O presidente do PSD, Rui Rio, acusou hoje o Partido Socialista de “baixar um bocado o nível” da campanha eleitoral pelas vozes de Carlos César e Santos Silva, e salientou que não está disponível para “dançar esse tango”.
“Para dançar o tango são precisos dois e, portanto, para a tensão crescer também são precisos dois, e aqui vejo mais um, o outro não está a dançar tanto o tango, que é o meu caso. Eu não estou muito disponível para entrar nessa escalada, como se nota no Partido Socialista através de intervenções, por exemplo, do ministro Augusto Santos Silva agora, do presidente do PS, Carlos César, ontem”, afirmou o líder social-democrata em declarações aos jornalistas durante uma ação de contacto com a população em Buarcos, concelho da Figueira da Foz e distrito de Coimbra.
Considerando que “há aqui um crescendo de tensão”, Rio anunciou que se vai manter “rigorosamente na mesma”, porque até agora “tem dado resultado”, uma vez que antecipa “disputar as eleições taco a taco com o dr. António Costa”, apesar dos “muitos obstáculos internos e externos”.
“O PS pede muito que o PSD os poupe relativamente a Tancos e nem sequer fale nisso, e depois são eles próprios que vêm com Tancos para a agenda do dia, isso significa que há ali um desnorte no Partido Socialista mas que eu me mantenho naturalmente no meu rumo”, acrescentou.
Assim, o líder do PSD rejeitou “berrar mais alto” ou porque os eleitores que ainda não decidiram o sentido de voto “não vão decidir o voto por quem berra mais alto” ou pelo partido que “inventa mais casos na campanha”.
“Não tenho casos nenhuns para inventar”, garantiu, assinalando que comentou este assunto porque era essa a sua obrigação enquanto oposição.
O ministro socialista Augusto Santos Silva, que é também cabeça de lista socialista no círculo eleitoral Fora da Europa, advertiu hoje para os riscos de “um poder desmedido” de algum dos parceiros à esquerda do PS e acusou PSD e CDS-PP de “trazerem as instituições da República para a lama”.
Já no sábado à noite, em Guimarães, Carlos César atacou o líder social-democrata a propósito do caso de Tancos, dizendo que pretende sentenciar quem ainda não foi julgado, como o ex-ministro Azeredo Lopes, e que calunia quem nem sequer é suspeito.
Ao início da tarde, Rui Rio escreveu na rede social ‘Twitter’ que “Santos Silva regressou ao seu estilo mais trauliteiro, ao jeito de “gosto de malhar na direita” e que, sem contar “com a questão da proliferação dos próprios familiares em cargos públicos“, o ministro “baixou para o nível de Carlos César”.
Aos jornalistas, o presidente do PSD apontou que a postura do governante “não tem resposta possível”, uma vez que “são coisas atabalhoadas” e classificou as suas palavras como “um disparate sem grande conteúdo”.
“Não atirei com instituições para a lama nenhuma, eles é como digo, baixaram um bocado o nível e o dr. Augusto Santos Silva voltou aquilo que era antigamente, quando era membro do governo do engenheiro Sócrates e dizia que gostava muito de malhar na direita”, salientou Rui Rio.
O presidente do PSD disse ainda ter consciência de que à medida que o tempo avança “é mais difícil conseguir colocar temas mais profundos na campanha eleitoral”, mas insistiu que “também não é preciso baixar o nível tanto quanto aquilo que o PS está a tentar fazer”.
“Portanto, mantenho-me ao meio, mantenho-me ao centro, no equilíbrio. Tenho consciência que não tenho agora, nesta semana, possibilidade de ter grandes debates com grande profundidade, mas isso não significa que eu tenha de cair no extremo contrário como o PS está a cair”, assinalou.
Na ótica de Rui Rio, “O dr. António Costa também ensaiou isso, poupou-se agora, mandou para a frente de batalha o dr. Augusto Santos Silva e o Carlos César”.
“Eu penso que por uma questão de estilo, são dois elementos que estão sempre disponíveis para baixar o nível. Terão outros elementos no PS que não estão disponíveis para isso, eu penso que é essa a escolha, mas isso já é uma questão estratégica do PS que eu só estou a adivinhar”, vincou.
Rio elogia Ministério Público
A cabeça de lista por Coimbra, Mónica Quintela, e porta-voz do partido para os assuntos de justiça questionou Rui Rio se compreendia que “determinada instituição” tinha razões para estar em desagrado com um Governo “que a tratou tão bem”, depois de o Expresso ter noticiado que o PS acredita numa conspiração política do Ministério Público sobre o caso de Tancos.
“O PS deu tudo o que havia para dar ao Ministério Público (…) Deu-lhes um aumento muito desigual relativamente às outras classes profissionais”, afirmou, comparando com salários como os dos generais das Forças Armadas ou os professores catedráticos.
Admitindo que até poderá ser mal interpretado – “vão dizer, agora agradou-te” -, Rui Rio concretizou.
“O Ministério Público só tinha de estar contente com o PS, o tal elogio é por isto: apesar de o Governo ter feito tudo aquilo que eles queriam, eles não deixaram de cumprir a sua obrigação. E eu, se sou tão critico em muitas coisas, também tenho de ser justo e aqui elogiar: tem a ver com o PS no Governo ter dado tudo e ainda assim houve a independência necessária para fazer isso”, afirmou.
Rio voltou a defender que, no caso Tancos, não compreende como o Ministério Público poderia ter feito outra coisa: “Houve efetivamente um roubo, a partir desse momento, o Ministério Público tinha de abrir um inquérito, fazer a investigação e tinha prazos a cumprir, se a acusação não saísse quem estava preso tinha de ser solto”.
À saída da sessão, Rio recusou comentar as críticas que lhe foram dirigidas pelo líder do PS, António Costa, em entrevista à RTP, mas recusou ter posto a palavra do primeiro-ministro em causa.
“Onde é que pus a sua palavra em causa? eu só pus a pergunta se sabe ou não sabe [do encobrimento do aparecimento das armas de Tancos]”, afirmou.
Rio disse também ainda não ter lido o artigo publicado no Expresso pelo antigo primeiro-ministro José Sócrates e no qual considera que a apresentação da acusação judicial sobre o caso de Tancos a meio da campanha eleitoral tem “evidente e ilegítima motivação política”.
“Não vi, de qualquer forma não tirei nenhuma conclusão de ordem judicial, limitei-me a colocar questões de ordem política e essas são a minha obrigação”, considerou.
Durante a ‘talk’ de Coimbra, e respondendo a uma pergunta sobre qual a principal razão que daria aos portugueses para votarem no PSD, Rio voltou a eleger a coragem de “ser forte com os fortes”.
“Para ter essa coragem é preciso ter desprendimento relativamente ao poder e isso não tenham dúvida que eu tenho. Eu não estou aqui por mim, estou aqui a prestar um serviço, isto é duro, isto é pesado, é mais cómodo estar em casa, e até se calhar ter um salário melhor, é mais cómodo”, enfatizou.
// Lusa
Este animal tem uma lata…
Primeiro faz insinuações sobre o primeiro ministros, puramente com objectivos politicos e de retirar vantagem na corrida eleitoral lançando a suspeita em praça publica. E depois vem dizer que os outros é que baixam o nivel????
Eu não voto nem em PS nem em PSD mas este senhor desceu MUITO na minha consideração!
Acho que máquina do PSD está a estragar o Rui Rio!…