O líder do PSD, Rui Rio, rejeitou ser autoritário ou um ditador na forma como gere o partido e assegurou que vai incluir críticos nas listas de deputados, numa entrevista à TVI na segunda-feira, um dia depois de o Público ter revelado que seu vice-presidente Manuel Castro Almeida se afastou da direção do partido.
Rui Rio foi confrontado com uma notícia do Expresso, citando uma fonte anónima, que o acusava de “evitar Lisboa” e de gerir o partido de forma “unipessoal”.
Questionado sobre se é um autoritário ou ditador, o líder do PSD respondeu: “Não. E quem me conhece bem sabe exatamente que não”, afirmou, esclarecendo que quando tem uma “convicção sobre uma matéria”, aí sim, é “inabalável”, mas que esses são “casos pontuais”, noticiou o Público na segunda-feira.
O exemplo que apontou foi o da sua convicção sobre os “julgamentos populares” quando está a decorrer uma investigação criminal e se deve preservar a presunção da inocência. Rui Rio falou nesta sua posição a propósito de Álvaro Amaro, eurodeputado do PSD, que está a ser investigado por corrupção.
Segundo o Observador, ainda em relação a Álvaro Amaro, Rui Rio afirmou: “Uma coisa é ser suspeito de uma coisa relativamente pequena, outra coisa é ser suspeito de matar alguém”. Defendeu que as investigações policiais deviam ser mais discretas, impedindo julgamentos na praça pública e “pessoas a serem chacinadas por julgamentos populares”.
Assegurando que houve “posições diferentes” em torno do programa eleitoral, Rui Rio justificou alguma eventual posição não coordenada internamente com a agenda mediática que o interpela sobre matérias que não estiveram em discussão na sua direcção naquele dia, continuou o Público.
Questionado sobre se vai admitir críticos nas listas de deputados, o líder do PSD foi afirmativo: “Sim, sim”. No entanto, sublinhou não lhe ser “indiferente” a falta de lealdade seja de apoiantes seus ou não, mas rejeitou que isso signifique tenham de concordar com tudo: “Pode ser até discordar de forma leal”.
“O que não me é indiferente é não haver lealdade, pode-se até discordar de forma leal”, afirmou, apontando que, no caso de críticas feitas por fontes anónimas, consegue perceber “com facilidade” quem são.
O líder do PSD não quis esclarecer se tem intenção de se manter à frente do partido se o resultado for de 22% nas legislativas. “Vai depender de muitos fatores. O apego, meu, pessoal ao lugar, não é nenhum. É a tal vantagem de já ter 60 anos, deriva da minha obrigação de serviço público”, afirmou, garantindo não ficará por “ambição pessoal”.
Durante a entrevista, Rui Rio explicou as propostas económico-financeiras que apresentou na passada sexta-feira e como é que pretende descer impostos.
O líder do PSD sustentou que o crescimento económico previsto até 2023 vai “gerar folgas” de 15 mil milhões de euros. “Há decisões políticas que se tomam sobre estes 15 mil milhões de euros: 3,7 mil milhões de euros, são para redução de imposto, 3,6 mil milhões são para reforço do investimento público e 7 mil milhões de euros são para reforço da despesa corrente”, afirmou, demarcando-se da posição assumida pelo PS.
“O primeiro-ministro tinha dito que não reduzia impostos, agora diz que vai reduzir, e que vai repetir à solução à esquerda. Como é que ele vai fazer? É impossível”, sustentou.
Manter as 35 horas de trabalho
Depois de muitas reuniões e partilha de visões diferentes no seio do PSD, Rui Rio anunciou que vai “fazer todos os esforços” para não aumentar para 40 horas o tempo de trabalho semanal dos funcionários públicos, relatou o Observador.
O social democrata lembrou, no entanto, que se o Governo ficar nas suas mãos fará auditorias de gestão a todos os serviços onde a despesa seja mais alta para fazer o mesmo que fez na câmara do Porto: reduzir efetivos. “Uma coisa é um país, outra uma Câmara Municipal. Mas reduzimos os efetivos e os serviços até melhoraram”, constatou.
Rio Rui disse que se chegar a primeiro-ministro começa logo por “atirar” aos locais que mais pesam na despesa. E se for preciso corta mesmo nos funcionários públicos. “O primeiro-ministro diz que meteu mais não sei quantos milhares de funcionários públicos, então se meteu e os serviços estão piores é porque esse não é o problema”, disse, lembrando que lhe têm chegado vários relatos do Serviço Nacional de Saúde que mostram “uma desorganização incrível” assim como “um nível de desperdício” igualmente “incrível”.
Dois membros da direção sem apoio
A revelação do afastamento de Castro Almeida acontece no momento em que se estão a compor as listas de deputados e se avizinha um período de tensão interna. Dois dos vogais da comissão política nacional não foram indicados por nenhuma das concelhias nas respetivas distritais: António Topa (Aveiro) e Maló de Abreu (Coimbra).
Mas a proximidade com o líder do partido leva a acreditar que acabarão por fazer parte da lista final de candidatos em lugar elegível. Outros dois nomes da comissão política nacional também não foram indicados pelas respectivas distritais mas foram escolhidos por Rui Rio para cabeças de lista: André Coelho Lima (Braga) e Cláudia André (Castelo Branco).
O processo de conclusão das listas começa a aproximar-se do fim e, nesse sentido, já há reuniões agendadas entre as distritais e a direção do partido. É nesta fase que se fazem acertos entre a lista proposta pela estrutura e a vontade da direção, o que não deixa ainda perceber quais os nomes de atuais deputados podem ficar de fora e, entre eles, quais os críticos de Rui Rio se vão manter.
Em Viseu, por exemplo, ainda não é conhecido o cabeça-de-lista, mas o Público sabe que João Montenegro, ex-diretor de campanha de Santana Lopes e membro da mesa do conselho nacional, é apontado como um dos nomes da lista em lugar elegível. João Montenegro é natural do distrito, mas é possível na lista de Viana do Castelo.
Petição a favor de deputada
Em Vila Real, o nome da deputada Manuela Tender – apoiante de Rui Rio – não constou da proposta da distrital, o que levou a que fosse lançada uma petição online. No texto, dirigido a Rui Rio, os apoiantes defendem as qualidades da deputada e pedem que seja cabeça-de-lista pelo distrito. Até segunda-feira, o movimento já tinha sido subscrito por 525 nomes. O cabeça-de-lista por Vila Real ainda não é conhecido.
As listas têm de ser aprovadas em conselho nacional, o que deverá acontecer no final do mês e, para isso, Rui Rio precisa de ter uma maioria (mínimo 76 votos), o que abre caminho a uma quase repetição do que aconteceu em janeiro deste ano quando Luís Montenegro desafiou a liderança e perdeu.
No limite, se as listas fossem chumbadas, teria de se formar uma maioria para aprovar alterações. Mas isso seria uma derrota fatal para um líder, a três meses das eleições.
Ó Rio… vai-te embora! Se nem o partido consegues gerir sabe Deus o que farias no partido! Os teus vices ou são artistas ou saem pelos próprios pés. No fim… ficarás tu sozinho. Faz-te à vida!
Este gajo vai acabar com o partido,e ajudar o Costa a ganhar sem espinhas.