviético (Polacos, Ucranianos, Bielorrussos, e outros), e ninguém tem nada de bom a dizer sobre os Russos.

      TODA a Europa que ficou sob a influência dos EUA no pós-Guerra gozou de prosperidade económica e social, enquanto TODA a Europa que ficou sob a influência Soviética perdeu décadas de desenvolvimento.

      Os EUA não são perfeitos (ninguém é), mas a Rússia é 1000x pior.

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