Revolta em Luanda: “Mataram o Zedú! João Lourenço, assassino!”

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Pedro Parente / Lusa

O ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos

Vendedoras no bairro do Sambizanga saíram à rua para lamentar a morte do ex-Presidente angolano e gritar contra João Lourenço, o seu sucessor.

Os manifestantes atiraram pedras e garrafas ao outdoors de João Lourenço, em Luanda, que apelava à “paz e desenvolvimento”, com vista às eleições angolanas de 24 de agosto, de acordo com o Público.

Centenas de pessoas juntaram-se para lamentar a morte de José Eduardo dos Santos, esta sexta-feira, aos 79 anos, no bairro do Sambizanga, capital de Angola.

Vendedoras de rua juntamente com outras pessoas que iam aparecendo fizeram uma manifestação ruidosa de lamento pela morte de José Eduardo dos Santos (J.E.S.).

A revolta transformou-se rapidamente num coro de indignação contra o atual chefe de Estado e alegações de que J.E.S. tinha sido assassinado, como insinuou uma das suas filhas, a ex-deputada Tchizé dos Santos.

“Mataram o Zédu!”, “João Lourenço, fora!” e “João Lourenço, assassino!” são algumas das palavras ouvidas no vídeo que a própria Tchizé dos Santos partilhou nas suas redes sociais — um deles com a legenda: “Mataram o nosso pai“.

Segundo noticiou o Novo Jornal, junto ao mercado de São Paulo, a circulação automóvel chegou a estar interrompida nos dois sentidos, sem que os agentes da polícia conseguissem ultrapassar o condicionamento da manifestação.

“Pensávamos que J.E.S. seria o cúmulo de tudo, mas agora nós temos uma pessoa que conseguiu salvar a pele do próprio J.E.S.. A raiva, o ódio que nós tínhamos por ele, sobretudo nos anos de 2015, 2016, a governação de João Lourenço praticamente esvaziou”, referiu à Lusa o ativista Hitler Samusuku, um dos 17 presos em 2015, por lerem e estudarem um livro.

O ex-Presidente “precisou de 38 anos” no poder “para ser o que foi”, enquanto João Lourenço, “em apenas cinco anos, mostrou ser pior“, acrescenta.

“Com ele, o saco de arroz era 2500 kwanzas, com 10 mil kwanzas comprava-se comida para 15 dias”, admitiu uma das vendedoras de rua, Margarida Fernando.

“Ele cometeu erros, sim, mas os erros são humanos e, para mim, os erros dele estão todos perdoados”, garantiu, em lágrimas.

João Lourenço decretou inicialmente cinco dias de luto nacional, aumentando depois para sete dias. Apelou à serenidade de todos e enviou a mensagem a Tchizé dos Santos e à sua irmã mais velha, a empresária Isabel dos Santos, sem as citar pelo nome, de que nada têm a temer se viajarem até Luanda para o funeral.

“Se tivermos em conta as atuais circunstâncias, por maioria de razão, não vemos porque a família que está lá fora não possa acompanhar o seu ente querido”, afirmou o Presidente, citado pela agência de notícias angolana Angop.

“Nós estamos a contar com a presença de todos sem exceção de ninguém”, acrescentou Lourenço à saída de uma reunião de emergência do partido que lidera e que dirige o país desde 1975, o MPLA.

Tchizé dos Santos, no entanto, tem alimentado a teoria do envenenamento do pai, dizendo que não deixa que os restos mortais sejam enviados para Angola.

Segundo afirmou esta sexta-feira, em comunicado, Tchizé dos Santos quer que “o corpo do ex-Presidente seja preservado e não entregue antes da realização de uma autópsia” às autoridades angolanas.

Alice Carqueja, ZAP //

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11 Comments

  1. Que anedota de “notícia”, vê-se logo que foi “encomendada” todos sabem por quem (é só ver quem patrocina este jornal).
    Alguém no seu devido juízo iria queixar-se pelo maior ladrão do sec XXI ter morrido?? Devolvam mas é todo o dinheiro que essa família açambarcou durante os 40 anos de reinado ao povo que mais sofre!! É esta a sina do comunismo soviético, gamar para as elites e dar em igualdade ao povo, dar aproximadamente zero a todos hihi. Tristeza de notícia.

    • Cara leitora,
      Em primeiro lugar, ninguém encomenda notícias ao ZAP.
      Em segundo lugar, quer especificar quem é que “patrocina este jornal”?

      • Peço desculpa pelo texto. No passado creio que a Isabel dos Santos tinha alguma influência nos media, incluindo em Portugal. Mas parece que as suas participações “invisíveis” em diversos meios de comunicação social foram descartadas após arrestamento judicial de bens que ocorreu há uns anos atrás. Sendo assim peço desculpa pela ofensa à agência ZAP.
        De qualquer modo, é de estranhar que tenha havido parcialidade na cobertura deste evento em Angola.
        Fazem cobertura mediática acerca de um conjunto relativamente pequeno de pessoas que apoiam a família dos Santos (e não gostam dos processos judiciais que estão pendentes sobre os vários intervenientes principais dessa família), mas não fazem cobertura de manifestações de opinião de uma fatia grande da população angolana que se sente injustiçada pela governação do seu antigo presidente.

    • Permita- me que lhe conteste à sua resposta: parece-me bastante injusto a acusação ao zap, visto que se pode constatar em várias notícias dos mais variados temas e em comentários, muitos deles a roçar o insulto, a insensibilidade, racismo e mil e um mais alarvidades(assim como a sua), dão o tempo te antena a cada um como em qualquer estado de direito. Por outro lado, concordo consigo quando diz que é encomendado, não por um jornal português, obviamente, mas por exemplo pelas filhas. Parece-me completamente descabido um manifestação a favor de uma pessoa que roubou durante 40 anos um povo em um país rico em recursos.Quando foi internado, as suas filhas lançaram rápidamente a suspeita de assassinato, assim que parece bem provável terem pago para esta manifestação

  2. Realmente cada povo tem o que merece!
    Agora, lamentar a morte de um ditador, de um ladrão, de um crápula, só mesmo a família. Façam festas e toquem batuques nas sanzalas!
    Mas… tristeza minha, basta olhar para o Brasil para ver que não aprendem!
    Só mesmo a morte é democrática!

  3. Como é possível que uma maluca, filha deste homem que mais roubou aos angolanos, faça aquela figurinha de parva a tentar condicionar os pobres espoliados e ignorantes uma vez que é com a ignorância do povinho, que os ladrões vivem e enriquecem.

  4. A maluca da filha anda a provocar o povo a ficar contra o Lourenço. Quer outra guerra civil. Que espere pelos resultados legais das acusações dela em vez de estar a provocar o povo.

  5. Eu a pensar que era porque o “Zedu” (mesmo morto) continua a dar prejuízo a Angola, mas não,,,
    Angola ainda vive numa realidade paralela…

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