O aterro do Zambujal, em Sesimbra, à beira do Parque Natural da Arrábida, tem milhares de toneladas de resíduos perigosos a arder desde 2019.
Um estudo encomendado pelo Governo encontrou pelo menos 600 mil toneladas de resíduos, sendo que uma grande maioria foi lá depositada à margem da lei e 30% são considerados perigosos.
“Mais de 90% dos resíduos foram inadequadamente depositados” num aterro apenas autorizado para resíduos inertes e “cerca de 30% são resíduos perigosos”, conclui o relatório encomendado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.
As amostras retiradas para análise revelam um odor intenso a hidrocarbonetos, solventes, plástico e borracha queimada. No subsolo, há ainda peças metálicas e de automóveis, resíduos negros e espumas, revela a investigação TVI/CNN Portugal.
“Os parâmetros que atribuem perigosidade aos resíduos são crómio, cobre, chumbo, manganês, zinco e hidrocarbonetos de petróleo”, lê-se no relatório do estudo.
O aterro do Zambujal recebeu entre 592 mil a 740 mil toneladas de resíduos entre 2011 e 2019, muito acima do que tinha sido formalmente declarado pela empresa exploradora do espaço.
Os habitantes locais falam de um odor intenso que entras pelas casas e fica entranhado nas roupas. “Se ficares muito tempo no mesmo sítio, começa a arder-te os olhos”, diz um residente.
“Os vapores da combustão, apesar de se tornarem inócuos por dispersão a uma distância das ‘chaminés’ relativamente curta (2 a 5 metros), provocam odores e reações de desagrado generalizado na envolvente do aterro”, lê-se no relatório.
A solução para resolver a questão dos resíduos que ardem há cerca de quatro anos — e que cumpre totalmente a lei — seria retirar tudo para outro local. No entanto, esta opção custaria 80 milhões de euros.
A alternativa proposta pelo estudo e aceite pelo Governo envolve o confinamento dos resíduos, sem que estes sejam retirados do aterro, através de barreiras físicas enterradas. Esta solução tem um custo previsto de 2,5 milhões de euros.