Num almoço-debate da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Rui Rio afastou a hipótese de uma geringonça à direita, denunciou um poder político fraco e criticou a atuação do Banco de Portugal.
“À direita, nunca pode haver uma geringonça em que eu seja o líder, porque à direita tem de ser uma ligação consistente e com sentido”, disse o líder do PSD, num almoço-debate realizado pela Câmara de Comércio e Indústria, em Lisboa. Rio disse que apenas com “sentido estratégico” é que juntaria 116 deputados.
Ainda nesta vertente, Rui Rio criticou a geringonça formada nas últimas legislativas. “Uma geringonça é algo mal amanhado que, no caso da esquerda, foi concertado apenas para haver uma maioria parlamentar e que não tinha um programa estratégico“, disse, citado pelo Correio da Manhã.
Com Paulo Portas na audiência, como vice-presidente da organização, o social-democrata deixou duras críticas à atuação do Banco de Portugal nos últimos anos. “Nenhum português pode ver a atuação do Banco de Portugal com bons olhos. Se tivesse estado mais atento, se tivesse sido mais independente, não tínhamos chegado à situação a que chegámos”, atirou.
Rui Rio relembrou que no caso do Banco Espírito Santo, Cavaco Silva, o então presidente da República, até foi levado a dizer que estava tudo bem com o banco, mas pouco tempo depois viria a colapsar. “Afirmações feitas sobre o GES e o BES demonstram que o Banco de Portugal não estava bem ciente do problema, quando diz que o GES estava mal e o BES estava bem”, explicou, citado pela Rádio Renascença.
Para o líder social-democrata, o supervisor tinha de ter mais prudência, caso contrário acabaria por enganar as pessoas, “como enganou muitas, que perderam ainda mais dinheiro”. Por essa razão, Rio admite um olhar “muito, muito crítico” sobre a atuação de várias administrações.
Rio apenas dá um desconto ao Banco de Portugal: “a crise económica e financeira”, que evidentemente acelerou os problemas na banca, limitando a ação do supervisor.
Em relação às eleições legislativas que se aproxima, o líder do Partido Social Democrata, segundo o Expresso, reiterou que, seja no poder ou na oposição, fará os possíveis para impor quatro grandes reformas estruturais: descentralização, Segurança Social, justiça e sistema político.
E explicou a sua visão: “O país tem estrangulamentos estruturais. Ou nos libertamos desses estrangulamentos ou a maioria terá de ser ainda mais alargada para se libertar desse estrangulamento. O poder político já é tão fraco que os poderes fáticos já têm mais poder do que o poder político”.
O debate também foi aproveitado para deixar algumas críticas ao PS, nomeadamente no modelo económico seguido. O Governo de Costa foi acusado de “distribuir o que há e não aplicar nada para preparar o futuro”.
A saúde também veio à baila, com Rio a culpar o PS do estado do SNS. “O PS enche a boca a dizer que criou o SNS, mas o primeiro a não cumpri-lo é o PS. O PS pegou no SNS e pô-lo num caos completo”, explicou.