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Revolução no PSD. Rio não vai ser cabeça de lista nas legislativas

José Coelho / Lusa

Rui Rio não vai ser o cabeça de lista do PSD pelo Porto. O líder social-democrata cedeu o lugar a Hugo Carvalho, de 28 anos, presidente do Conselho Nacional de Juventude.

O objetivo é dar o exemplo às restantes estruturas e fazer uma rutura com a habitual lógica partidária. “Se o atual sistema não funciona”, disse fonte da direção do partido ao Expresso, “é tempo de fazer diferente”.

A revolução da escolha dos cabeças de lista do PSD surpreende também no círculo mais importante do país, onde se elegem mais deputados. Quando se especulava sobre a possibilidade de David Justino, vice-presidente do partido e um dos homens de maior confiança de Rio, assumir o lugar em Lisboa, o líder do PSD decidiu apostar noutra jovem pouco conhecida, mas com um sobrenome histórico: Filipa Roseta, arquiteta, vereadora da Câmara Municipal de Cascais e filha de Helena e Pedro Roseta.

Já em Aveiro, distrito de Salvador Malheiro, outro dos vices mais próximos de Rio, a cabeça de lista será mais uma cara nova e desconhecida: Ana Miguel Santos, advogada e investigadora associada em Cambridge.

Em Coimbra, a número um da lista será Mónica Quintela, advogada que já é porta-voz para a área da justiça do Conselho Estratégico Nacional do partido. Destes primeiros nomes, a que tem mais notoriedade é Margarida Balseiro Lopes, líder da JSD, que foi escolhida para encabeçar a lista pelo círculo eleitoral de Leiria.

André Coelho Lima, vereador em Guimarães e vogal da direção política do partido, será o cabeça de lista por Braga. Porém, a distrital de Braga, liderada pelo eurodeputado José Manuel Fernandes, indicou nomes para as listas do partido que não incluem o cabeça de lista para o distrito escolhido pelo líder do PSD. A concelhia social-democrata de Guimarães apontou o deputado Emídio Guerreiro.

Em conjunto, estes seis círculos eleitorais representam dois terços do eleitorado do PSD. A estratégia é arriscada, mas assumida. “Rui Rio sabe que está a assumir um risco. Mas é um risco que vale a pena assumir”, disse fonte da direção do partido.

Para o líder social-democrata, estas escolhas são, acima de tudo, um sinal de “coerência”: se desde que assumiu a presidência do partido se tem esforçado por dizer que veio para fazer diferente, “o primeiro sinal tem de ser este”. “É urgente fazer ruturas. Temos de trabalhar para o futuro. De convocar os mais jovens e gente da sociedade civil”, sublinha a mesma fonte.

Mesmo na direção do partido é reconhecido que estes seis cabeças de lista não têm a experiência política e a notoriedade de outras figuras de primeira linha. A ideia de Rio é compensar esta falta com nomes fortes nos restantes lugares da lista.

Para já, a única certeza é que Rui Rio será o número dois do PSD no Porto. Fora destes seis grandes círculos, o único nome praticamente fechado é o de Fernando Ruas, que deixou o Parlamento Europeu e deverá ser o cabeça de lista do partido por Viseu. Em Santarém, o processo também parece concluído: João Moura, atual líder da distrital, foi indicado pelas estrutura e parece colher o apoio de Rio.

Em Setúbal, a distrital liderada por Bruno Vitorino quer ver Maria Luís Albuquerque novamente como cabeça de lista, algo que dificilmente acontecerá. A alternativa deve ser Fernando Negrão — mas o atual líder parlamentar não agrada à estrutura, de acordo com o mesmo jornal.

ZAP //

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