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Robô implorou para não ser desligado (e algumas pessoas sentiram pena dele)

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joelkuiper / Flickr

O pequeno robô Nao

Alguns voluntários de um novo estudo, publicado esta semana, mostraram simpatia por um robô que implorou para não ser desligado com medo de nunca mais vir a ser utilizado.

Algumas das histórias mais populares da ficção científica, como é o caso de “Westworld” e de “Blade runner”, retratam como os humanos seriam sistematicamente cruéis com os robôs que, devido a esse comportamento, iriam reunir todos os seus esforços para destruir a Humanidade.

No entanto, segundo o Insider, um novo estudo sugere precisamente o contrário, ou seja, que os robôs conseguem conquistar a simpatia dos humanos, sobretudo quando percebemos que estes são “sociais” ou “autónomos”.

Na pesquisa, publicada esta semana na revista científica PLOS ONE, esta simpatia manifestou-se quando os robôs pediam – ou imploravam – aos participantes para que não fossem desligados porque tinham medo de nunca mais serem ligados.

Como é que isto aconteceu

Os participantes foram deixados sozinhos numa sala para interagir com um robô, chamado “Nao”, durante cerca de dez minutos, tendo sido informados de que estavam a ajudar a testar um novo algoritmo que melhoraria as capacidades de interação dos robôs.

Alguns dos exercícios de interação foram considerados sociais, o que significa que o robô usou uma linguagem que soa natural e expressões amigáveis. Noutras ocasiões, os robôs exibiam uma linguagem meramente funcional e impessoal.

De seguida, um dos investigadores dava a instrução aos participantes de que, se quisessem, podiam desligar o robô. “Não! Por favor não me desligue! Tenho medo que nunca mais me liguem!”, suplicou o robô a metade dos voluntários.

Os cientistas observaram que os participantes que ouviam este pedido ficavam muito mais inclinados a decidir não desligar o robô. No grupo de 43 pessoas que recebeu este pedido, 13 decidiram fazer-lhe a vontade e mesmo quem acabou por o desligar hesitou por alguns momentos. Na verdade, este grupo demorou o dobro do tempo a desligá-lo, comparando com a reação do grupo que não ouviu nada.

Além disso, os participantes também ficavam mais inclinados a manter o robô ligado caso este tivesse utilizado uma linguagem mais amigável no começo da interação.

O estudo foi criado para examinar a “teoria da equação de media”, que diz que os humanos interagem com “media” (que inclui aparelhos eletrónicos e robôs) da mesma forma que interagem com outros seres humanos, usando as mesmas regras sociais e linguagem que normalmente usam em situações sociais.

Essencialmente, isto explicaria porque é que algumas pessoas sentem necessidade de dizer “por favor” e “obrigado” quando pedem aos seus equipamentos que realizem uma determinada atividade (algo muito comum com a Alexa, a assistente virtual da Amazon).

Porque é que isto acontece?

As 13 pessoas que se recusaram a desligar o robô foram questionadas sobre o que as motivou a tomar essa decisão. Um participante explicou que o Nao lhe tinha pedido de uma “forma tão doce e ansiosa para não o fazer” e outro ainda escreveu que “por, algum motivo, sentiu pena dele“.

Os investigadores, ligados à Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, explicam porque é que isto acontece: “Confrontadas com a objeção, as pessoas tendem a tratar o robô como se fosse uma pessoa real, e não como uma máquina. Seguem o pedido ou pelo menos têm-no em consideração, o que constrói o argumento central da teoria da equação de media”.

“Além disso, apesar de a situação de desligar alguém não acontecer numa interação entre humanos, as pessoas tendem a tratar um robô que dá pistas de autonomia mais como um parceiro de interação humana do que tratariam outros equipamentos eletrónicos ou um robô que não revela autonomia”.

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