Costa rejeita governar com Rio. E se perder as legislativas, é “evidente” que se demite

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Mário Cruz / Lusa

Na entrevista concedida à CNN Portugal, António Costa rejeitou uma coligação com o PSD e garantiu que se demite caso perca as eleições legislativas.

António Costa é primeiro-ministro há seis anos e quer continuar no cargo nos próximos quatro, com “metade mais um” – que é, como quem diz, maioria absoluta.

A intenção foi adiantada numa entrevista à CNN Portugal, na qual o secretário-geral do PS também admitiu que sairá se sentir que os portugueses lhe deram um “voto de desconfiança” nas eleições de 30 de janeiro.

“Se uma pessoa é primeiro-ministro durante seis anos, se durante seis anos os portugueses têm oportunidade de acompanhar e avaliar o trabalho e se, ao fim de seis anos, não dão confiança ao primeiro-ministro com uma vitória eleitoral, isso é manifestamente um voto de desconfiança dos portugueses no primeiro-ministro”, disse.

“Aí eu tenho de tirar as devidas conclusões e demitir-me. É evidente”, declarou António Costa.

Questionado sobre a probabilidade de um acordo de Governo com o PSD, Costa rejeitou liminarmente: “Não. Esse é um cenário que nunca se colocará.”

“O país não precisa de governos provisórios de dois anos, o país precisa mesmo é de estabilidade durante quatro anos. Precisa de uma solução para quatro anos”, justificou o socialista, considerando que a ideia lançada por Rui Rio se traduz numa “proposta de quem não tem experiência da ação governativa”.

Na resposta, o primeiro-ministro recuou a 2015 para sublinhar ele próprio e o então Presidente da República, Cavaco Silva, exigiram acordos escritos ao Bloco de Esquerda, PCP e PEV com “horizonte da legislatura”.

“Podiam ter corrido mal e não ter chegado ao fim. Felizmente, correram bem e chegaram até ao fim. Foram aliás das soluções interpartidárias mais estáveis que houve no país até agora. Mais estáveis do que a Aliança Democrática, mais estáveis do que qualquer uma outra e mais duradouras (durou mais ou menos seis anos). Enfim, com altos e baixos, mas durou seis anos”, detalhou.

Belém? “Nunca” vai acontecer

“Tenho a certeza que é um cargo que nunca exercerei.” Foi desta forma que o chefe do Executivo afastou o eventual cargo de Presidente da República do seu horizonte.

“Cada um deve ser aquilo onde se sente bem a ser. E a experiência também nos indica que quem gostou de ser primeiro-ministro nunca deu bom Presidente da República”, atirou Costa, num exemplo que se poderia aplicar a Cavaco Silva.

“Para quem gosta de funções executivas é difícil não estar a interferir na ação governativa. Cada um na sua função própria”, acrescentou.

Questionado sobre um cargo europeu, rejeitou especular sobre “questões que não se põem”.

“Raras vezes o comboio para duas vezes na mesma estação”, disse, referindo-se ao convite da presidente do Conselho Europeu. “Portanto, foi uma opção que fiz na altura e acho que fiz bem. Acho que teria feito mal ao país ter aceite.”

Pedro Nuno Santos ao leme do PS? “É provável”

Na mesma entrevista, António Costa admitiu a possibilidade de Pedro Nuno Santos poder vir a liderar o Partido Socialista. “Sim, é provável. Tem boa idade para, no futuro, se for essa a vontade da generalidade dos socialistas.”

Quando deixar o cargo de secretário-geral do partido, “felizmente, o PS tem muitas e muitos recursos humanos altamente qualificados e preparados para poderem exercer funções de liderança e para poderem exercer funções de primeiro-ministro”, sublinhou.

O líder socialista considerou a experiência governativa “muito importante” e afirmou não ter “a menor das dúvidas de que teria sido um primeiro-ministro completamente diferente se não tivesse sido secretário de Estado, se não tivesse sido primeiro-ministro, se não tivesse sido presidente da Câmara”.

“Chegar a primeiro-ministro sem experiência governativa é um enorme risco. Chegar a primeiro-ministro sem ter também outras experiências é um risco”, argumentou.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

9 Comments

    • Giro era ele demitir-se e depois não ser convidado para cargo nenhum!
      A propósito, o que é feito da Cristina Gatões, aquela directora geral do SEF que continuou em funções, e o Cabrita manteve silenciosamente em funções, nove meses (nove meses!!!) depois da morte do Ihor Homenyuk, e que saiu com uma justificação que nada tinha a ver com a morte?
      Vejo três hipóteses: Ou está desempregada, ou empregou-se no seguimento dum concurso onde concorreu em igualdade com outros e mostrou ter mérito próprio, ou foi nomeada/empregada pelos amigos e continua no “circuito interno”…

  1. Os idiotas do PSD ainda estendem a ão caso percam para ajudar Costa a governar. Cambada de idiotas. Mais vale se ganharem fazer coligação à direita seja com quem for, pois do PS mesmo que percam o mais certo é fazerem como em 2015 e governarem com a extrema esquerda. Não sei porque criticam se o PSD fizer um acordo com o Chega, quando eles fizeram com o PCP e o BE, que são ou eram contra a europa, contra o euro, apoiam as maiores ditaduras mundiais. Mal por mal ainda prefiro o Chega.

  2. Alguém acredita que este se demite? Ele se perder as eleições há de encontrar uma forma (uma segunda geringonça) para se manter no poder até às eleições para PR.

  3. Tudo fez para apanhar uma derrota nas próximas, se não tivesse outro lugar a espera e mais “quentinho”, de certeza que se tinha comportado de outra forma. Mas enfim …..venha mais Un, seja Ele qual for para o nosso “risonho” futuro !

  4. Já vai tarde, não deixa saudades! Estou para ver qual é o buraco financeiro que nos deixou a geringonça que só ajudou quem nada quer fazer! Está bom é para esses sanguessugas que vivem à custa de quem trabalha e é mal pago! Há quem trabalhe e ganhe o ordenado mínimo e outros que nada fazem e ganham o mesmo ou mais!

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