A revista alemã Der Spiegel divulgou a segunda parte da entrevista a Rui Pinto, na qual o whistleblower português deixou duras críticas ao modus operandi do SL Benfica.
“Pensam que dominam o país. Mas acabou, porque as pessoas começam a abrir os olhos”, começou por dizer Rui Pinto. “Este clube é como um polvo de influência. Há um pormenor muito importante sobre o qual quero que o público pense. Ao mesmo tempo que as autoridades portuguesas enviavam um pedido às autoridades húngaras para alargar o meu mandado de detenção europeu, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria recebeu dois bilhetes VIP para jogos do Benfica e teve encontros no estádio do Benfica. Isto é o Benfica”.
Para Rui Pinto, esta não se trata de uma coincidência: “Na minha opinião não. Depois da publicação de e-mails do Benfica, todos começaram a perceber que o modus operandi dos seus dirigentes era alargar a influência, muitas vezes por cortesia, para alcançar os seus objetivos”.
“O Benfica foi uma das partes mais interessadas no alargamento do mandado de detenção europeu. A Péter Szijjártó [ministro dos Negócios Estrangeiros] faltou o senso comum, e como diz o ditado ‘à mulher de César não basta ser, é preciso parecer’. Ficará sempre uma nuvem de suspeição sobre o alargamento do mandado europeu de detenção”, acrescentou, citado pela Tribuna Expresso.
Rui Pinto reforçou ainda que não se considera um hacker. “Alguém que procura, recebe e analisa informação relativa a crimes relevantes como corrupção e fraude fiscal e decide partilhá-la com media internacionais ou diretamente com as autoridades deve ser considerado um whistleblower”, disse à Der Spiegel.