Rússia ataca com armas proibidas há 46 anos. Canal russo ajuda russos a fugirem da guerra

Oleg Petrasyuk / EPA

Bakhmut continua a ser a cidade com batalhas mais duras. Há alternativas “mais ou menos legais” para quem não quer combater.

Uma boa parte dos exércitos de Rússia e Ucrânia tem estado concentrada em Bakhmut, ao longo das últimas semanas.

De acordo com dados do Instituto para o Estudo da Guerra, a Rússia controla nesta altura mais de 75% da cidade a norte de Donetsk, no Leste da Ucrânia.

Nesta quinta-feira o ministério da Defesa da Rússia assegurou que a cidade está bloqueada. Uma versão contrariada pelo Grupo Wagner e pelas autoridades ucranianas.

O exército russo está a tentar cercar Bakhmut a norte e a sul, de acordo com informações de Kiev.

As forças de Moscovo atacaram novamente Bakhmut, na noite passada, desta vez com munições de fósforo branco.

Essas munições estão proibidas há 46 anos, lembra o portal TSN. O uso deliberado destas armas incendiárias contra alvos civis foi proibido num protocolo de emenda às Convenções de Genebra, em 1977.

A temperatura muito elevada que estas munições criam origina derretimento quase instantâneo de metais, madeiras, corpos de animais e pessoas.

É uma arma particularmente perigosa num raio de 150 metros do epicentro da explosão.

Em Dezembro do ano passado, a Rússia já terá utilizado o mesmo tipo de ataque em Kherson.

Fugir à guerra

Desde a terça-feira passada, o processo de recrutamento na Rússia passou a ser feito de forma electrónica.

O Kremlin quer dificultar a fuga à mobilização militar. Porque, até aqui, com as convocatórias entregues em papel, havia algumas dificuldades nessa entrega presencial ou por correio, por parte dos recrutadores.

A partir do momento em que recebe a convocatória, o russo chamado para a guerra está proibido de deixar o país.

E se não se apresentar, no máximo, 20 dias depois de a receber, fica proibido de conduzir, contrair empréstimos, vender e arrendar casas, ou transferir casas para familiares.

Mesmo assim, Grigory Sverdlin, chefe do projecto anti-guerra Go Through the Forest, esteve no Meduza a deixar alternativas “mais ou menos legais” de fugir à guerra.

No programa de rádio, foi partilhada uma lista de 10 organizações e projectos que ajudam os russos que não querem ir para a linha da frente. Advogados, activistas e psicólogos integram essas organizações humanitárias ou sociais que ajudam quem quer evitar a guerra, acrescenta a rádio Observador.

O Meduza é um canal online russo, mas independente. E foi no mesmo portal que foi partilhada outra estória: a embaixada da Alemanha em Moscovo recusou um visto Schengen a um cidadão russo.

Porquê? Porque o russo em causa está em “idade militar” e pode ser chamado para a guerra. E isso “provavelmente reduzirá significativamente a sua vontade de voltar para a Rússia antes que o visto expire”, justifica a embaixada.

O cidadão queria visitar a sua irmã, que mora na Alemanha.

ZAP //

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