Autarca do Porto acusa o Estado de estar a varrer responsabilidades com o atual processo de descentralização.
Rui Moreira descreve a decisão de retirar o Porto da Associação Nacional de Municípios Portugueses como o ponto político mais marcante do seu segundo mandato, garantido que se tratou de “um momento pensado” e não “um momento de precipitação” ou “uma zanga“.
Fala mesmo na “melhor estratégia para a cidade do Porto”. Como tal, não equaciona sequer a possibilidade de voltar atrás. “Enquanto eu for presidente, não tem retorno. Daqui a três anos haverá um novo presidente, haverá um novo executivo e nunca sabemos o que vai acontecer. Comigo, não voltaremos certamente.”
No centro do braço de ferro está a forma como decorre o processo de descentralização, o qual Rui Moreira tem criticado pela falta de verbas enviadas para as autarquias, o que entende ser um “varrer de responsabilidades do Estado para as autarquias”.
“Se nós olharmos para a educação com quatro milhões e meio de euros, se olharmos para as praias que é um montante seguramente superior a um milhão de euros, se pensarmos agora no que vem aí com a solidariedade social, que nós estimamos em qualquer coisa como dois milhões e meio de euros, estamos a falar, grosso modo, em dez milhões de euros de dinheiros que nós vamos ter que pôr para coisas que antes não púnhamos. E naturalmente, isto condiciona outras políticas do município, seja a título de investimento, seja a nível da despesa corrente para, por exemplo, acudir às famílias”, explica, em entrevista à TSF.
No plano pessoal, cumpre atualmente o terceiro e último mandato como presidente da Câmara do Porto, pelo que as perguntas relacionadas com o futuro são inevitáveis. Fora dos planos parece estar uma candidatura à presidência do Futebol Clube do Porto. “Ainda tenho três anos pelo caminho. Quando acabar terei 69 anos: será uma boa altura para escrever memórias e olhar pelo meus netos e voltar a fotografar, que é uma coisa de que gosto muito.”