António Cotrim / LUSA

Alexandra Leitão lidera comitiva do PS na reunião do OE 2025
Representantes dos partidos com assento parlamentar (só os da oposição) reuniram-se com ministros por causa do Orçamento do Estado.
O Governo reuniu-se na sexta-feira com todos os partidos da oposição com assento parlamentar – PSD e CDS-PP cancelaram a participação nesta primeira ronda – sobre o Orçamento do Estado para 2025.
Estava inicialmente previsto que o primeiro-ministro marcasse presença nestas reuniões. No entanto, por razões de saúde, Luís Montenegro cancelou a presença em todos os eventos políticos até domingo.
No seu lugar, estiveram o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, elogiou a “forma positiva” e “postura cordial” dos partidos com assento parlamentar nas reuniões sobre o Orçamento de Estado para 2025, apesar de não ter estado presente por motivos de saúde.
“Acompanhei de perto o seu desenrolar [das reuniões]. Registo de uma forma muito positiva a postura cordial e construtiva de todos os partidos”, escreveu o chefe do Governo na sua conta oficial no X.
A finalizar, Montenegro remeteu para setembro continuar o “diálogo franco, aberto e focado no interesse nacional” com os partidos com assento parlamentar.
Pedro Nuno Santos não foi. Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, representou os socialistas e disse que as negociações orçamentais com o Governo vão continuar, considerando que nesta altura deve haver reserva sobre os temas abordados, mas que todos estão “com abertura negocial, empenhados e de boa-fé”. “Não temos razões para estar pessimistas”, afirmou.
André Ventura disse que o Chega está com seriedade nas negociações do próximo Orçamento do Estado e elogiou a postura dos ministros: “A atitude do Governo pareceu-nos honestamente positiva, a nossa atitude foi positiva”. Mas avisou que o Governo “não pode querer estar a jogar nos dois tabuleiros“, referindo-se a uma eventual aproximação ao PS.
Rui Rocha não adiantou o sentido de voto do Iniciativa Liberal, mas comentou que está preocupado com a “discriminação” de quem tem mais de 35 anos (no IRS). E não viu “grande abertura” por parte do Governo para arranjar soluções.
O Bloco de Esquerda vê um Governo “dentro do seu afunilamento ideológico”. Mariana Mortágua afirmou que o ministro Joaquim Miranda Sarmento “deixou bem claro que a primeira prioridade do Governo é não desvirtuar o programa eleitoral”. As principais escolhas fiscais, económicas, políticas para o país “estão feitas e depois haverá uma pequena margem para os partidos poderem dizer se concordam ou não”.
Paulo Raimundo mantém a postura: o Partido Comunista Português está contra o documento do Governo, que lhe transmitiu “de forma clara e frontal” que o programa da AD vai ser a base do Orçamento do Estado. “Ficou claro, com uma clareza frontal e sem meias conversas, que os pressupostos do Governo são muito distantes dos nossos”. O partido ainda espera pelo documento oficial, mas “em nenhuma expectativa. Depois desta reunião, sem nenhuma expectativa“, reforçou.
O Livre tem intenções de apresentar uma contraproposta orçamental. Rui Tavares apelou a uma maior abertura por parte do Governo: “Vale a pena que o Governo seja iluminado pela realidade prática das coisas e que perceba que vai ter que discutir o orçamento com muito mais abertura no Parlamento do que aquilo que está, pelo menos neste momento, a anunciar”.
Inês Sousa Real, a primeira a ser recebida na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, admitiu visões diferentes e divergências “pontuais” entre PAN e Governo, mas o seu partido está “disponível para não deitar a toalha ao chão”. O PAN tem medidas que são “indispensáveis” e “há linhas vermelhas que não devem ser ultrapassadas”.
ZAP // Lusa