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Revolucionário “médico IA” prevê risco de morte com uma eficácia de 85%

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Com previsões mais eficazes do que uma equipa de médicos, um “Sr. doutor” de inteligência artificial pode ser uma nova forma tecnológica de apoio médico.

Modelos de IA têm sido treinados e ‘bombardeados’ com informação médica — tais como scans e resultados de testes — por vários investigadores mundiais para prever, nomeadamente, o risco de doenças dos pacientes.

Agora, um novo estudo quis estender esse treino até à previsão de um destino incontornável — a morte.

Investigadores da Universidade de Nova Iorque construíram um modelo de linguagem chamado NYUTron — o mesmo modelo que potencia o ChatGPT, da OpenAI, e o Bard, da Google.

Depois, alimentaram-no com milhões de notas médicas relativas a mais de 380 mil pacientes, desde relatórios de progresso a observações e resultados, escritas pelos médicos humanos nas fichas dos pacientes.

No final, o NYUTron ficou de barriga cheia — a sua informação total continha mais de quatro mil milhões de palavras.

Depois de fazer a digestão, os investigadores pediram ao NYUTron para fazer cinco diferentes previsões sobre um paciente: a duração da sua estadia no hospital, o risco de ser readmitido no espaço de 30 dias após ter alta, o risco de morte no hospital, o risco de desenvolver uma nova condição relacionada com a atual e, ainda, o risco de o seu pedido de seguro de saúde ser negado.

Comparados os seus resultados aos de fórmulas tradicionais de cálculo destes fatores, o NYUTron venceu nos cinco campos, segundo o Free Think.

A inteligência artificial foi capaz de identificar corretamente 85% dos pacientes que morreriam no hospital, 80% dos que foram readmitidos e, em 79% dos casos, a duração da sua estadia no hospital, face aos 78%, 75% e 68% de eficácia, respetivamente, dos modelos usados atualmente.

Na tentativa de prever a probabilidade de readmissão de 20 pacientes com base nas suas notas de alta médica, seis experientes médicos — com uma eficácia de previsão média de 62,8% —  foram também derrotados pela IA, que previu corretamente 77,8% dos casos.

O novo “sr. Doutor” só foi derrotado uma vez por um médico sénior incógnito, “que na verdade é um médico muito famoso”, disse o neurocirurgião e autor do estudo publicado na Nature, Eric K. Oermann. Este médico ficou em primeiro lugar na avaliação do risco de readmissão.

O NYUTron já está a ser integrado em hospitais nova-iorquinos, mas os investigadores alertam que são necessárias mais comparações com os métodos tradicionais para confirmar a utilidade da ferramenta inteligente.

Avisam, também, que o NYUTron e outras inteligências artificiais devem ser vistas como uma ferramenta útil de apoio e não como um substituto dos médicos, reconhecendo que a ferramenta pode falhar em alguns pontos.

“Estes resultados demonstram que modelos com vasta linguagem tornam o desenvolvimento de ‘hospitais inteligentes’ não só uma possibilidade, mas uma realidade”, afirma Oermann.

Tomás Guimarães, ZAP //

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