Se perder as eleições, Rio admite viabilizar Governo à esquerda. Rangel “não está preparado para ser PM”

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ppdpsd / Flickr

O presidente do PSD, Rui Rio

Numa entrevista à RTP3, Rui Rio, líder do PSD abriu espaço para negociar com Costa a governabilidade futura do país. Sobre Paulo Rangel, defendeu que este não está preparado para ser primeiro-ministro.

Com as eleições legislativas à porta, Rui Rio admitiu a possibilidade de viabilizar um Governo do Partido Socialista em nome do interesse do país.

“Se o PS ganhar e não tiver maioria absoluta, estou disponível para negociar à minha esquerda, com PS, e à minha direita com o CDS e IL. Com CDS e IL pode ser com integração de partidos no Governo, com o PS não é integração de membros no Governo – seria bloco central, não vejo necessidade nisso. Mas acho que deve haver negociação para haver governabilidade”, afirmou, citado pelo Público.

Neste sentido, considerou ainda a possibilidade de se conseguir uma maioria com partidos como o CDS e a Iniciativa Liberal, poder repetir a solução criada da região Autónoma dos Açores.

No entanto, o Chega está fora dos planos. O líder do PSD referiu ter rejeitado coligações pré ou pós-eleitorais mas lembra que André Ventura, líder do partido, tem colocado a exigência de ter ministros num eventual Governo.

Questionado se, caso os socialistas vençam sem maioria, “o seu PSD” viabilizará um governo do PS, Rio admitiu esse cenário, embora recusando qualquer possibilidade de integrar como vice-primeiro-ministro um executivo socialista.

“Está a ver como tenho razão?”

O presidente do PSD e recandidato ao cargo, Rui Rio, considerou que o seu opositor interno “não está preparado para ser primeiro-ministro”, ao contrário de si próprio.  Rio considerou que “mal seria” se ele próprio não estivesse preparado para ser primeiro-ministro ao fim de quatro anos de liderança.

Depois das críticas a Rangel, Rio explicou qual a razão que o leva a acreditar que o seu rival não está preparado para liderar o país:  “Acho que não, ninguém consegue estar preparado [para ser primeiro-ministro] dois meses depois” de eleições internas. “Não está, isto para mim é claro. Se me dissessem, quando entrei para o PSD em fevereiro [de 2018], que em maio ia disputar legislativas… eu não estava. Ainda por cima dois meses e com disputa interna”, acrescentou.

Questionado se não estava a dar ao PS um bom argumento para usar na campanha para as legislativas contra Rangel se este vencer as eleições diretas de 30 de janeiro, Rio admitiu ser verdade.

Está a ver como tenho razão? Por isso é que acho que é um disparate [eleições diretas em vésperas de legislativas], mas eu não tenho culpa nenhuma, fiz tudo o que estava ao meu alcance”, afirmou, referindo-se à sua tentativa de adiar as diretas do PSD.

Rio defendeu ainda que “não pode ser primeiro-ministro quem não quer, mas também não pode ser primeiro-ministro quem muito quer”.

“Quem não quer não tem depois resistência psicológica, quem muito quer não sabe no que se está a meter, isto é uma missão por Portugal muito espinhosa e muito difícil”, afirmou.

Na entrevista, Rio justificou ainda o seu anúncio de terça-feira de que não irá fazer campanha interna pelo país para se “concentrar na oposição ao Governo do PS” com a necessidade de se preparar e ao partido para as legislativas de 30 de janeiro, rejeitando que seja uma desconsideração pelos militantes.

“Se eu não estiver preparado não me interessa ganhar porque vou perder as legislativas”, disse, voltando a rejeitar debates com Paulo Rangel que “até podem começar com delicadeza, mas a meio descambam”.

Sobre a sua preparação para o cargo de primeiro-ministro, Rio recordou que criou o Conselho Estratégico Nacional, “com centenas de pessoas” e já tem “muitos papéis produzidos”.

Entre as prioridades de um futuro programa eleitoral, o líder do PSD e recandidato ao cargo considerou que “o que os portugueses querem são mais e melhores empregos”, o que passa pelo reforço da competitividade e da economia.

Melhorar os serviços públicos, em particular na saúde, e reduzir a carga fiscal no IRC e no IRS são outras das medidas que constarão do programa e que Rio ainda não quis detalhar.

Questionado se vencer as eleições diretas irá convidar Paulo Rangel para algum cargo, Rio respondeu que o seu opositor já é “o número um do PSD no Parlamento Europeu” e até foi o seu cabeça de lista ao Conselho Nacional. “Já tem um lugar relevante, ninguém lho vai tirar”, afirmou.

Por outro lado, e à pergunta se perder aceita colaborar com a direção de Paulo Rangel, Rio disse que “tenderia a dizer” que a sua carreira política terminará, pelo menos em termos de cargos partidários, admitindo poder manter alguma intervenção política ocasional.

Já ando nisto há muito tempo, estes quatro anos são particularmente difíceis. Resistência como se vê não me falta”, disse, frisando que já é o líder da oposição que perdurou mais tempo, já quase quatro anos.

Na entrevista, Rui Rio também se posicionou sobre o mediático caso que está a abalar os Comandos.

Neste contexto, o líder social-democrata assumiu ter “simpatia pessoal” pelo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, mas considerou que o facto de não ter informado o primeiro-ministro sobre a investigação a militares por tráfico de diamantes “é uma situação grave”, cita o Público.

Por outro lado, também sublinhou estranhar a existência de pareceres jurídicos que desaconselharam Gomes Cravinho a não informar António Costa. “Acho isso muito esquisito. Uma história mal contada. É uma situação grave porque o Presidente da República não foi informado e é particularmente grave o primeiro-ministro ter membros do Governo que não o ponham a par de uma situação destas”, frisou.

ZAP // Lusa

 

6 Comments

  1. em vez de começar por dizer “se o PS ganhar e não tiver maioria absoluta estou disponível para negociar à minha esquerda”, devia ter dito “se o PSD ganhar sem maioria absoluta espero que o PS esteja disponível para viabilizar uma solução governativa liderada pelo PSD”

    • Armando Carvalho, tem toda a razão, mas o homem lamentavelmente parece só vislumbrar derrotas e como é solidário e, o Costa por sua vez está cada vez mais só, estende agora a mão à sua direita enquanto com a sua arrogância se recusou fazê-lo no passado, portanto está a dar certo a solidariedade com a necessidade!

  2. É uma autêntica nódoa política este homem! Não faz qualquer oposição à esquerda, nem pretende sequer colocar a direita a governar :S

  3. Rio, nestes quatro anos, nunca fez oposição ao PS. Foi um ausente. Agora é que se lembrou que tem de fazer oposição, para fugir ao debate interno. Os portugueses é que se têm de moldar ao seu feitio de fazer política. Nunca apresentou alternativas nem se sabe o que pensa sobre os problemas dos portugueses. Acho que o seu tempo já passou.

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