Rússia está a recrutar nas prisões soldados “velhos, em má forma e mal treinados”

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Sergei Ilnitsky / EPA

À procura de aumentar o seu exército, Moscovo estará a recrutar soldados “velhos, em má forma e mal treinados” de prisões.

Homens com farda militar visitaram uma prisão em São Petersburgo, onde ofereceram amnistia em troca da integração dos prisioneiros nas forças russas que combatem na Ucrânia, revelou à agência Associated Press a companheira de um dos presos.

Nos dias seguintes a esta visita, cerca de meia dúzia de prisioneiros deixaram o estabelecimento, segundo uma mulher, cujo namorado cumpre pena naquele espaço.

Na Rússia tem decorrido um esforço de recrutamento secreto, que inclui o uso de prisioneiros para compensar a escassez de mão-de-obra. Esta opção surge numa altura em que centenas de soldados russos se têm recusado a lutar e tentam sair das Forças Armadas.

“Estamos a assistir a um grande fluxo de pessoas que querem deixar a zona de guerra, aqueles que estão a servir há muito tempo e os que assinaram um contrato recentemente”, explicou Alexei Tabalov, advogado que dirige um grupo de apoio jurídico da Escola de Recrutas.

Embora o Ministério da Defesa negue “qualquer atividade de mobilização”, os esforços estão visíveis em cartazes publicitários ou anúncios nos transportes públicos em várias regiões.

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou recentemente um aumento das Forças Armadas russas em 10%, ou cerca de 137.000 militares, até janeiro de 2023. Todavia, o Pentágono considerou que “é improvável que esse esforço seja bem-sucedido, pois a Rússia historicamente não cumpre os seus objetivos de pessoal e poderio”.

“A Rússia já começou a recrutar mais para formar pelo menos um batalhão de voluntários por distrito e formar um Terceiro Corpo de Exército. Fizeram isso removendo o limite de idade para novos recrutas e também recrutando prisioneiros”, confidenciou um funcionário do Pentágono, citado pelo Jornal de Notícias.

“Podemos observar que muitos desses novos recrutas eram velhos, em má forma e mal treinados. Tudo isso sugere que os novos recrutas que a Rússia pode atrair até ao final do ano não reforçarão o poder de combate do país”, acrescentou.

EUA defendem “encerramento controlado” de Zaporijia

Os Estados Unidos propuseram esta segunda-feira um “encerramento controlado” dos reatores da central nuclear de Zaporíjia, localizada no sul da Ucrânia e controlada pelas forças russas, defendendo que é a melhor forma de evitar um acidente grave.

“Continuamos a acreditar que o encerramento controlado dos reatores seria a opção mais segura e menos perigosa a curto prazo“, destacou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

Os norte-americanos realçaram que a Rússia “militarizou” a maior instalação nuclear da Europa, no dia da partida de uma missão de 14 peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para a central de Zaporíjia.

Kirby aplaudiu também o início da missão internacional, destacada para monitorizar a situação da central nuclear ‘in situ’.

Esta central foi tomada pelas forças russas cerca de duas semanas depois do início da ofensiva militar de Moscovo contra o país vizinho, em 24 de fevereiro.

Desde então, Ucrânia e Rússia têm trocado acusações sobre ataques realizados contra Zaporíjia.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano também avaliou a evolução da frente militar, destacando que as forças ucranianas têm uma “boa oportunidade” de recuperar terreno.

No início do dia, o Exército ucraniano garantiu que lançou uma ofensiva em diversas frentes no sul do país e que conseguiu romper uma primeira linha de defesa das tropas russas na região de Kherson.

Por outro lado, o Ministério da Defesa russo disse hoje que repeliu “tentativas de ofensivas” ucranianas em Kherson e Mykolaiv, no sul da Ucrânia, acrescentando que impôs “perdas pesadas”.

Embora por agora não seja completamente claro o alcance concreto das operações ucranianas, a Casa Branca adiantou que a Rússia já teve que transferir recursos do leste da Ucrânia para o sul, por temer perder parte do que conquistou nos últimos meses.

“Do ponto de vista estratégico, [a ofensiva ucraniana] já teve efeito sobre as capacidades militares russas dentro da Ucrânia”, sublinhou.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Não passam de “carne para canhão”, se a Ucrânia receber o moderníssimo e poderoso armamento dos EUA. A Rússia pode ter-se metido noutro Afeganistão.

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