Uma equipa de cientistas belgas e norte-americanos radiografou a pintura A Adoração do Cordeiro Místico para descobrir como era a obra de arte flamenga, pintada pelos irmãos Hubert e Jan Van Eyck, quando foi concluída, em 1432.
A análise revelou as alterações que a obra sofreu até à sua restauração em 2019, que deu um toque mais “humano” à cabeça do cordeiro, uma figura central no retábulo da Catedral de Saint Bavo, na cidade belga de Ghent.
De acordo com o Russia Today, os especialistas encontraram evidências, na década de 1950, de que os artistas haviam pintado previamente partes do corpo e da cabeça do animal. No entanto, naquela época, a tecnologia não conseguiu identificar a importância dessas transformações.
Através de raios-X e luz infravermelha, os cientistas analisaram as camadas por trás da tinta e determinaram três versões diferentes deste trabalho: a versão original, dos irmãos Van Eyck; uma segunda com pernas traseiras maiores e mais quadradas; e uma terceira do século XVI.
A última intervenção foi a mais significativa, já que causou grandes mudanças na cabeça do cordeiro, segundo o estudo publicado no dia 29 de julho na Science Advances. Inicialmente, o animal apresentava narinas mais pequenas e em forma de ‘V’, que eram mais “altas” do que as da versão do século XVI.
A luz infravermelha também revelou linhas preparatórias escuras que definem o nariz, mostrando que os lábios eram originalmente maiores e muito parecidos com os lábios humanos. Por sua vez, as orelhas foram colocadas um pouco abaixo das do cordeiro do século XVI.
Todas estas características indicam que, em comparação com o rosto do restauro do século XVI, o “cordeiro Eyck” tinha “uma cabeça mais pequena com uma expressão distinta”, explicou Geert Van der Snickt, professor do Departamento de Conservação e Restauração da Universidade de Antuérpia, na Bélgica.