Rússia afirma ter atacado hangares com armas ocidentais. País “tornou-se a maior organização terrorista do mundo”, diz Zelenskyy

8

Anton Gerashchenko / Twitter

Ataque ao centro comercial em Kremenchuk.

A Rússia tornou-se “a maior organização terrorista de sempre”, afirmou na segunda-feira o Presidente ucraniano, referindo-se ao um ataque russo a um centro comercial em Kremenchuk, que fez pelo menos 18 vítimas. A Rússia afirma que ataque foi dirigido a hangares que armazanavam armas ocidentais.

“Apenas terroristas totalmente loucos, que não têm lugar na terra, podem lançar mísseis contra tal alvo. E este é um ataque russo calculado – exatamente neste shopping”, referiu o chefe de Estado, no discurso publicado no site da Presidência, no qual revelou um novo apelo feito às Organização das Nações Unidas (ONU).

Volodymyr Zelenskyy pediu à ONU para que reconheça a Rússia como um estado que promove o terrorismo, na sequência do ataque que causou a morte de pelo menos 18 pessoas, segundo um balanço das autoridades locais, realizado às 07:00 locais (por volta das 05:00 em Lisboa), citado pelo Guardian.

O Ministério da Defesa russo já veio a público afirmar que o ataque não se destinava ao centro comercial em Kremenchuk, mas sim a hangares com armas e munições norte-americanas e europeias, que se encontravam próximos a uma fábrica de veículos rodoviários da cidade, avançou a Meduza.

“As armas e as munições de fabrico ocidental concentraram-se nessa área de armazenamento para serem enviadas às tropas ucranianas em Donbas. A detonação dessas munições causou um incêndio num centro comercial localizado ao lado do território da fábrica”, lê-se no artigo.

As operações de resgate continuam na manhã desta terça-feira para procurar vítimas que possam estar presas debaixo dos escombros. Cinquenta e nove pessoas procuraram assistência hospitalar e 25 foram internadas nos cuidados intensivos de um hospital em Kremenchuk.

“Todos no mundo têm de saber que comprar ou transportar petróleo russo, manter contactos com bancos russos ou pagar impostos e tarifas ao Estado russo significa dar dinheiro a terroristas”, sublinhou Zelenskyy.

O Presidente pediu também aos líderes mundiais do G7 que disponibilizassem à Ucrânia sistemas de defesa anti-aérea, que aumentassem as sanções à Rússia e ajuda para a reconstrução do país. Na sequência do ataque, que classificaram como “abominável”, os líderes do G7 afirmaram que se trata de um “crime de guerra”.

Presidência Ucraniana / EPA

“Estamos unidos com a Ucrânia no luto pelas vítimas inocentes deste ataque brutal. Ataques indiscriminados a civis inocentes constituem um crime de guerra. O presidente russo [Vladimir] Putin e os responsáveis ​​serão responsabilizados. Hoje, sublinhamos o nosso apoio inabalável à Ucrânia diante da agressão russa, uma guerra de escolha injustificada que dura 124 dias”, lê-se num comunicado do grupo.

Numa declaração conjunta divulgada na segunda-feira, na cimeira que decorreu na Alemanha, os líderes comprometeram-se a “continuar a fornecer” apoio financeiro, humanitário, militar e diplomático à Ucrânia “enquanto for necessário”.

O grupo já tinha avançado que a intenção de explorar opções viáveis para apoiar a Ucrânia e contribuir para a recuperação e reconstrução do país – nomeadamente utilizando os ativos russos congelados. Ficou estabelecido que seriam fornecidos “até cerca de 27 mil milhões de euros de apoio orçamental para o ano de 2022”.

Num discurso que não foi transmitido através de videoconferência para os representantes do G7, o Presidente ucraniano disse que a guerra deve terminar até ao final do ano.

Rússia esgotará em breve as suas capacidades

Serviços secretos ocidentais e especialistas militares acreditam que as tropas russas estarão prestes a esgotar as suas capacidades de combate, e, em breve, serão forçadas a interromper a ofensiva na região do Donbas, afirmou um alto funcionário ocidental, que falou ao Washington Post sob anonimato.

“Chegará o momento em que os pequenos avanços que a Rússia está a fazer se tornarão insustentáveis ​​perante os custos, e os militares russos precisarão de uma pausa significativa para regenerar a capacidade ofensiva”, disse.

Nas últimas semanas, lembrou o Expresso – que recolheu depoimentos de vários analistas e compilou num artigo – os russos capturaram a cidade de Severodonetsk, aproximando-se de Lysychansk, na margem oposta do rio Donets. A captura da cidade daria à Rússia o controlo quase completo de Luhansk.

Segundo a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Anna Malyar, os russos querem dominar Luhansk até domingo. O alto funcionário ocidental disse que isso implicaria um gasto enorme de projéteis, que têm sido disparados a uma velocidade que quase nenhum exército do mundo seria capaz de sustentar por muito tempo.

Sergei Ilnitsky / EPA

Ao Expresso, Michael Clarke, consultor de Defesa no Reino Unido, havia declarado: “se os russos quiserem capturar Kiev, só daqui a um ano, depois de uma mobilização militar nacional significativa”. Justin Bronk, do think tank britânico Rusi, também tinha sublinhado que o exército russo está perto dos seus limites ofensivos na Ucrânia.

“A Rússia não tem força física suficiente na operação militar especial na Ucrânia, tendo em conta que a linha de confrontos tem uma extensão de mil quilómetros (ou mais)”, escreveu o bloguer militar russo Yuri Kotyenok, no Telegram, estimando que o país precisaria de 500 mil soldados para atingir os seus objetivos.

A Rússia tem utilizado tanques antigos, que se encontravam armazenados. Mas não se sabe ao certo a dimensão dos seus stocks de artilharia, sustentaram os analistas, sublinhando que mesmo que o país tenha reforçado a indústria de defesa, não tem capacidade para acompanhar a velocidade com que gasta projéteis.

Segundo os analistas, citados pelo semanário, as condições ucranianas devem melhorar à medida que armas ocidentais mais sofisticadas vão chegando ao território – veículos blindados franceses; os alemães Panzerhaubitze 2000; os sistemas americanos HIMARS.

Mattia Nelles, analista político alemão que estuda a Ucrânia, considera que os ucranianos mantiveram um alto nível de sigilo operacional, tornando difícil saber, por exemplo, quantos soldados ainda se encontram na área de Lysychansk ou até a verdadeira taxa de óbitos.

Michael Kofman, diretor de estudos russos do Centro de Análise Naval, defendeu no podcast Geopolitics Decanted, que, embora as forças ucranianas estejam a atravessar um momento difícil, não se encontram “em perigo de colapso”.

NATO na Crimeia – “Terceira Guerra Mundial”

Qualquer “intromissão” na península da Crimeia por um membro da NATO poderia equivaler a uma declaração de guerra contra a Rússia que levaria a uma “Terceira Guerra Mundial”, disse o antigo Presidente russo, Dmitry Medvedev.

“Para nós, a Crimeia é uma parte da Rússia. E isso significa para sempre. Qualquer tentativa de intromissão na Crimeia é uma declaração de guerra contra o nosso país”, afirmou Medvedev a um site russo, citado pela Reuters.

“E se isto for feito por um Estado-membro da NATO, significa conflito com toda a aliança do Atlântico Norte, uma Terceira Guerra Mundial. Uma catástrofe completa”, considerou ainda.

Taísa Pagno, ZAP //

8 Comments

  1. Não tarda nada aparece ai um iluminado a dizer que a Russia não tem culpa nenhuma, que são os Estado Unidos a orquestrar tudo por detrás da cortina… Devem ter feito alguma lavagem cerebral a quem lançou os misseis ou deu lhe as coordenadas erradas… Enfim, acordem, isto parece inacreditável em pleno seculo XXI… Não haverá ninguém neste mudo capaz de limpar de vez este Putin de m…. de uma vez por todas e acabar com esta loucura????

  2. A Rússia é uma grande potência militar que sabe muito bem que centros comerciais, escolas, hospitais, não são alvos táticos nem o seu ataque serviria para nada em termos militares. Por isso não é credível que o exército russo faça deliberadamente fogo sobre instalações desse tipo, embora acidentes sejam sempre possíveis. Por outro lado, uma parte significativa da população da Ucrânia é russa e apoiante da Rússia, pelo que a Rússia pode contar com uma enorme fonte de informções fidedignas relativas aos locais onde se encontram armazenadas as armas e munições vendidas pelos países da NATO. Por isso é muito plausível que as instalações alvejadas pela Rússia abrigassem esse tipo de material e munições, e que tenha sido a sua explosão que veio provocar o incêndio do centro comercial situado na proximidade. Pode-se condenar a intervenção militar russa na Ucrânia, mas nada justifica as mentiras sistemáticas, e as acusações sem fundamento relativamente à atuação das forças armadas russas. A Rússia está a vencer no terreno e não precisa de mentir, sendo a Ucrânia que desesperadamente precisa de desviar a atenção do seu falhanço operacional, acusando a Rússia de todo o tipo de crimes, na esperança de suscitar alguma simpatia da parte de países terceiros. Mais tarde ou mais cedo se saberá efetivamente qual foi o comportamento das tropas russas na Ucrânia, mas as pessoas bem intencionadas deviam desde já ter alguma prudência nas acusações que fazem, sobretudo quando as ações imputadas à Rússia de nada serviriam do ponto de vista operacional. Em qualquer exército há gente capaz de praticar crimes de guerra, como se viu no Vietename, na Coreia ou no Iraque, mas considerar que todo um exército de um qualquer país é capaz de sistematicamente praticar crimes de guerra, é absolutamente ridículo.

    • Concordo 100% com o que escreveu, alem disso parece que se esquecem que os EUA e NATO Assassinaram Milhares nas Invasões do IRAQUE alegando que tinham armas Nucleares e que nunca as Encontraram, mas para as Pessoas ai Já os assassinatos e Destruição é diferente ou seja se for a NATO ou os EUA aceitam que se Mate e destrua se for a RUSSIA já é crime…

  3. J. Galvão , os fofinhos americanos e alguns europeus criaram mais 300 mil candidatos a “assassinos” e nós teremos de alimentar durante sei la quantos anos, aquelas bocas com um kilo de comida por dia que ao fim de um ano terão consumido 109.500.000 ( CENTO E NOVE MILHOES E QUINHENTOS MIL KILOS ) em 10 anos serão biliões de kilos, e eles todos com bom corpo para trabalhar, alem de pagarmos toda esta alimentação, ainda vamos pagar as armas, munições, estruturas, transportes e toda a logística que se adivinha, se os pusessem nos campos de produção agrícola, nas florestas, nas minas, no mar, ou nas fabricas de, equipamentos pró agrícolas, ou ainda a produzir comboios, autocarros, e outros meios, o povo seria mais feliz e viveria mais FOFINHO esperando pela morte natural. Os fofinhos das três reuniões só pensaram neles e nas jantaradas e esqueceram a miséria que lastra no MUNDO morrer com fome é muito mais doloroso que morrer numa guerra. Vamos pedir a PAZ.

    • Conversa da treta tens de sobra. Quando te assaltarem a casa em vez de chamares a policia (os tais que não fazem nenhum e comem 1kg por dia) oferece aos assaltantes a chave do cofre, dá-lhes almoço ou jantar e para final de festa até lhe podes oferecer a filha ou a sobrinha. Faz isso e vais ver quantas vezes te assaltam por semana até se instalarem definitivamente na tua casa e fazerem de ti escravo.

  4. J. Galvão, Fofinhos, ja convidei gente menos importante, quanto aos ladroes , ficamos preocupados com a posição do Marcos deve ser chefe de alguma Mafia para saber tudo o que afirma. Fofinhos peçam a PAZ c/Z.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.