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Sim, parece que as sanguessugas também são um bom animal de estimação

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As sanguessugas são animais um bocadinho bizarros e que gostam de se alimentar do nosso sangue mas, pelos vistos, há quem não se importe com isso.

Uma dessas pessoas é Ariane Khomjani que, em entrevista ao Science Alert, explicou o porquê de ter várias sanguessugas como animais de estimação.

“São criaturas incríveis e curiosas que crescem imenso e que dão animais de estimação maravilhosos. Algumas gostam de tentar escapar para se alimentarem com mais frequência do que outras. Mas quando estão cheias, ficam felizes de se sentarem e descansarem algum tempo fora de água, se manuseadas com cuidado”, afirmou ao site.

Além de cobras e outros répteis, que gosta de partilhar com os seus seguidores no Instagram, Khomjani tem quatro espécies diferentes de sanguessuga. Uma das espécies, conhecida como sanguessuga medicinal, é uma das que tem maior dimensão e é originária do continente asiático (Hirudinaria manillensis).

Existem mais de 600 espécies de sanguessuga espalhadas pelo globo e a maioria são sugadoras de sangue.  Outras, como as erpobdelliformes (Pharyngobdellida) são espécies predadoras que engolem as suas presas invertebradas inteiras, enquanto outras são detritívoras, alimentando-se de restos animais ou vegetais.

De acordo com o Science Alert, estes animais podem ter até oito pares de ocelos (manchas oculares), que utilizam para detetar as sombras de possíveis presas. Os seus fragmentos cerebrais estão espalhados por 32 segmentos corporais e são hermafroditas, de modo que cada espécime tem órgãos masculinos e femininos, embora ainda precisem de um parceiro para se reproduzir.

Se uma sanguessuga faminta sentir o calor do nosso corpo ou o CO2 libertado pela nossa respiração, pode aproximar-se de nós usando a boca ou o rabo (sim, leu bem esta parte). Se perceber que somos um hospedeiro adequado, a sanguessuga injeta saliva – que contém compostos anestésicos e anti-coagulantes – antes de nos morder com as suas mandíbulas serrilhadas.

“Depois de se alimentarem, já nem se sente nada, mesmo quando se trata de uma sanguessuga medicinal”, explicou Khomjani, que não se importa que os seus bichos de estimação se alimentem do seu sangue, embora admita que possa doer um pouco.

 

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Khomjani afirma que enquanto a maioria das feridas sem cura sem uma única cicatriz, devido aos anticoagulantes na saliva da sanguessuga, às vezes pode levar vários dias para que o sangue pare. Mas, como recorda o mesmo site, são exatamente essas propriedades da saliva que fazem com que estes animais suscitem interesse.

“As sanguessugas estão ligadas à cultura humana, especialmente na Europa, há séculos”, explica o parasitologista Mackenzie Kwak, da Universidade Nacional de Singapura.

Um desses casos foi usar, durante cerca de três mil anos, este animal para fins médicos. Durante a era vitoriana, no século XIX, eram usadas para tratar de tudo, desde dores de cabeça à ninfomania.

Esta utilização excessiva das sanguessugas fez reduzir drasticamente as populações de sanguessugas medicinais da Europa (Hirudo medicinalis), pelo que esta é agora uma espécie protegida.

Atualmente, as sanguessugas ainda são usadas na medicina humana e animal em todo o mundo e são aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos,  como “dispositivos médicos”.

“As sanguessugas são usadas no pós-operatório em pacientes que tiveram recolocação de dedos ou cirurgia de músculos ou de retalho. São aplicadas no local e sugam o sangue congestionado para permitir que o fluxo sanguíneo para as periferias mantenha o local cirúrgico viável”, explica ao Science Alert Julie Smolders, enfermeira do South Western Sydney Local Health District, na Austrália.

Questionado sobre as reações negativas das pessoas, quando sabem quais são os seus animais de companhia, Khomjani responde com outra pergunta: “Conseguem imaginar o ultraje que seria se alguém falasse dos cães e dos gatos da mesma forma que falam sobre as sanguessugas?”.

ZAP //

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