Ventura diz que “Rio gostava era de ser líder do Partido Socialista”

rtppt / Flickr

André Ventura

O presidente do Chega considerou, esta terça-feira, “lamentável” a rejeição por parte do líder do PSD de um acordo pós-eleitoral com o Chega e acusou-o de querer “ser líder do Partido Socialista”.

“Rui Rio está a desempenhar um papel em que não acredita. Gostava era de ser líder do Partido Socialista. É o cargo com que sempre sonhou, gostava de ter e não tem. Como tal, quer fazer do seu lugar no PSD o de líder do PS. Isto é muito grave para a direita, para o PSD, para o Chega, é grave para todos“, afirmou André Ventura.

Para Ventura, a posição de Rio é “lamentável, é um desprezo ao eleitorado do Chega”. Por isso, disse esperar “que as pessoas saibam julgar no dia 30 de janeiro”.

Numa entrevista à CNN Portugal, esta terça-feira, o líder social-democrata disse que não quer “o eleitorado do Chega porque o Chega teve um vírgula poucos por cento, é uma coisa mínima”.

“Neste caso, quero é manter eleitorado do PSD no PSD e não fugir para a extrema-direita”, vincou, acrescentando que também não tem “simpatia” por Ventura.

Depois de, no último congresso do PSD, ter utilizado o lema “Portugal ao Centro”, Rui Rio voltou a afastar qualquer hipótese de acordo com o Chega, mesmo que seja a única forma de alcançar uma maioria de direita após as legislativas, recordando mesmo o seu passado antifascista para se demarcar da extrema-direita portuguesa.

André Ventura reiterou que, “se a direita aceitar reformas estruturais na área da justiça, na redução do sistema político e na fiscalidade”, está disponível “para conversar e para formar um Governo”.

“Estamos a entrar num perigosíssimo terreno de fragmentação, com a possibilidade de termos um Parlamento onde ninguém se entende após dia 30, e muito se deve a estas atitudes irresponsáveis do Dr. Rui Rio, que quer, a todo o custo, uma coligação com o PS, e como ainda ontem vimos, António Costa não quer fazer coligação com Rui Rio. É tão ridículo que se torna sofrível ver Rui Rio nesta posição“, afirmou.

“Se houver uma maioria de direita e Rui Rio continuar a recusar qualquer entendimento, só tem uma hipótese, é sair e dar o lugar a outro que possa negociar com o Chega, a IL e o CDS, e possa cumprir o que todos queremos à direita, afastar António Costa do poder. Rui Rio, pelo contrário, empenha-se em manter António Costa no poder. É com isso que quero acabar e contra isso me vou insurgir”, afirmou.

Sobre o pedido de António Costa de uma maioria absoluta, o líder do Chega disse que, no lugar do socialista, “fazia a mesma coisa”.

“Rui Rio diz ‘com o Chega não’ e as sondagens dizem que só com o Chega tem maioria. Então com o PS? Diz que não. Qual é a mensagem que está a dar? Que a única hipótese de uma maioria estável é com o PS. Porque com o PSD nunca pode ser, não dá com o Chega e com o PS. Qual é a única alternativa? É o PS”, considerou.

Ventura realçou ainda que “foi isto que conseguiu Rui Rio, colocar António Costa no centro do poder político português de maioria”.

O líder do Chega prestou estas declarações aos jornalistas no aeroporto Sá Carneiro, no Porto, onde entregou uma carta de protesto dirigida à administração da TAP contra a prioridade dada pela companhia aérea ao hub de Lisboa, em detrimento do da Invicta.

“Ao contrário do que tinha sido prometido, o plano de reestruturação nunca menciona a importância estratégica do Norte, que era uma exigência legítima que o Norte e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro tinham há muito tempo. E volta a deixar como única preocupação o Aeroporto de Lisboa e os 18 cortes nas faixas horárias no Aeroporto de Lisboa”, afirmou.

Para o líder do Chega, isso é “revelador da falta de empenho do Governo em reconhecer a importância do Norte, mas também como Bruxelas tem deixado a região Norte”, estendendo-se à “Eurorregião Galiza-Norte, como marginal”.

As críticas surgem depois de a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, ter afirmado, em entrevista ao jornal Público, que o Porto “nunca será” um segundo ‘hub’ para a companhia aérea.

O documento entregue esta terça-feira denuncia “esta falha que se vai pagar caro no futuro de deixar o Norte para trás em termos de reestruturação da TAP, mas também que é uma falácia dizer-se que este plano de reestruturação é bom para o país e não gera desemprego – é mau para o país e vai gerar desemprego e a destruição a prazo desta companhia”.

Para Ventura, dizer que este acordo “não vai ter impacto na companhia é não compreender o que está em causa”.

E detalhou: “quando se reduzem 18 horários, cerca de 5% a 7% das faixas horárias que a TAP tem, quando se reduz o investimento em companhias como a Groundforce e outras, isto vai ter um impacto a nível de recursos humanos muito significativo, e na própria dimensão da companhia”.

“Não compreendo como estamos a injetar ainda esta semana mais centenas de milhões de euros na TAP e ela servir apenas para uma região e não servir todas as outras regiões do país”, frisou.

Ventura referiu que “o Parlamento teve uma oportunidade de chamar a si o debate” e “não quis que o plano de reestruturação fosse debatido em plenário”. “Foi um erro que todos estamos a pagar caro“, considerou.

Por isso, admitindo que, “agora com o acordo assinado e aprovado em Bruxelas, será mais difícil”, deixou a promessa de levar o assunto à Assembleia da República.

“Se nos demitimos de o fazer na última legislatura, o que quero aqui garantir é o seguinte: a força que o Chega tiver na próxima legislatura, uma das primeiras iniciativas que vai fazer é chamar o responsável pelas infraestruturas e levar o plano de reestruturação da TAP novamente à discussão parlamentar, onde queremos destacar a importância que o Norte tem de ter”, concretizou.

O Chega “entende que é preciso não deixar morrer a TAP”, mas “tem de ser uma TAP para servir o país inteiro, não apenas uma região, e que seja efetivamente operacional, e não a fazer de conta que é importante”.

Ventura apontou para o caso da companhia aérea alemã Lufthansa, que “também recebeu apoios do Estado”, mas “já devolveu ao Estado” e realçou que “em nenhum momento se encontra no acordo da TAP quanto é que tem de devolver o dinheiro”, temendo que a empresa se transforme num “novo Novo Banco”.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.