Perante a incapacidade de Lisboa em responder à demanda, o autarca entende que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, enquanto um instrumento nacional, deve ser considerado, já que tem “capacidade instalada”.
Tem sido a voz mais audível nas críticas ao Governo e ao processo de descentralização por este idealizado, mas também ao caminho seguido pela TAP, no qual o aeroporto de Lisboa tem sido a primeira escolha, em detrimento de uma aposta clara no Porto — inclusive, alvo de cancelamento de rotas. Mesmo assim, Rui Moreira defende uma resposta articulada entre as duas estruturas para a solução do tráfego aéreo que o país tem enfrentado.
Apesar de ressalvar que não gostava de ser chamado à mesa das decisões para a discussão sobre a nova infraestrutura, por entender que não tem legitimidade para ser ouvido sobre a matéria, afirma que “a construção de um novo aeroporto em Lisboa” é urgente, seja ele um projeto novo ou complementar à Portela.
“Parece-me, à partida, que o Montijo, salvo questões ambientes, é o melhor até porque já lá existe um aeroporto. Agora temos a questão do, entretanto, e o, entretanto é até que essa solução seja pronta“, explicou em entrevista ao jornal Público e à Renascença.
Foi neste contexto que o autarca defendeu que, perante a incapacidade de Lisboa em responder à demanda, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, enquanto um instrumento nacional, deve ser considerado, já que tem “capacidade instalada“.
“Bem sei que para quem está em Lisboa diz, mas eu agora vou viajar atrás do Porto para Maputo ou Nova Iorque? Esta ideia de que muitas vezes se confunde o hub de Lisboa, como sendo um hub nacional e esquecer as outras valências, parece-me que andamos aqui, provavelmente, a ignorar esta questão. Devo dizer que eu já discuti este assunto quer com o primeiro-ministro, quer com o ministro Pedro Nuno Santos.”
Questionado se obteve alguma conclusão, a resposta foi perentória: “não“. A abordagem terá acontecido precisamente pelas notícias que dão conta da rutura do aeroporto da Portela e do tempo que será necessário para construir uma nova solução aeroportuária, contexto no qual o Sá Carneiro poderia funcionar como “uma válvula de escape“.
“Há quem diga que a solução é Beja, mas Beja, apesar de tudo é muito longe de Lisboa e não há interligações entre Beja e Lisboa. Acho que se devia olhar para o aeroporto Francisco Sá Carneiro como uma possibilidade e poder-se-ia ter entendido isso na medida em que a TAP passou a ser uma empresa nacional e que tem de defender o interesse público, no qual o esgotamento da Portela faz parte desse interesse público.
Rui Moreira recusa, ainda assim, que desta solução tripartida saia um aeroporto Francisco Sá Carneiro como “aeroporto de Lisboa”. “Se neste momento o aeroporto de Lisboa não tem capacidade para albergar aviões porque é que não procuramos que esses aviões escalem no Porto ou em Faro, mas Faro, apesar de tudo, é mais difícil porque tem menos carga própria. Temos aqui um recurso que podia ser conveniente.”
Já no que respeita à regionalização, o presidente da câmara do Porto entende que o país necessita de uma solução política e não apenas administrativa, insistindo na saída do Porto da Associação Nacional de Municípios Portugueses — uma decisão que, clarifica, “não foi nenhuma birra”, não vendo, por isso, utilidade prática para a sua inversão.
Segundo o autarca demonstrou-se “haver uma câmara que manifesta fundamentada reserva relativamente àquilo que estava em curso e que parecia satisfazer toda a gente. Acabou por alertar as consciências do Governo, com quem mantive contactos e também da própria associação.”
Mesmo assim, Rui Moreia não aponta o dedo a Luísa Salgueiro e ao seu mandato, por considerar que a autarca de Matosinhos “quando chegou à ANMP não se apercebeu da dimensão do problema com que estava confrontada”, o que entende ser uma consequência da estrutura da associação nacional de municípios.
Sobre o referendo à regionalização que nas últimas semanas foi rejeitado por Luís Montenegro, mas reafirmado por António Costa, o presidente da Câmara do Porto entende que nunca vai haver um “bom momento” para avançar com o processo e acusa os partidos de não estarem empenhados. “Até agora ainda não percebemos sequer se, em 2024, o PS vai manter a sua vontade ou não de fazer um trabalho de fundo, usando a academia.
Regionalização, para quê? Para se criarem mais tachos, taxas e taxinhas? Isso era o país todo retalhado com ladrões por todo o canto. O que precisamos é de um governo fora da capital, mais no centro do país, talvez em Leiria ou Coimbra, e um governo composto por gente dos dois principais partidos, com um PM do partido vencedor das eleições, coadjuvado com um vice PM do 2º partido mais votado. Assim é que Portugal entraria no verdadeiro estado de progresso.