O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Rússia advertiu esta terça-feira que poderá interromper as relações com a União Europeia (UE) em resposta às sanções impostas por Bruxelas por causa do envenenamento do líder da oposição russa Alexei Navalny.
A posição de Moscovo surgiu um dia depois de os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE acordarem sobre a imposição de sanções a oficiais e organismos da Rússia, considerados responsáveis pelo envenenamento de Navalny com um agente nervoso do grupo Novichok.
“Provavelmente teremos de simplesmente deixar de falar com as pessoas no Oeste que são responsáveis pela política externa e que não entendem a necessidade de um diálogo respeitoso mútuo”, explicitou o MNE russo, durante uma conferência em Moscovo, citado pela Associated Press (AP).
Em relação às recentes declarações da presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula Von der Leyuen, de exclusão de uma parceria com a Rússia, o chefe de diplomacia russa garantiu que esse cenário é possível, se a União Europeia assim o quiser.
“A Rússia quer perceber se é possível fazer negócios com a União Europeia nas condições atuais”, explicitou Sergey Lavrov.
Esta segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE aprovaram um pacote de sanções contra Moscovo, após o envenenamento do opositor russo, Alexei Navalny, com um agente nervoso do grupo Novichok.
O ministro dos negócios estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, e o seu homólogo alemão, Heiko Maas, tinham publicado, na altura, um comunicado conjunto em que referiam que “a França e a Alemanha pediram múltiplas vezes à Rússia para esclarecer as circunstâncias do crime, assim como aqueles que a perpetraram”, mas “nenhuma explicação credível” lhes foi fornecida.
Cabe agora ao Conselho Europeu implementar as sanções hoje aprovadas, com base numa lista que será fornecida pela França e Alemanha.
Navalny começou a sentir-se mal a bordo do avião que fazia a rota entre Tomsk, na Sibéria, e Moscovo, no passado dia 22 de agosto, acabando por entrar em coma, tendo sido mais tarde transferido para um hospital de Berlim, a pedido da família.
Três laboratórios europeus já haviam concluído que Navalny foi envenenado com esse agente nervoso do tipo Novichok, projetado para fins militares na época soviética.
Navalny acusou o russo Vladimir Putin de estar “por trás” do envenenamento, uma acusação que o Kremlin já qualificou “insultuosa e inaceitável”.
ZAP // Lusa