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Ao milímetro: Rio limita gastos nas autárquicas. Estruturas locais dizem ser “inoperacional”

Manuel de Almeida / Lusa

Todas as despesas feitas pelos candidatos autárquicos do PSD têm de ter um visto prévio da Sede Nacional, do papel dos cartazes às sondagens, passando pelos brindes. As autarquias argumentam que será “inoperacional.”

Numa altura em que já se começa a delinear as eleições autárquicas, Rui Rio apresenta regras mais apertadas para as candidaturas do partido. O líder do PSD quer um controlo financeiro das contratações, dos donativos e dos gastos. Por sua vez, as estruturas distritais e concelhias estão a reagir mal, dizendo ser “inoperacional” no terreno.

Segundo o DN, foram assinados pelo secretário-geral adjunto, Hugo Carneiro, dois despachos, datados de quarta-feira, e enviados para as estruturas locais do partido. Num são estipuladas as regras sobre a preparação financeira da campanha eleitoral para as autárquicas e noutro sobre os procedimentos para aquisição e aluguer de produtos relacionados com estas eleições.

Os dois documentos refletem a preocupação que do PSD em controlar ao milímetro os gastos da campanha eleitoral autárquica.

Desta forma, as estruturas de campanha irão funcionar com um sistema informático nas autárquicas para controlo das despesas e será exigido um “contrato formal” com todas as candidaturas, no qual se espelham os direitos e obrigações de todas as partes. Em paralelo, será também criado um sistema de gestão das eleições autárquicas, no início de março, para inserir os dados de todos os candidatos do partido.

No documento sobre preparação financeira da campanha eleitoral, o secretário-geral adjunto avisa que todos os donativos angariados pelas candidaturas, no período dos seis meses anteriores às eleições, e que terão de ter autorização prévia da Sede Nacional do PSD ou do mandatário financeiro nacional.

No segundo despacho também se torna obrigatória a aprovação prévia por parte da secretaria-geral da aquisição de bens ou serviços relacionados com aluguer de outdoors, brindes, estudos de opinião ou sondagens.

De recordar que em 2018, Rui Rio avançou com um processo em tribunal contra o candidato do PSD na Covilhã, Marco Batista, por gastos excessivos na campanha de 2017 (mais 87 mil euros do que o orçamentado).

Vários dirigentes locais contactados pelo DN admitem que haja “boa-fé” por parte da direção de Rio em “tentar controlar os gastos das campanhas eleitorais, mas dizem que regras tão apertadas são “inoperacionais”.

No entanto, há quem esteja em “sintonia” com a posição da direção nacional, como é o caso do líder da distrital de Castelo Branco, Luís Santos, até porque se confrontou com o caso dos gastos excessivos do candidato da Covilhã em 2017. “Concordo com determinado nível de restrições. Nesta situação de pandemia, os partidos devem ser exemplares nos gastos”, realça.

Em declarações ao DN, Rui Rio mostrou-se orgulhoso por ter conseguido pôr as contas do PSD em ordem. Estas novas regras para as eleições autárquicas indicam que quer manter rédea curta a futuros gastos.

O líder dos “laranjas” deu também uma entrevista ao Observador em que garante que assumirá a responsabilidade pelo resultado das autárquicas, sem apontar “um número mágico” de câmaras a vencer, e garantiu que não está “agarrado ao lugar”.

Sobre nomes concretos, o presidente do PSD não se comprometeu com nenhum, mas admitiu que o deputado e médico Ricardo Baptista Leite “encaixa bem” no perfil que se pretende para Lisboa.

Na entrevista houve ainda espaço para lançar farpas a Rui Moreira, afastando completamente a possibilidade de o PSD poder vir a apoiar a sua candidatura, até depois de ter sido noticiado pelo semanário Expresso um jantar que envolveu dirigentes sociais-democratas.

“É alguém que tem um jantar, que é privado, que o mete em público e com uma mentira com o que lá se passou, que tinha sido convidado para ser candidato pelo PSD. Não é uma pessoa confiável“, considerou.

ZAP //

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