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Rui Pinto revelou “o mapa do tesouro”. Louçã foi a tribunal defender o hacker

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Mário Cruz / EPA/Lusa

Rui Pinto no arranque do julgamento do chamado caso “Football Leaks” que envolve o Fundo de Investimentos Doyen.

“O Luanda Leaks abriu a luz numa sala que estava às escuras”. As palavras são do ex-coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que foi a tribunal defender o hacker Rui Pinto, considerando que aquele caso foi “um momento de viragem” para Portugal e Angola.

Ouvido como testemunha arrolada pela defesa de Rui Pinto, na 39.ª sessão do julgamento do processo Football Leaks, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o economista e conselheiro de Estado começou por notar que, atualmente, “a sofisticação do crime económico e do branqueamento de capitais é de altíssima complexidade“.

E isso, no seu entender, reforça ainda mais a importância do Luanda Leaks, cuja fonte foi Rui Pinto que foi também o criador do Football Leaks.

O caso Luanda Leaks expôs, em Janeiro de 2020, alegados esquemas financeiros da empresária Isabel dos Santos e do marido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

“O Luanda Leaks abriu a luz numa sala que estava às escuras”, disse Louçã em tribunal, notando que “provou que este universo era uma forma de reciclagem de recursos de uma enorme dimensão”.

“O Luanda Leaks forneceu às autoridades angolanas informação de grande valor para promover a sua própria investigação e os caminhos que a investigação tem vindo a prosseguir”, apontou ainda o ex-dirigente do Bloco.

“É ter o mapa do tesouro”

Autor do livro “Os Donos Angolanos de Portugal”, Louçã explicou ainda que a informação se baseava “estritamente em fontes legais e em informação publicamente acessível”.

“Podíamos pressupor que o enriquecimento da família dos Santos provinha dos recursos públicos e isso era uma hipótese forte perante as evidências”, começou por declarar a testemunha.

Loução também apontou o mérito da informação divulgada, nomeadamente o circuito entre cerca de 400 empresas associadas à empresária angolana. “É ter o mapa do tesouro e poder perceber como funciona esta operação”, destacou.

Assegurando não ter “acesso a fontes ilegais” ou “capacidade jurídica” para discutir a questão do acesso à informação, Francisco Louçã defendeu a opção de incluir na segunda edição do seu livro, lançado em 2020, revelações do Luanda Leaks e vincou que a origem da informação nunca esteve em causa.

“Tenho conhecimento de que ela é divulgada por um consórcio internacional de jornalistas, que assume a responsabilidade pela sua divulgação. E a informação é pública. Portanto, reportei na segunda edição do livro. Não tive qualquer dúvida”, frisou.

O actual comentador político também apontou que a autoria do livro ou da investigação jornalística não substitui o papel das autoridades.

Football Leaks tem “relevância pública e democrática”

Em relação ao Football Leaks, o antigo líder bloquista manifestou o seu conhecimento da situação pela comunicação social, apesar de ter valorizado o interesse público dos dados divulgados pela plataforma electrónica criada por Rui Pinto.

“Registei com gosto o facto de se poder ter uma informação que é de enorme importância e de relevância pública e democrática. Algumas autoridades usaram essas informações para obterem pagamentos de impostos que eram devidos e só por isso a sua relevância já é importante”, referiu Francisco Louçã.

O comentador lamentou ainda a associação de diversas transacções no futebol a intermediação sediada em paraísos fiscais.

O julgamento do processo Football Leaks prossegue na próxima quinta-feira, com as audições das testemunhas Miguel Poiares Maduro, Francisco Nina Rente e Gerard Ryle.

Rui Pinto, de 32 anos, responde por um total de 90 crimes, incluindo acesso indevido e violação de correspondência, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República.

O pirata informático também responde por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de Agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária e ao seu “sentido crítico”. Mas, por questões de segurança, está inserido no programa de protecção de testemunhas em local não revelado e sob protecção policial.

ZAP // Lusa

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3 Comments

    • Pois… Parece que o crime vai compensar para este mercenário. e continua a haver pessoas que acham que é válido invadir a privacidade de outros desde que se “justifique”. é assim que morre o estado de direito. E ainda há gente que acha que este “senhor” DEU as informações… crentes! Se ele realmente fosse quem ele diz que é (alguém que quer desmascarar a corrupção em Portugal – de alguém que nem vive cá…) DAVA as informações e não as vendia! É um mercenário criminoso!… Que se vai safar porque há “outros” (poderosos/ricos) que têm medo que ele abra a boca.
      Pior! É um dos piores hackers do mundo! Porque digo isto? Porque foi apanhado! Pior! Foi apanhado… pela polícia portuguesa!

  1. “É ter o mapa do tesouro”… Mas com batota! Tenho pena que o Francisco Louçã, alguém que tinha (porque já não tenho) muito respeito, assim como tinha pela Dra Ana Gomes, valide atos criminosos. Um crime para descobrir outro não está certo num estado de direito. É uma vergonha! Luanda Leaks? Acordem! Acredito que ele criou o Luanda Leaks por a Isabel dos Santos não lhe pagou para estar calado! Claro que não tenho provas! Assim como não tenho provas que o bimbo viu a agressão.
    “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”

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