O SEF tem investigado em Santarém situações “em tudo semelhantes às investigadas em Odemira e no Alentejo” por auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas.
Odemira tem estado recentemente no centro de toda a atenção mediática e política, mas não é um caso único em Portugal. No distrito de Santarém, trabalhadores vindos do Paquistão, Bangladesh, Índia e Nepal começaram a chegar em grande número desde 2017.
Escreve o Público que em Alpiarça, no distrito de Santarém, estes trabalhadores agrícolas deixaram de ser vistos nas suas habituais rotinas de trabalho.
Neste concelho, acredita-se que a sua saída não tenha sido consequência daquilo que foi revelado em Odemira, onde os imigrantes viviam em casas com condições insalubres. “Não deve ter a ver, porque saíram ainda antes de se ouvir falar do caso de Odemira”, diz um popular.
Por outro lado, um pequeno empresário da região da Golegã acredita que existe em Santarém aproveitamento da vulnerabilidade dos imigrantes que não falam português e promessas fraudulentas próximas da extorsão.
A realidade é que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) está, neste momento, a levar a cabo investigações em Santarém por suspeitas de auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas para fins de exploração laboral — tal como em Odemira.
“Em Santarém, estamos a investigar situações em tudo semelhantes às investigadas em Odemira e no Alentejo”, confirma o coordenador da unidade anti-tráfico de pessoas do SEF, Orlando Ribeiro.
“Não nos interessa se são poucos ou muitos trabalhadores a serem explorados. Basta acontecer. Temos que dotar os inquéritos com provas que permitam ao Ministério Público acusar”, acrescenta.
Em 2016 e no ano passado, as duas mais recentes operações do SEF resultaram em acusações por crimes de tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal.
Ainda assim, o fenómeno não abrandou. Como Orlando Ribeiro explica: “Há muita facilidade em ceder mão-de-obra e desaparecer” se desconfiarem que estão a ser investigados como suspeitos.
O Ministério Público de Santarém instaurou 21 inquéritos em 2020 e 2021 respeitantes a auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas.
O SEF encontrou situações em que parte do salário dos trabalhadores é retirado para a renda e outra parte para transporte, alimentação e despesas com a documentação para a prometida legalização em Portugal.
“[Os empresários] Têm um entendimento de que não é da responsabilidade deles saber em que condições os trabalhadores foram para ali. Por isso dizem que não sabem. Mas é evidente que sabem”, salienta Orlando Ribeiro.
Na Operação Pokhara, do SEF, na Herdade dos Morangos, em Paço dos Negros, foram encontrados trabalhadores “a viver num anexo de três divisões sem cozinha, janelas, eletricidade, água, saneamento básico e sem mínima possibilidade de escaparem, uma vez que os empresários tinham os seus documentos cativos”.
Caso único?!
Há milhares pela Europa fora!…
Será o Salazar que anda por aí a espalhar trabalho escravo?
Onde quer que haja este tipo de actividade e, sabendo como é o espírito destes empreendedores haverá sempre situações como estas. Portugal não será excepção. Diabo, resido numa região onde há produção agrícola intensiva com recurso à plasticultura e se nem fazem a gestão dos resíduos plásticos que sobram de cada cultura, deixando-os nos terrenos para serem enterrados pelo tempo ou levados pelo vento, íam preocupar-se com “isto”. Na região Oeste tb há imensos imigrantes de origem nepalesa que vivem em situações semelhantes. Lucro! Isso é que interessa.